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O “caixa” não morreu: Banco24Horas vê futuro no open banking

TecBan – dona do Banco24Horas – prevê faturamento de R$ 3 bilhões este ano e investimento de R$ 500 milhões; rede atende a uma população que responde por 70% do PIB brasileiro

Aos 40 anos e com 24.000 ATMs instaladas mais caminhões 24Horas, a TecBan lança o contêiner 24Horas; o primeiro já funciona na cidade de Abaetetuba, no Pará (Divulgação/Divulgação)
Aos 40 anos e com 24.000 ATMs instaladas mais caminhões 24Horas, a TecBan lança o contêiner 24Horas; o primeiro já funciona na cidade de Abaetetuba, no Pará (Divulgação/Divulgação)

Publicado em 28 de setembro de 2021 às 07:00.

Última atualização em 28 de setembro de 2021 às 17:46.

“Muito se falou da minha morte, mas estou firme e bem abrigado”. Se falasse, o dinheiro “vivo”, que não tem esse nome à toa, teria essa resposta pronta para qualquer interlocutor desconfiado da sua longevidade. Com o dinheiro circulando, e cada vez mais rápido, o caixa eletrônico também não morreu. A rede continua em expansão e cada vez mais digital, garante Jaques Rosenzvaig, diretor-geral da TecBan, que, na sexta-feira, comemorou com orgulho a instalação do Banco24Horas número 24.000 no interior do Piauí.

Dona do Banco24Horas e controlada pelos cinco maiores bancos do país – Itaú UnibancoBradesco, Santander, Banco do Brasil e Caixa por ordem decrescente de participação no capital – aos 40 anos a TecBan mira a inclusão financeira de brasileiros residentes em localidades sem infraestrutura ou em cidades distantes dos grandes centros. E a chegada da ATM em José de Freitas, município distante 48 km da capital Teresina, exemplifica o potencial vislumbrado pela companhia.

A cidade piauiense foi registrada em 1931, mas nasceu de fato em 1741 como Fazenda Boa Esperança. E, quase 300 anos depois, terá à disposição 150 instituições financeiras – entre bancos pequenos, médios e grandes, além de fintechs – e a oferta de 90 modalidades de operações financeiras.

Os 24.000 caixas instalados é um feito, torna Banco24Horas a terceira maior do mundo e a maior rede independente global de autoatendimento em volume de saques. A líder mundial com 200.000 caixas eletrônicos é a Cardtronics. Na segunda posição está a rede japonesa Seven Banks, com 25.000 ATMs. No Banco24Horas, que está colado à estrutura do Japão, são realizadas anualmente 2,1 bilhões de transações – movimento equivalente a 5% do PIB do Brasil.

“E o Brasil nem é o país que tem maior quantia de dinheiro em circulação. Mas aqui o dinheiro gira muito”, diz Rosenzvaig em entrevista ao EXAME IN. “Japão, Alemanha e Itália são países de dinheiro. O Japão tem 20% do PIB em circulação. O Brasil, algo entre 3,7% e 3,9% do PIB. A Suécia, 1,7%. Mas o Brasil é extenso e é preciso fazer o dinheiro chegar onde é necessário”, acrescenta o executivo.

Ele informa que, para além dos caixas eletrônicos, domiciliados em shoppings, supermercados, lojas de conveniência e farmácias, numa ampla variedade de comércio, o Banco24Horas dispõe de mais três modelos de atendimento.

O primeiro modelo é o Banco24Horas móvel. Essa "solução móvel" é composta por um caminhão ou containers que visitam cidades com caixas do Banco24Horas com a preocupação de atender à demanda por dinheiro rapidamente em determinadas localidades para, no caso de acidentes climáticos por exemplo, impedir a paralisação das atividades.

O contêiner 24 Horas é mais ágil porque pode ser facilmente transportado por caminhões. É uma estrutura de alta segurança e tecnologia que comporta vários caixas eletrônicos. O primeiro equipamento foi instalado na cidade de Abaetetuba, no Pará.

Um outro modelo de atendimento é o espaço multibanco que está em expansão. Esses espaços estão presentes em Parnaíba (Piauí), Parauapebas (Pará), Belford Roxo (Baixada Fluminense), Caruaru (Pernambuco), Carapicuíba (São Paulo) e Campina Grande (Paraíba). A meta é ter instalados 10 espaços multibancos até o final deste ano.

Mídia para pequenos e médios anunciantes

Ao EXAME IN, Rosenzvaig relata que a TecBan é uma empresa de economia compartilhada, plataforma com mais de uma centena de participantes e com foco na capilaridade das operações financeiras. Ele destaca que 60% das transações são realizadas em regiões das classes C-, D e E distribuídas em 900 municípios brasileiros.

“Crescem as operações físicas e as digitais. Atualmente, 50% das operações realizadas no Banco24Horas são eletrônicas", informa o executivo que chama atenção para os avanços obtidos com a adoção de modelos diferentes de atendimento adotados pela rede. “Atendemos 80% da população do Amazonas, uma população que não seria atendida por ATMs em função de custos logísticos.”

O diretor-geral da TecBan explica que foram incorporados novos formatos de saques, transações digitais e open banking ao Banco24Horas, que agora tem um veículo de comunicação dentro das ATMs para atrair pequenos e médios anunciantes das localidades em que estão instaladas.

“Com foco no consumidor, investimos em usabilidade, em ser prático e acessível. Investimos anualmente cerca de R$ 500 milhões. Na última década, foram R$ 4 bilhões para a criação da rede física que atende mensalmente 40 milhões de clientes e tem cobertura nacional de 145 milhões de pessoas”, informa o executivo. O faturamento da TecBan previsto para este ano é de R$ 3 bilhões.

Neste ano, a TecBan está investindo em caixas eletrônicos recicláveis, que permitem a estabelecimentos – prestadores de serviços, mas sobretudo o varejo – coletar recursos ao longo do dia sem contato direto com cédulas e tendo crédito depositado direto em conta corrente. Outro investimento levou à implementação do primeiro caixa eletrônico com tecnologia 5G da América Latina, desenvolvido em parceria com Claro e Ericsson.

Varejo e inteligência de dados

Comete um equívoco, quem pensa que a TecBan só pensa em dinheiro. Com 8 mil funcionários, a empresa desenvolve amplas pesquisas. O mapeamento de localidades que necessitam de atendimento financeiro e, principalmente, que o dinheiro circule e fomente a atividade é feito pelas unidades de Varejo e Inteligência. E as pesquisas não se limitam a dados oficiais, mas envolvem trabalho de campo e conhecimento de sociologia, economia e tecnologia.

“O foco está nas camadas da população que mais precisam e não têm infraestrutura próxima. Estamos muito presentes nas capitais e maiores cidades brasileiras, mas também nas regiões mais distantes para ser um elo entre as instituições e a sociedade. E, para isso, é necessário capilaridade”, afirma Jaques Rosenzvaig que vê o negócio da TecBan como serviço de utilidade pública e pautado por eficiência e produtividade porque “queremos ser um ‘pool’ de serviços financeiros para todas as classes, faixas etárias e de renda e com características regionais”.

Aposta no novo

Veterana no setor bancário, a TecBan investe para ajudar o sistema a se adequar ao open banking – de compartilhamento de dados cadastrais e transações de clientes, com seu consentimento – que entrará em sua terceira fase no final de outubro.

Em um primeiro movimento, o Banco24Horas começou a estudar, em 2018, a implantação do open banking no Reino Unido por acreditar que a inovação chegaria ao Brasil. Como chegou. Foi firmado, então, um acordo operacional com a inglesa Ozone que já tinha experiência na área. E parte da plataforma que o Banco24Horas utiliza hoje é a que a Ozone já havia criado. Num segundo movimento, foi firmada a parceria com a fintech Klavi com o objetivo de trazer valor aos dados e criar ecossistemas para outros participantes do mercado.

A Klavi – plataforma de open banking criada em 2020 para desburocratizar o acesso a dados financeiros e que já processou mais de 50 milhões de transações – chegou ao mercado com um batismo de ouro: foi eleita pelo Banco Central (BC), com mais 10 startups financeiras, para participar do LIFT Lab (Laboratório de Inovações Financeiras e Tecnológicas) coordenado em conjunto com a Fenasbac. Para a Klavi, a parceria com a TecBan é um caminho para integrar bons pagadores que estão fora do mercado e fomentar o crédito.

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