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Balanços

Ânima bate consenso com lucro recorde no 1º tri; alavancagem cai abaixo de 3x

Com foco em preço, a receita avança 4%, mas as matrículas caem 18,4% no ‘Ânima Core’ no ciclo do começo do ano

"Após a integração da Laureate, 2024 será o ano da colheita", diz Átila Simões o CFO da Ânima, dona da São Judas (São Judas/Divulgação)
"Após a integração da Laureate, 2024 será o ano da colheita", diz Átila Simões o CFO da Ânima, dona da São Judas (São Judas/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

13 de maio de 2024 às 18:27

Com uma estratégia de focar mais em preço e ser menos dependente de financiamentos que pesavam no balanço para atrair alunos, a Ânima registrou um lucro de R$ 104,7 milhões no primeiro trimestre, quase sete vezes superior ao mesmo período do ano passado e recorde para o período.

O resultado ficou bastante acima do consenso da Bloomberg, que previa um ganho de R$ 53,7 milhões no período. O EBITDA, já excluindo os efeitos do IFRS 16, foi de R$ 326,9 milhões, alta de 16,7%, refletindo também as despesas mais controladas, após um intenso ciclo de ajustes feito no ano passado. A margem saiu de 29,3% para 33%.

A alavancagem, que vem sendo acompanhada de perto pelo mercado, caiu para 2,98 vezes no período. Foi o terceiro trimestre consecutivo de queda, ficando abaixo dos 3,25 vezes do fim do ano – e abaixo das 3 vezes que estão previstas em cláusulas de dívidas que são apuradas ao fim do segundo trimestre.

“Após três anos de integração da Laureate, 2024 será o ano da colheita”, afirma o CFO Atila Simões. “Integramos todos os sistemas, ajustamos as despesas e agora estamos focados em posicionar nossas marcas e alavancar nosso posicionamento de qualidade diferenciada no mercado.”

A receita líquida subiu 4,8% na comparação anual, para R$ 990,7 milhões, puxada principalmente pelo avanço no tíquete médio. No segmento chamado de Ânima Core – que reúne todos os cursos presenciais e híbridos ex-medicina –, o tíquete avançou 9,4%, enquanto na Inspirali, o aumento foi de 13,8%.

O posicionamento, contudo, cobrou seu preço na atração de alunos. A base total da Ânima caiu 4,4% em relação ao mesmo trimestre de 2023. No ciclo do primeiro trimestre, as matrículas caíram 18,4% no Ânima Core, enquanto a base de alunos recuou 8,9%. A receita liquida da divisão praticamente estável, em R$ 566 milhões.

O movimento reflete principalmente o uso mais assertivo de fontes de financiamento, aponta o CFO. A companhia vem trazendo mais alunos com capacidade de pagamento, buscado reduzir os níveis de inadimplência e evasão, que pesaram nos últimos anos.

“O investidor pode perguntar: vocês estão abrindo mão de volume? Num primeiro momento, a atração pode até cair. Mas num segundo momento, temos menos evasão, com um aluno que consegue absorver mais os aumentos de preços, e que não vai deixar de conseguir pagar”, explica Simões.

“É uma receita com muito mais saúde financeira: que se traduz lucro, que, por sua vez se traduz em caixa e reduz a dívida”, aponta. A geração de caixa operacional da Ânima no primeiro trimestre foi de R$ 409 milhões, alta de 15,7% em relação ao mesmo intervalo de 2023.

Num momento em que o mercado vem se questionando sobre a capacidade de crescimento orgânico do setor de educação superior, o executivo afirma que as iniciativas de posicionamento de marca devem se traduzir numa capacidade maior de atração de alunos a preços mais elevados ao longo do ano.

“Hoje, nossa equipe de marketing não está mais gastando tempo com as questões que tinham com a integração da Laureate e está totalmente focada em fazer com que os nossos alunos e futuros alunos reconheçam o valor das nossas marcas”, pondera.

Na Inspirali, divisão de cursos de medicina em que tem a DNA, da família Bueno, como minoritária, a receita avançou 9,1%, para R$ 325 milhões, puxada também por uma base de alunos 2,2% maior.

Com o endividamento mais controlado, a Ânima afirmou em release que segue “firmemente comprometida com um agenda ativa” em relação às “iniciativas inorgânicas”.

No ano passado, conforme antecipado pelo INSIGHT, a companhia mandatou bancos para a venda da Universidade São Judas. A Yduqs chegou a avaliar o ativo e avançar nas conversas, mas elas esbarram em discordâncias sobre preço. Houve notícias também sobre a potencial venda de uma fatia da Inspirali.

Sem citar nominalmente nenhuma das transações, Simões afirmou que o foco na agenda de vendas de ativos é a redução da alavancagem, mas que uma eventual transação só será fechada se houver “geração de valor para os acionistas” e se ela for “alinhada aos objetivos estratégicos da Ânima”.

Simões, que é sócio da Ânima e retornou à diretoria executiva em julho do ano passado de olho no controle da dívida, diz que as iniciativas de gestão de passivo seguem em curso.

Em maio, a empresa concluiu uma nova debênture de R$ 2 bilhões na Inspirali, usado para quitar uma dívida anterior e mais cara. Os prazos foram alongados de 1,72 ano para 3,22 anos, com redução de 0,95 ponto percentual nos spreads.

Ao fim do primeiro trimestre, o spread médio da dívida total da companhia em relação ao CDI era de 2,3%, abaixo dos 2,4% do fim de 2023. Considerando já o alongamento na Inspirali e a redução na taxa básica de juros, esse patamar teria caído para 1,9%, aponta o executivo.

“O processo de gestão de passivo continua. Enquanto há dívida, há oportunidade”, brinca.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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