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Com investimento na Conexa, Vivo aposta em telemedicina

Startup que já presta serviços para operadoras de saúde quer avançar em direção ao cliente final

Telemedicina: plataforma da Conexa começou com operadoras de saúde e agora expande alcance para chegar ao consumidor final (BSIP/Universal Images Group/Getty Images/Bloomberg)
Telemedicina: plataforma da Conexa começou com operadoras de saúde e agora expande alcance para chegar ao consumidor final (BSIP/Universal Images Group/Getty Images/Bloomberg)
Karina Souza

Karina Souza

10 de janeiro de 2024 às 12:18

Uma das maiores plataformas de telemedicina no país, a Conexa quer se tornar um ecossistema de serviços de saúde. Fundada há seis anos, a empresa tem uma trajetória consolidada na prestação de serviços para seguradoras e planos de saúde e, agora, quer fortalecer sua atuação direto ao consumidor final por meio de um aporte de R$ 25 milhões da Vivo Ventures. 

A startup vai desenvolver um “Vale saúde”, produto comercializado no aplicativo da operadora de telecom à sua base de usuários, e que visa ser uma alternativa para quem não tem plano de saúde conseguir utilizar serviços particulares, tanto online quanto offline. 

A estratégia guarda semelhanças com o que a Amazon fez recentemente nos Estados Unidos. A gigante do e-commerce norte-americano comprou a empresa de serviços de saúde One Medical por US$ 3,4 bilhões em 2022 e, desde então, passou a oferecer um portfólio de saúde para assinantes Prime. Hoje, conta com 836 mil assinantes. 

É a primeira oferta desse tipo na Conexa e a segunda no mercado conhecido como B2B2C – de parcerias com empresas que vendem o produto direto o consumidor final. Em 2022, a startup firmou contrato com o Banco Inter e, no marketplace da instituição financeira, oferece um produto chamado “Doutor Inter”, que dá direito a consultas médicas 100% digitais. 

Para o futuro, a startup vê a oportunidade de criar produtos para os colaboradores da Vivo (são 33 mil funcionários diretos) e, por fim, explorar uma frente B2B. “A Vivo tem interação com um volume enorme de empresas, por meio das quais também podemos distribuir nossos serviços”, diz Guilherme Weigert, CEO e cofundador da Conexa.

A empresa já teve uma vertical B2C, a Docpass, que fornecia consultas on-line para pacientes em mais de 30 especialidades — porém, o serviço foi descontinuado depois de testes que ocorreram entre 2021 e 2022. Agora, a startup segue em uma nova empreitada rumo ao consumidor final, mas usando o relacionamento com as empresas como uma ponte para isso. “O que percebemos é que conseguiríamos distribuir o produto melhor dessa forma”, diz Weigert. 

Com um faturamento de R$ 420 milhões por ano, a Conexa ganha dinheiro por meio de duas divisões: 60% da receita vem da vertical de atendimento a operadoras, em que os planos de saúde usam a plataforma da startup para prestar serviços de consultas on-line. 

Os demais 40% vêm da vertical de atendimento a empresas, que funciona como um benefício de saúde (cuja aplicação, na prática, lembra a dinâmica do Gympass): os RHs apontam quais são as necessidades e os colaboradores têm direito a uma quantidade de consultas on-line com um corpo clínico afiliado à Conexa. 

“Considerando que o mercado de B2B2C ainda é muito amplo, a gente vê que essa divisão deve representar 20% da receita ao longo dos próximos anos”, diz Weigert.

Com uma ampla gama de dados de pacientes, operadoras e empresas, a Conexa quer avançar na cadeia e, além da digitalização da relação entre médico e paciente, quer mostrar que é capaz de fazer com que operadoras e empresas economizem dinheiro eliminando ineficiências.

“O momento atual é de estrangulação. A operadora está pressionada, o prestador está pressionado e as empresas estão pressionadas com o custo de serviços de saúde. O que a gente vai fazer é mirar em dados para eliminar ineficiências dentro dessa cadeia”, diz Weigert.

Um avanço nessa jornada veio com a fusão com a Zenklub, plataforma de saúde mental que realiza um milhão de consultas por ano — e que tem empresas, que oferecem o serviço aos seus colaboradores, como principais clientes. Hoje, são cerca de 500 companhias atendidas. 

A transação envolveu troca de ações: os acionistas da Zenklub – que incluem a GK Partners, de Eduardo Mufarej (ex-Tarpon) e principalmente a Kamaroopin, gestora de Pedro Faria adquirida pelo Pátria – se tornaram investidores da Conexa.

É a lógica de “mente sã, corpo são”: a meta é trazer uma percepção mais clara a respeito dos colaboradores, de olho em aliar desempenho à saúde. “Hoje, o absenteísmo no trabalho por questões de saúde mental cresce 30% ao ano”, diz Rui Brandão, CEO e cofundador do Zenklub. 

“Hoje já sabemos que pacientes com alta recorrência no pronto-socorro têm, frequentemente, alguma questão de saúde mental. Mapear quem são essas pessoas pode ajudar planos de saúde e empresas a definir estratégias de prevenção”, diz Weigert. 

A previsão da empresa é investir R$ 40 milhões nos próximos quatro anos para fazer a integração de dados e dar um upgrade nos sistemas. A Conexa ainda não atingiu o breakeven, mas tem R$ 200 milhões em caixa, resultado de uma série de aportes realizados até aqui. O mais recente veio em junho de 2022, quando o Goldman Sachs e a General Atlantic injetaram R$ 200 milhões no caixa da empresa. 

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.