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Soma começa a produzir Farm e Foxton na Hering; piloto indica economia de 20%

Grupo começa a integração fabril da empresa catarinense e vê a casa arrumada para extrair sinergias na fusão com a Arezzo &Co

Hering: com capacidade de produzir 100 mil peças diárias, vira "coringa" na integração entre Soma e Arezzo (Germano Lüders/Exame)
Hering: com capacidade de produzir 100 mil peças diárias, vira "coringa" na integração entre Soma e Arezzo (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 26 de abril de 2024 às 16:32.

Última atualização em 26 de abril de 2024 às 16:48.

Três anos após a aquisição da Hering, o Soma está começando a produzir peças de outras marcas do grupo nas fábricas da malharia catarinense. Um projeto inicial com itens de Farm e Foxton, que chegaram às lojas neste mês, mostrou uma redução de custos de 20%, afirma o diretor de operações do Soma, Gustavo Fonseca.

A economia é um sinal das sinergias a serem geradas com o parque fabril da Hering, que sempre foi considerado uma das principais fortalezas da marca de moda básica – e mostra o potencial a ser extraído também da fusão com a Arezzo &Co, especialmente na Reserva.

O plano, por ora, é escalar a produção de itens de malha para todas as marcas do grupo, que incluem ainda Animale, NV, Fábula e Cris Barros. Ao todo, o Soma compra R$ 180 milhões em itens de malha por ano, diz o executivo.

“Estamos nos estruturando para crescer cada vez mais esse projeto. Para este ano, temos planejado fazer 117 mil peças da Farm e da Foxton na indústria da Hering." É um valor ainda pequeno: hoje, ao todo, a Hering produz 100 mil peças por dia.

"Mas no ano que vem será mais ainda. A mensagem é que estamos prontos para expandir essa produção, o que traz economia para as marcas e dilui custos fixos da Hering."

Nos últimos dois anos, o Soma veio num trabalho grande para reestruturar a operação da Hering, reduzindo problemas como ruptura em itens de alto giro, atraso na entrega de produtos para as lojas próprias e a capacidade abaixo do esperado de atender aos franqueados.

Desde a aquisição, o atraso médio dos pedidos saiu de 28 para dez dias, em linha com outras marcas do grupo e considerado um nível ótimo na indústria. No fullfilment dos franqueados e multimarcas, o nível de atendimento médio saiu de 74% para 90% dos itens pedidos, também chegando ao benchmark.

A ruptura de peças essenciais, como camisetas básicas, que era de 20%, chegou para algo mais próximo de 5%.

Concluído o turnaround operacional, o Soma se debruçou para entender o quão rentável era a Hering para atender outros clientes – começando dentro do grupo. Uma consultoria fez um longo trabalho, concluído em 2023, e chegou a um diagnóstico positivo.

“A indústria da Hering é extremamente rentável”, afirma Fonseca. “Já sabíamos disso e confirmamos: o lead time [tempo entre recebimento do pedido e entrega] e o custo que ela consegue entregar são muito competitivos.”

Hoje, em termos absolutos, as fábricas da Hering são capazes de absorver um volume de pedidos até 30% maior que o atual. Mas esse número não é absoluto. Em algumas linhas, como a produção de itens de ribana, a produção já está toda tomada.

“Depende do tipo de demanda de que estamos falando, mas ainda temos bastante capacidade.”

Do básico ao mais complexo

Apesar do potencial na produção de malha, nem toda a produção do grupo pode ser tombada para a Hering automaticamente. Alguns itens de produção mais complexa, especialmente de marcas como Animale, NV e Cris Barros, precisam de adaptações.

“Mas certamente faremos mais barato que fazer fora”, diz Fonseca. A conta é avaliar o investimento necessário versus a economia de custos.

Nessa equação, o Soma pretende atacar primeiro o mais fácil: itens básicos, como camisetas, que são a fortaleza da Hering. Na Foxton, é parte desta linha que está entrando na produção. Na Farm, regatas mais simples.

A Hering não tem máquinas de estamparia digital, necessárias para fazer algumas peças com desenhos mais trabalhados da marca carioca, mas atua facilmente nas peças que são ‘silkadas’, por exemplo.

Outro fator importante na conta é a escala. “Se eu for ‘rampar’ esse projeto com produtos da Animale, em que eu produzo 500 peças de cada um, vai demorar muito mais até aprender a fazer cada um deles”, explica Fonseca.

A prioridade, portanto, está para a Farm, a marca de mais escala do grupo, e a Foxton, com sua linha de camisetas.

Nesse sentido, a Hering avalia inclusive, no futuro, produzir peças para terceiros – e chegou a fazer um teste com uma grande varejista de moda, com potencial para entregar pedidos na casa dos milhões de unidades.

A fusão com a Arezzo &Co pôs um freio temporário no projeto, especialmente por conta das potenciais sinergias com Reserva.

Desde que o negócio foi fechado, o CEO da Arezzo, Alexandre Birmann – que chegou a fazer oferta pela Hering em 2021, antes dela ser adquirida pelo Soma – fala sobre as eficiências que podem ser geradas a partir do parque industrial da Hering.

Com as empresas ainda em integração – o aval do Cade aconteceu no mês passado –, ainda não há nenhuma decisão final, diz Fonseca.

A marca de Rony Meisler traria a escala, com uma demanda na casa de milhões de camisetas por ano.

Uma eventual integração, no entanto, viria sem prejuízo de qualidade, diz Fonseca: “Nas pesquisas sobre percepção de qualidade, os consumidores apontam que ela é muito boa, acima do mercado. A Hering sempre foi boa e nunca andou para atrás nesse quesito”.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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