Nos EUA, um mercado ainda difícil para IPOs
Fabricante da marca de artigos esportivos Wilson abriu capital a US$ 13, depois de expectativas que apontavam para US$ 16 a US$ 18
Karina Souza
Repórter Exame IN
Publicado em 1 de fevereiro de 2024 às 15:56.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2024 às 16:06.
Enquanto empresas se enfileiram à espera de uma boa janela para quebrar o jejum de mais de dois anos sem IPOs no Brasil, as notícias dos Estados Unidos não são das mais animadoras.
Em meio às expectativas de que um corte nos juros nos Estados Unidos deve levar mais tempo que o inicialmente previsto, pressionando o mercado acionário, a fabricante de artigos esportivos Amer Sports (que tem a marca Wilson como uma de suas principais) foi a segunda empresa a listar suas ações a um preço abaixo do esperado no roadshow.
Os papéis saíram a US$ 13, enquanto expectativas iniciais eram de um intervalo entre US$ 16 e US$ 18. Na abertura de capital, a companhia levantou US$ 1,37 bilhão e foi avaliada a US$ 6,3 bilhões.
De acordo com dados da SEC, a oferta foi ancorada por três empresas que já tinham participação no negócio: a multinacional chinesa Anta Sports, o fundo Anamered Investments, cujo dono é Chip Wilson, o fundador da Lululemon, e a Tencent.
Inicialmente, as empresas planejavam entrar com US$ 280 milhões, no IPO, mas aumentaram o volume comprado de ações e acabaram com US$ 783 milhões em papéis da empresa, representando 60% do IPO. O consórcio liderado pela Anta adquiriu a Amer Sports por cerca de US$ 5,2 bilhões em 2018, como parte de um esforço para levar artigos esportivos de alta qualidade à classe média da China.
A oferta pública vem poucos dias depois da estreia também frustrante da BrightSpring Health Services, do fundo de private equity KKR, na bolsa norte-americana, também em uma oferta magra, como lembra a Bloomberg. Os papéis estrearam a US$ 13 na bolsa americana, abaixo do que a companhia esperava precificar (US$ 18), e fecharam em um patamar ainda mais baixo, de US$ 11, na data da abertura de capital.
De acordo com dados da Dealogic, menos de 30% dos IPOs realizados no último ano, incluindo SPACs, tiveram um primeiro dia de papéis fechando abaixo da abertura.
Numa safra complicada para estreias desde meados do ano passado, a grande vencedora por enquanto, é a Arm Holdings, do Softbank, empresa que disparou 24,6% em sua estreia na Nasdaq, em setembro do ano passado. O papel abriu a US$ 56,10 por ADR e fechou a US$ 64,59. Hoje, as ações acumulam valorização de 15,88% em relação à abertura de capital e a empresa está avaliada a US$ 72,4 bilhões.
Outra companhia que teve perspectivas otimistas no pós-IPO foi a Instacart, que teve o IPO precificado no topo da faixa, a US$ 30 e, depois de uma alta de 12% no dia da estreia, a companhia fechou o primeiro dia avaliada na bolsa a US$ 11 bilhões, em setembro de 2023. De lá para cá, os papéis acumulam queda de 15%. Hoje, a empresa vale US$ 7,14 bilhões na bolsa.
Fora do escopo de tecnologia, a fabricante de calçados Birkenstock fez o IPO em outubro. A empresa conseguiu precificar sua oferta no centro da faixa estipulada, com os papéis estreando na bolsa americana a US$ 46, avaliando a empresa a US$ 8,6 bilhões. Os papéis oscilaram para baixo desde então e, hoje, estão avaliados ao preço da abertura de capital.
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Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.