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Recuperação Judicial

Adam Neumann quer o WeWork de volta – e tem US$ 500 mi para oferecer

De olho em retomar o controle da companhia desde 2022, cofundador da empresa de escritórios ainda não tem um financiamento claro para nova ofensiva

Adam Neumann: nova investida de olho no WeWork (Kelly Sullivan for the WeWork Creator Awads/Getty Images)
Adam Neumann: nova investida de olho no WeWork (Kelly Sullivan for the WeWork Creator Awads/Getty Images)
Karina Souza

Karina Souza

25 de março de 2024 às 20:06

A história do polêmico empresário e cofundador do WeWork, Adam Neumann, já virou até série de streaming. Se na ficção todos os capítulos de sua trajetória na empresa de aluguel de escritórios já foram gravados e exibidos, na vida real, Neumann mostra que nunca é tarde para mais uma reviravolta. De acordo com informações do WSJ, o empreendedor fez uma oferta para comprar o WeWork (hoje em recuperação judicial) por cerca de US$ 500 milhões — e voltar à empresa da qual foi expulso há cinco anos. 

De onde vai vir o dinheiro para Neumann colocar de pé essa empreitada? Ninguém sabe, pelo menos por enquanto. No último mês, os advogados do empresário mandaram uma carta para consultores da empresa de aluguel de escritórios, dizendo que o cofundador havia se unido com o fundo Third Point, de Dan Loeb, e a outros investidores para fazer uma oferta. Porém, posteriormente, o fundo negou que tenha se comprometido a participar de qualquer transação. 

Neumann vem se dedicando a tentar comprar o WeWork desde 2022, antes do pedido de recuperação judicial da companhia. Naquela época, ele fez uma proposta de US$ 1 bilhão em aumento de capital para estabilizar a empresa de co-working. Outra proposta, mais recente, foi de uma linha de financiamento DIP, voltada para empresas em recuperação, de US$ 200 milhões. Não houve retorno.

No último mês, circulou no mercado a informação de que a Flow, nova startup de Neumann no setor imobiliário (mas voltada para o mercado residencial) estaria avaliando propostas para comprar o WeWork como um todo, parte de seus ativos ou dar crédito para a empresa. Novamente, não houve retorno do WeWork. 

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Alex Spiro, advogado da Flow, mandou até mesmo uma carta à empresa, divulgada pelo NYT. “Escrevemos para expressar nosso desânimo com a falta de engajamento mesmo de prover informações para meus clientes no que entendemos ser uma transação que maximiza valor para todos os stakeholders”, disse o advogado no documento.

Na mesma carta, os advogados da Flow disseram que “num ambiente de trabalho híbrido, onde a demanda pelo produto da WeWork deve ser maior do que nunca, a matemática das duas companhias combinadas [Flow e WeWork] poderia exceder de maneira significativa o valor isolado do WeWork.”

Em nota à imprensa, a empresa de co-working sinalizou que não pensa da mesma forma e quer continuar de maneira independente, apesar de todas as dificuldades.

“O WeWork é uma empresa extraordinária. Como tal, recebe manifestações de interesse em bases regulares. Nós e nossos advogados sempre as revisamos com o objetivo de agir no melhor interesse da companhia”.

O tom foi mantido diante de questionamentos do WSJ sobre a oferta atual. A companhia afirmou que continua focada em sua reestruturação financeira para sair da falência (bankruptcy) no segundo trimestre como uma empresa "financeiramente forte e lucrativa".

Por que o WeWork está em recuperação judicial?

No dia 7 de novembro de 2023, o WeWork apresentou um formulário Chapter 11 à SEC. Trata-se de um tipo de documento que se assemelha a uma recuperação judicial. Pressupõe  um plano com os credores e, nesse meio tempo, permite à companhia continuar com os bens e operar normalmente. No documento, a empresa reportou dívidas de mais de US$ 18 bilhões, com um passivo total que pode chegar a US$ 50 bilhões. 

As dificuldades de a companhia conseguir gerar lucratividade vêm desde a época em que Adam Neumann tentou listar o WeWork pela primeira vez, em 2019. Em 2021, a companhia foi para a bolsa por meio de um SPAC. Desde então, já perdeu mais de 98% do valor. Em meados de agosto, a empresa anunciou grupamento de ações para fazer com que seus papéis voltassem a ser negociadas acima de US$ 1, um requisito para manter sua listagem na Bolsa de Valores de Nova York.

A situação da empresa, de custo de operação alto, se agravou no pós-pandemia, com uma retomada desigual no trabalho presencial. De acordo com o WSJ, desde que foi fundada, a empresa acumulou US$ 16 bilhões em perdas e pagava cerca de US$ 2,7 bilhões por ano em aluguéis e juros — mais de 80% de toda a sua receita.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.