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Aviação

Sem Boeing, Embraer reduzirá conselho com renúncia de dois participantes

Sérgio Eraldo, ex-sócio de Paulo Guedes na Bozano, e Israel Vainboim, devem sair e colegiado ficará com nove membros

Embraer: Sem Boeing, conselho vai para vitrine e mercado acompanha passos (Roosevelt Cassio/Reuters)
Embraer: Sem Boeing, conselho vai para vitrine e mercado acompanha passos (Roosevelt Cassio/Reuters)

Publicado em 6 de maio de 2020 às 19:50.

Última atualização em 7 de maio de 2020 às 16:46.

Pouco mais de dez dias após a Boeing bater em retirada do acordo de 5,2 bilhões de dólares com a Embraer, o conselho de administração da fabricante brasileira de aviões deve passar por mudanças. Os dois membros mais antigos, Sérgio Eraldo de Salles Pintos e Israel Vainboim, eleitos em 2009, vão apresentar sua renúncia. Com isso, o colegiado, agora acompanhado de perto pelo mercado, será reduzido de 11 para nove membros.

A decisão está em discussão e deve ser tomada ao longo dos próximos dias. Consultada, a Embraer optou por não comentar o assunto.

A companhia tem seu capital pulverizado na bolsa desde 2006, quando aderiu ao Novo Mercado e os então controladores, Previ, Sistel e Bozano, optaram por dispersas as ações no mercado. De lá para cá, como é praxe nessa estrutura, o conselho tornou-se o órgão máximo de governança e poder da empresa. Hoje, 14 anos após essa operação, os maiores acionistas da Embraer são a gestora americana de recursos Brandes, com 15,5% do capital, mais BNDES, BlackRock e Hotchkis & Wiley, cada qual com participações próximas de 5%.

Os demais conselheiros permanecem nos cargos, incluindo o presidente Alexandre Silva. Eraldo e Vainboim já planejavam sair após a concretização do acordo com a Boeing, pois o manual de boas práticas do conselho recomenda que nenhum participante fique além de dez anos (cinco mandatos). Além de Silva, ficam no colegiado Alexandre Magalhães Filho, Emilson Saes, João Cox, José Magno Resende, Márcio de Souza, Maria Letícia de Freitas Costa, Raul Calft e Pedro Wongtschowski.

Com o fim do acordo, o conselho de administração da companhia foi para a vitrine, com todos os desafios estratégicos e de financiamento do negócio. Eraldo passou a compor o grupo, 11 anos atrás, por ser diretor da Cia. Bozano, que era controladora mas há tempos não é mais acionista relevante da empresa.

A sua renúncia vai ajudar a acalmar as pressões que o mercado deve exercer sobre o colegiado e ainda a aliviar um pouco a politização do futuro da companhia. Por ser importante executivo na Cia. Bozano, Eraldo foi sócio de Paulo Guedes, ministro da Economia do governo Jair Bolsonaro. Para completar o quadro sensível em torno de sua posição, também é, desde 2008, conselheiro da empresa de aviação comercial Azul (que só voa com aviões Embraer) – informação que o mercado parece só ter julgado relevante agora.

A Embraer negocia com o BNDES, mais bancos comerciais e investidores institucionais, um plano de financiamento de longo prazo, que dê fôlego para a companhia desenvolver um novo posicionamento estratégico, agora sem a Boeing.

As movimentações no conselho vão gerar alterações também nos comitês da companhia. No comitê de estratégia, sai Vainboim e entra Raul Calfat (ex-presidente do Grupo Votorantim), que está no colegiado desde 2017. No grupo de auditoria, João Cox, ex-presidente da Claro e conselheiro desde 2011, vai para a cadeira que hoje é de Eraldo.

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