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Brex sente o inverno das startups e demite 20%

Unicórnio fundado por brasileiros perde velocidade de crescimento e vem queimando caixa, aponta o The Information

Brex: Pedro Franceschi e Henrique Dubugras viram a startup "crescer rápido demais"  (Brex/Divulgação)
Brex: Pedro Franceschi e Henrique Dubugras viram a startup "crescer rápido demais" (Brex/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

23 de janeiro de 2024 às 19:23

A quebra do Silicon Valley Bank (SVB) no começo do ano passado trouxe uma grande leva de clientes para Brex , fintech fundada por brasileiros que se especializou em cartões de créditos corporativos e gestão de caixa de startups nos Estados Unidos. Mas o inverno do venture capital em meio à disparada dos juros globais chegou na companhia, cuja receita está vem crescendo num ritmo bem menor desde o segundo trimestre de 2023.

Com uma queima de caixa de US$ 17 milhões mensais no quarto trimestre do ano passado, a startup — avaliada em US$ 12 bilhões na sua última rodada em 2021 — acaba de demitir 282 funcionários, ou um quinto da sua força de trabalho, segundo o site The Information.

“Crescemos nossa empresa muito rapidamente, tornando difícil crescer na mesma velocidade de antes”, disse em um e-mail enviado aos funcionários o fundador Pedro Fransceschi, fundador da companhia ao lado de Henrique Dubugras. Com a valorização da Brex, eles se tornaram os bilionários mais jovens do Brasil.

Além dos cortes, a empresa vai mudar a estrutura de liderança e o seu modelo operacional, de acordo com um comunicado desta terça-feira, 23, a que a Bloomberg teve acesso.

“Este ano, decidimos analisar com atenção a nossa estrutura atual e reduzir o número de camadas entre os líderes e o trabalho real que afeta os clientes”, diz Franceschi. “Isso resultou na difícil decisão de hoje.”

O diretor de operações, Michael Tannenbaum, passará para o conselho da empresa, e o diretor de tecnologia, Cosmin Nicolaescu, assumirá a função de consultor.

No quarto trimestre de 2023, a receita anualizada da Brex estava em US$ 279 milhões, alta de 32% na comparação com o mesmo período do ano anterior. Mas a maior parte desse crescimento veio do primeiro trimestre. O indicador girou em torno dos mesmos níveis no segundo, terceiro e quarto trimestres, segundo fontes do The Information. Os números foram passados aos funcionários pelo CFO Ben Gammell numa reunião presencial no começo do mês.

No mesmo encontro, ele disse que a companhia tinha caixa suficiente para os próximos dois anos — prazo que deve ter sido estendido com o layoff de hoje.

Com startups no mundo todo sendo obrigadas a encolher seus negócios e sofrendo para levantar dinheiro novo, a Brex vem tentando diversificar seu negócio para um software de gestão de despesas, mas ele ainda representa uma fatia pequena da receita.

A Brex está tentando diversificar seus negócios em software de gestão de despesas, mas essa atividade ainda representa uma fatia pequena da receita total. 

Há cerca de um ano, a Brex demitiu 11% do seu pessoal. Mas foi insuficiente. As despesas continuaram a crescer. No e-mail para a equipe, Franceschi diz que “ainda temos um longo caminho a percorrer para garantir crescimento e lucratividade em alta velocidade nos próximos anos”.   

No ano passado, os executivos tinham como meta fazer o IPO da Brex até 2025, de acordo com o The Information. Dubugras disse, em novembro, que para isso a empresa teria que ser lucrativa de acordo com os padrões contábeis usados pelas empresas listadas.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado