Solví e Braskem se unem em JV de gestão de resíduos de R$ 1,4 bi
Companhia combinada fará tratamento hídrico, gestão de resíduos industriais e atendimento emergencial e nasce com R$ 750 milhões de faturamento
Publicado em 13 de junho de 2024 às 18:46.
Última atualização em 13 de junho de 2024 às 19:16.
Maior empresa industrial brasileira, a Braskem está se unindo à Solví, uma das líderes em tratamento de resíduos do país, para criar uma joint venture para gestão de resíduos industriais que já nasce com faturamento de R$ 750 milhões e tem valor de empresa (equity + dívida) de R$ 1,4 bilhão.
A JV vai unir controladas das duas companhias. Do lado da Solví, serão a GRI, que faz gerenciamento total dos resíduos dentro do site dos clientes, e a Emergencial, de resposta a acidentes ambientais. Da Braskem, virá a Cetrel, empresa responsável pelo tratamento e disposição dos efluentes e resíduos industriais, monitoramento ambiental e fornecimento de água para uso industrial das plantas da Companhia no Polo Petroquímico de Camaçari (BA).
Dona de 63,7% da Cetrel (o restante do capital da companhia pertence ao governo baiano e a outras companhias do polo de Camaçari), a Braskem vinha procurando um sócio de confiança para o negócio, que também é bastante forte em consultoria para empresas de São Paulo e Rio de Janeiro.
“O objetivo é constituir um líder no segmento do serviço industrial”, conta o CEO da Solví, Celso Pedroso. A ideia é também a de que a capilaridade da GRI ajude a nacionalizar a expertise da Cetrel. “Será um player exclusivo e único, porque ninguém tem uma solução do tipo de tratamento hídrico, gestão de resíduos e atendimento emergencial”, diz.
Atualmente, os maiores mercados da GRI são as indústrias automobilísticas, de bens de consumo e mineração, mas também cresce em mercados de óleo e gás. Criada há 25 anos, está em mais de 16 Estados. Já a Emergencial é mais nova, de 2022, mas tem crescido em ritmo acelerado, de acordo com o CEO.
No mercado, a concorrente mais próxima é a Ambipar, que faz gestão de resíduos industriais e opera em resposta a acidentes ambientais por meio da Response, um braço de atuação que ganhou força especialmente a partir de 2022, após uma série de aquisições da companhia no pós-IPO. Vinda na safra de aberturas de capital de 2020, a ação da companhia sofreu uma desvalorização de 67% desde então, em meio ao azedume dos últimos anos do mercado de capitais.
De capital fechado, a Solví faz tratamento e destinação de resíduos e produção de energia verde, e foi a primeira empresa no Brasil a negociar créditos de carbono de aterros sanitários. Em julho vai estrear a primeira de duas plantas de tratamento de biogás para produção de biometano, com previsão de produção de mais de 1 milhão de metros cúbicos por dia. Com faturamento de R$ 3,5 bilhões, a companhia atua também no Peru e na Argentian e é, desde 2019, uma das investidas do fundo australiano Macquarie, que detém cerca de um terço do negócio.
No casamento entre GRI, Emergencial e Cetrel, o controle do negócio ficará com a Solví. A Braskem passará a deter 49,9% da Cetrel e Solví ainda terá pouco 50,1%. Para essa composição, a Solví vai pagar R$ 284 milhões, sendo R$ 199 milhões no fechamento da operação e R$ 85 milhões em até um ano.
Não serão necessários investimentos adicionais, de acordo com Pedroso, pois a empresa já nasce com faturamento robusto e capacidade de geração de caixa forte para fazer frente ao seu crescimento.
A operação ainda precisa de aprovação no Conselho de Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e a previsão é de que seja concluída ainda no segundo semestre deste ano.
A Solví foi assessorada pela CF Partners, do ex-CEO da Braskem, Carlos Fadigas.
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Acompanhe:
Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado
Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.