Logo Exame.com
academias

Smartfit: sócios podem fazer aporte de R$ 500 mi para reforço na crise

Com aportes bilionários em 2019, rede de academias reuniu base de acionistas com fundos dispostos a proteger seus negócios do coronavírus

Devido ao isolamento usado na contenção da pandemia, companhia tinha apenas 4% das unidades reabertas até o fim de maio (Leo Martins/Abril)
Devido ao isolamento usado na contenção da pandemia, companhia tinha apenas 4% das unidades reabertas até o fim de maio (Leo Martins/Abril)

Publicado em 26 de junho de 2020 às 07:56.

Última atualização em 26 de junho de 2020 às 14:02.

Os sócios da rede de academias Smartfit vão decidir nesta sexta-feira se fazem ou não um novo aporte da ordem de 500 milhões de reais na empresa. O dinheiro é para fortalecer as finanças do negócio da pandemia - uma rede com 850 unidades e 2,8 milhões de clientes, incluindo as atividades no México e no restante da América Latina. A operação só vai acontecer se não houver evolução na renegociação das debêntures da quarta emissão, que soma 1,3 bilhão de reais e foi colocada no mercado em abril do ano passado.

A companhia tenta obter desses credores a dispensa de cumprir os limites de alavancagem. Sem solução nas debêntures, os sócios colocam dinheiro novo ou para recomprar a dívida parcialmente ou para melhorar os índices financeiros apenas durante a crise — o recurso pode voltar aos acionistas na forma de dividendo mais à frente, passada a turbulência, conforme a EXAME IN apurou.

Inscreva-se no EXAME IN e fique sabendo hoje o que será notícia amanhã

Não é por acaso que as assembleias de debenturistas e acionistas estão marcadas ambas para hoje.  Por enquanto, ainda não há uma definição. A conversa com credores será decisiva para a decisão sobre o aporte. A empresa precisa que donos de 50% da emissão concordem com as mudanças nas condições. Na primeira tentativa do encontro, só 18% estavam presentes.

A capitalização, se ocorrer, será em ações preferenciais e na proporção do capital dos atuais sócios, sem alterar a estrutura de controle. Praticamente a totalidade dos acionistas aceitou fazer o reforço no caixa. No ano passado, a Smartfit recebeu mais de 1 bilhão de reais em aportes, o que deu um gás para a expansão e resultou na atual configuração de acionistas. A empresa foi avaliada em nada menos do que parrudos 8,6 bilhões de reais na última transação.

A gestora de recursos Pátria Investimentos tornou-se controladora, com 73% das ações ordinárias (com direito a voto) e 51% do capital total. O fundador Edgar Corona e família ficaram com 18,5%. O Canada Pension Plan (CPP) Investments, comprou 12,7% do negócio por meio de um aporte de 1 bilhão de reais realizado em novembro. Na base de sócios, estão ainda o fundo de venture capital Novastar (9,23%), um dos primeiros a investir, e a Dynamo (3,6%).

As debêntures alvo da negociação estabelecem que a dívida líquida não pode ultrapassar o equivalente a 3 vezes o Ebitda, acumulado de 12 meses — e a verificação é trimestral. A previsão original da emissão é que, no caso de descumprimento, a companhia teria de correr para honrar o saldo total de uma só vez. “A estrutural de capital está boa. O problema é que com a pandemia o Ebitda caiu muito, temporariamente, o que afeta o indicador de referência”, disse uma fonte que acompanha o negócio de perto.

A rede de academias, calcada em unidades próprias (76% do total) e menos em franquias, está naquele grupo de empresas fortemente afetadas pelo isolamento social, mas que os investidores acreditam que saem fortalecidas no pós-crise. O entendimento é que o setor, pulverizado em pequenos negócios, será tão impactado que os grandes e com o fôlego saem disso tudo com uma participação de mercado maior apenas por sobreviverem.

Na terça-feira, a Smartfit já apresentou a proposta para a assembleia de debenturistas incorporando pedidos dos credores. A ideia é pagar uma espécie de “multa” por descumprimento de 1% sobre o saldo devido da emissão. Além disso, a companhia se obriga a terminar o ano com a dívida líquida equivalente a, no máximo, 6,75 vezes do Ebitda do ano — teto que precisa ser respeitado até o fim do primeiro trimestre de 2021.

Apesar da campanha de expansão, devido às capitalizações de 2019, a empresa ainda tinha um saldo de caixa de 1,35 bilhão no fim de março, para 209 milhões de reais de vencimentos previstos ao longo do ano – e mais 350 milhões para 2021. A dívida líquida estava em 1,4 bilhão de reais e era equivalente a 1,94 vez o Ebitda acumulado até aquele momento. No primeiro trimestre deste ano, a receita líquida da empresa aumentou 36%, para 603 milhões de reais, e o Ebitda teve alta de 49%, para 197 milhões de reais. O problema está no que vem pela frente.

 

 

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Continua após a publicidade
No venture capital, a euforia passou e mercado ficou mais profissional – boa notícia para o Pátria

No venture capital, a euforia passou e mercado ficou mais profissional – boa notícia para o Pátria

Plurix, do Patria, compra rede de supermercados Amigão e chega a R$ 10 bi de faturamento

Plurix, do Patria, compra rede de supermercados Amigão e chega a R$ 10 bi de faturamento