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Petz perde ritmo no quarto tri; recuperação vem no 2º semestre, diz Zimerman

Vendas em mesmas lojas caem 1,6%; com maior integração, EBITDA de aquisições vai para o território positivo

 (Divulgação/Site Exame)
(Divulgação/Site Exame)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 7 de março de 2024 às 20:46.

Última atualização em 7 de março de 2024 às 20:52.

Aprofundando a tendência de desaceleração da demanda vista ao longo do ano, a Petz entregou quarto trimestre fraco, ainda que em linha com a expectativa do mercado – consolidando um ano em que a tese de crescimento acelerado que embasou o IPO deu lugar a uma cautela maior por parte dos investidores.

A receita líquida subiu 4,1% na comparação com o mesmo período de 2022, para R$ 820 milhões, abaixo da taxa de 7,3% registrada no terceiro trimestre. As vendas mesmas lojas da Petz caíram 1,6%, contra recuo de 0,5% nos três meses anteriores.

O desempenho reflete uma perda de ritmo do mercado pet como um todo e um cenário de competição ‘um pouco’ mais acirrada, segundo o CEO e fundador Sérgio Zimerman.

Segundo ele, contudo a companhia cresceu em linha com o mercado, com ganho discreto de market share, concentrada principalmente em itens de compra mais recorrentes, como alimentação, farmácia e higiene.

“Havia uma preocupação de que estávamos perdendo share e ela não se sustenta. Mas crescer em linha com o mercado não é suficiente para a gente, que chegou à liderança sempre crescendo acima dessa taxa”, pondera.

De acordo com o CEO, a expectativa é retomar o crescimento mais acelerado, com ganhos maiores de participação de mercado – mas a partir do segundo semestre.  Em janeiro e fevereiro, Zimerman aproveitou os preços da Petz em bolsa próximos às mínimas históricas para aumentar sua participação de 29% para 43% e sinalizou que poderia continuar na ponta compradora.

Ele vê uma normalização da demanda, depois de um esfriamento principalmente na categoria de itens discricionários que se seguiu ao boom de demanda durante a pandemia.  Além disso, a companhia vem tomando uma série de iniciativas para aumentar o volume de vendas e as margens.

“Em 2023 olhamos muito para dentro e temos um plano bastante azeitado. Nenhuma iniciativa sozinha mexe o ponteiro, mas juntas elas vão levar a companhia para um patamar de crescimento mais saudável”, diz.

Entre as iniciativas estão a aposta em marca própria (que já responde por 8,5% da receita), expansão de lojas mais concentradas em unidades de menor metragem – inclusive com um piloto de Zee.Now para entrar no mercado de lojas de bairro, que hoje correspondem a 50% do mercado pet. Uma consultoria também foi contratada para ajudar na análise do sortimento por loja das suas megastores.

“A ideia é que uma loja no Itaim Bibi [um dos bairros mais ricos de São Paulo] tem que ter um sortimento diferente do Itaim Paulista [na periferia da cidade], para melhorar a assertividade da venda”, diz a CFO Aline Penna.

Integração das aquisições

Do lado do copo meio cheio, após idas e vindas ao longo de 2022, a Petz conseguiu integrar melhor as aquisições de Zee.Dog, de acessórios, e da Petix, de tapetes higiênicos, que finalmente chegaram ao território positivo de rentabilidade.

O EBITDA das adquiridas foi de R$ 7,7 milhões no quarto trimestre, bem acima dos R$ 1,6 milhões dos três meses anteriores. No ano, o EBITDA foi positivo em R$ 2 milhões contra um resultado negativo em R$ 12 milhões no ano anterior.

“Esse é um processo em que ainda temos muito a capturar. São várias frentes em que a captura ou foi parcial em 2023 ou praticamente se iniciou só no fim do ano”, diz Zimerman.

Por exemplo: a companhia está fechando hubs de distribuição de Zee.Now, o braço de delivery express da Zee.Dog, para em todo o Brasil, substituindo-os pela entrega a partir das lojas da própria Petz. Do total de 12 hubs, apenas 4 foram fechados até agora e outros 8 fechamentos aconteceram agora no começo do ano. O fechamento da fábrica de itens alimentares da Zee Dog, feita agora por terceiristas, também só aconteceu em dezembro.

Além disso, pela primeira vez na sua história, a Petz conseguiu gerar caixa operacional suficiente para fazer frente a seus investimentos. “Essa é uma tendência que vamos manter daqui para a frente”, diz Zimerman.

O crescimento dos últimos anos tinha sido financiado pela captação no IPO e o follow-on que se seguiu em 2021. Neste ano, pela primeira vez como companhia aberta, a Petz captou R$ 400 milhões em dívida.

Marketing pressiona despesas

Apesar dessa melhora, o EBITDA  consolidado da empresa ainda caiu 4,3% na comparação anual, para R$ 67 milhões. Além de uma menor alavancagem operacional por conta da receita mais fraca, o número foi impulsionado por um aumento de 6,3% nas despesas operacionais, que sofreram principalmente com o incremento do orçamento de marketing.

“Fizemos um rebranding de Petz, com uma campanha de marketing mais agressiva, com anúncios em TV e out of home”, afirma a CFO Aline Penna. As despesas gerais e administrativas caíram 7,9%, refletindo uma série de medidas de contenção de despesas.

Com uma postura menos agressiva em preços, a margem bruta foi de 38,8%, abaixo dos 39,5% do quarto trimestre de 2022, mas 0,7 ponto percentual acima do terceiro trimestre. No último balanço, o indicador tinha chamado atenção dos investidores, já que a política de descontos não tinha se traduzido em aumento significativo das vendas.

“Mudamos de rota e estamos buscando um equilíbrio maior entre rentabilidade e receita”, aponta Penna.

O lucro líquido da companhia foi de R$ 5 milhões, queda de 78,3% em relação ao quarto trimestre de 2022, pressionado também pelas despesas financeiras. A Petz tem uma dívida líquida tranquila, de apenas 0,1 vez seu EBITDA de 12 meses, mas no ano anterior era líquida em caixa, o que afeta a base de comparação.

No resultado ajustado, que retira despesas não recorrentes com fechamento de lojas e unidades e também o efeito do plano de opções da companhia (nesse caso, sem efeito caixa), o lucro foi de R$ 19 milhões, queda de 22% na comparação anual.

No ano, o lucro ajustado da Petz foi 28,8% menor. A receita subiu 12,5% e o EBITDA cresceu 2,9%.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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