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Andrea Salgueiro, CEO da Whirlpool: demanda deve se recuperar a partir do fim de 22

Executiva, que assumiu posto na empresa dona da Brastemp e Consul há três anos, mantém o tom de que 'o pior já passou'

KS

18 de agosto de 2022 às 23:02

A demanda por eletrodomésticos linha branca deve se recuperar a partir do fim deste ano, na visão de Andrea Salgueiro, CEO da Whirlpool. Em entrevista ao EXAME IN, a executiva não deu detalhes a respeito da expectativa, mas apresentou dados históricos – como o fato de que apenas 66% dos lares brasileiros contam com máquina de lavar. Ainda é um desafio e tanto, que a empresa espera contornar com investimento em inovação, de olho em criar produtos mais modernos e sustentáveis. Capazes de atrair a atenção dos consumidores o suficiente para que possam comprá-los pela primeira vez ou simplesmente para trocar os itens que já têm em casa. É a ‘arma’ da companhia para lidar com a combinação de juros altos, inflação e mercado desaquecido, cujos impactos ainda ficam claros nos balanços de gigantes do varejo como Magalu e Via. 

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As declarações foram feitas durante o maior evento de lançamentos da companhia desde 2019, com 33 novos produtos apresentados ao mesmo tempo. De máquina de lavar louça a geladeira, o que os executivos da Whirlpool enfatizaram foi o potencial de economia de recursos que os eletrodomésticos podem trazer: uma máquina de lavar com 70% de economia de sabão, lava-louça cinco vezes mais econômica e geladeira que gasta 30% menos energia. 

No momento em que o bolso do consumidor ainda está machucado, a companhia não divulga quantos dos novos produtos serão para o público ‘premium’ e quantos serão para o consumidor de base. O foco foi mostrar que os lançamentos vêm a partir da inteligência de dados e do relacionamento da marca com consumidores. Hoje, a Whirlpool dialoga com 20 mil deles todos os anos e tem mais de 56 centros de inovação no mundo todo. 

Entre a novidade e o lucro, entretanto, ainda há um bom caminho a ser trilhado. As irregularidades na cadeia de suprimentos foram os principais fatores citados pela executiva como desafios para o início do ano. “Tivemos muitos problemas com aço, resina e placa eletrônica. Os lockdowns na China e a guerra na Ucrânia certamente não deram descanso para nós. Mas, no curto prazo, o que vemos é uma situação de melhora, obviamente a um custo de inflação mais alta, já acumulada desde o início do ano”, diz Salgueiro. 

Dá para ver o impacto nos números apresentados pela companhia no segundo trimestre. A divisão brasileira da Whirlpool teve um lucro líquido de R$ 123,1 milhões, uma redução de 37,8% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita, por outro lado, aumentou 1,1%, para R$ 2,6 bilhões. Bem como o custo dos produtos vendidos, no período, que cresceu 5% e ‘comeu’ uma parte maior da receita – mais exatamente, três pontos percentuais a mais, passando de 81,8% para 85,4% dos ganhos. 

“A gente conseguiu entregar o primeiro semestre muito próximo do plano inicial. Protegemos o caixa. Fizemos a lição de casa e vários ajustes para atender ao consumidor com o produto que ele busca, num preço competitivo. Ainda muito distantes do boom de 2020, é verdade. Nós, os concorrentes e o varejo sentimos um encolhimento de demanda e a retração da indústria como um todo”, diz Salgueiro. 

Mesmo em um ambiente macroeconômico desafiador, o que o balanço global mostra é que a América Latina – não há resultados por país – foi a única região a aumentar vendas na comparação anual. O resultado veio a partir do repasse de custos, que compensou a demanda ainda fraca, segundo Joseph Liotine, presidente e CEO da Whirlpool Corp. em teleconferência com analistas. No segundo trimestre, além de crescimento de 3% nas vendas, a região conseguiu ter margem Ebit de 7,2%. 

Do lado brasileiro dessa equação, a expectativa é a de melhorar esse cenário daqui para frente. Na visão de Gustavo Ambar, vice-presidente da Whirlpool, o espaço existe. “Embora os dois últimos anos tenham favorecido a demanda, a última grande onda de compras de eletrodomésticos foi a do IPI zero, entre 2012 e 2014. Ainda existe um grande potencial da indústria que não foi totalmente convertido em 2020 e 2021”, diz. “O grande desafio é como reaquecer esse mercado com as condições macroeconômicas e dos consumidores.” 

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