Adam Neumann prepara seu retorno ao WeWork
Flow, a nova startup de Neumann, prepara oferta por parte ou todo da empresa de co-working – da qual foi fundador e depois foi afastado em debacle espetacular
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 6 de fevereiro de 2024 às 14:53.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2024 às 15:06.
Responsável tanto pela ascensão quanto pela queda meteórica do WeWork, Adam Neumann prepara seu retorno para a companhia que fundou – e da qual foi afastado em 2019 depois de uma tentativa de IPO frustrada que acabou implodindo a empresa.
A Flow, sua nova startup no setor imobiliário – desta vez voltada para o mercado residencial –, está avaliando propostas para comprar o WeWork como um todo, parte de seus ativos ou dar crédito para a empresa que entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos em novembro.
Junto com Neumann está Dan Loeb, o gestor ativista por trás da Third Point, conhecido por campanhas para mudar os rumos de empresas como Nestlé e Campbell Soup.
Numa carta enviada ao WeWork, Alex Spiro, advogado da Flow, afirma que a empresa de escritórios compartilhados está restringindo acesso a informações para que a oferta possa ser levada a cabo. (Spiro é bom de briga e representa Elon Musk em diversos casos.)
“Escrevemos para expressar nosso desânimo com a falta de engajamento mesmo de prover informações para meus clientes no que entendemos ser uma transação que maximiza valor para todos os stakeholders”, diz o advogado no documento, obtido em primeira mão pelo Dealbook, do New York Times.
A ofensiva do fundador do WeWork vem desde 2022, antes do pedido de recuperação judicial da companhia. Naquela época, ele fez uma proposta de US$ 1 bilhão em aumento de capital para estabilizar a empresa de co-working. Outra proposta, mais recente, foi de uma linha de financiamento DIP, voltada para empresas em recuperação, de US$ 200 milhões.
Em nenhum dos casos, afirma Spiro na carta, houve retorno da companhia.
Com um valuation que chegou a US$ 47 bilhões no pico, hoje o WeWork vale menos de US$ 10 milhões na NYSE. A empresa deu entrada no Chapter 11 com US$ 19 bilhões em dívidas e US$ 15 bilhões em ativos.
‘Competir ou se associar’
Neumann vem trabalhando na Flow desde 2022, quando levantou um cheque de US$ 350 milhões com a Andreesen Horowitz (a16z), uma das maiores e mais tradicionais firmas de venture capital do mundo e um dos early investors do WeWork, para tirar a empresa do papel.
A ideia da companhia é ‘revolucionar’ o mercado de aluguéis residenciais, criando um novo conceito de experiência num momento em que o trabalho híbrido borrou os limites entre casa e trabalho.
Operando já de modo piloto com dois prédios, no último ano, ele disse à Fortune que a Flow comprou 3 mil unidades de apartamentos em edifícios chamados multifamily — em que há um dono único para todas as unidades, voltadas todas para aluguel.
Se no WeWork a aposta era inicialmente num modelo “asset light”, com aluguel dos andares comerciais, na Flow, a ideia é ser a dona dos imóveis. Não está clara qual é a estrutura de funding.
Desde que venceu seu período de non-compete com o WeWork, em outubro, Neumann vem sendo vocal sobre sua estratégia em relação à companhia que fundou. Questionado pela revista Fortune sobre se a Flow competiria com o WeWork, ele foi categórico: “Eu acho que a Flow tem apenas duas escolhas: competir ou se associar”.
Na carta ao WeWork, os advogados da Flow disseram que “num ambiente de trabalho híbrido, onde a demanda pelo produto da WeWork deve ser maior do que nunca, a matemática das duas companhias combinadas poderia exceder de maneira significativa o valor isolado do WeWork.”
Em nota à imprensa, a empresa de co-working sinalizou que não pensa da mesma forma e quer continuar de maneira independente, apesar de todas as dificuldades.
“O WeWork é uma empresa extraordinária. Como tal, recebe manifestações de interesse em bases regulares. Nós e nossos advogados sempre as revisamos com o objetivo de agir no melhor interesse da companhia”.
E acrescentou: “Continuamos a acreditar que o trabalho que estamos fazendo – enderençando nossas despesas de aluguéis que são insustentáveis e reestruturando nosso negócio – vai assegurar que o WeWork esteja bem posicionado como uma empresa independente, financeiramente forte e sustentável para o futuro.”
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.