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No Magazine Luiza, o desafio do ano é fazer o negócio rentável

Varejista cresce no marketplace, mas ainda reporta o segundo pior prejuízo trimestral desde o IPO

Magazine Luiza: a cada ponto percentual a menos na Selic, R$ 150 milhões de economia anual (Leandro Fonseca/Site Exame)
Magazine Luiza: a cada ponto percentual a menos na Selic, R$ 150 milhões de economia anual (Leandro Fonseca/Site Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 12:02.

Num trimestre difícil para o varejo, o Magazine Luiza conseguiu aumentar sua margem bruta, que chegou a 28,8%, o maior patamar dos últimos três anos. O desempenho, contudo, não foi suficiente para salvar a última linha do balanço da fraqueza do consumo e dos juros altos. O prejuízo foi de R$ 302 milhões, o segundo pior desde o IPO. As ações caem cerca de 10% na B3.

Fazer do Magazine Luiza um negócio mais rentável é o desafio para o ano, afirmou o CFO Roberto Bellisimo em entrevista ao Exame IN.

“Estamos trabalhando de uma forma muito focada na evolução da margem operacional e na evolução da margem Ebitda. O crescimento do marketplace tem papel fundamental. É o canal que mais cresce e é o canal mais rentável da companhia”, disse o CFO.

De abril a junho, as vendas totais da empresa cresceram 5,8%, para R$ 14,7 bilhões. A receita líquida ficou estável, em R$ 8 bilhões. A maior parte do crescimento está vindo do online, em especial das vendas de terceiros (3P), que já responde por 28% das vendas totais da varejista.

No trimestre, o Ebitda ainda caiu 37%, para R$ 284 milhões, com a margem ficando 2 pontos percentuais menor, a 3,3%.

Se considerados ajustes – que incluem quatro efeitos não recorrentes: redução de pessoal, integração da Hub Fintech pela Magalu Pagamentos, fechamento de dois centros de distribuição (CDs) e integração de quatro companhias de logística que foram adquiridas ao longo dos últimos anos – o Ebitda ficou 10,6% menor, a R$ 440 milhões.

Nessa linha do balanço, conta Bellissimo, ainda pesou o Difal (diferencial de alíquota do ICMS), que fez os produtos serem tributados na origem e no destino. Para amenizar o efeito, a empresa tem buscado repassar essa carga extra de tributo para os preços ao consumidor.

Animado com as perspectivas criadas a partir da queda da Selic, o executivo diz que o Dia dos Pais já veio melhor e acredita numa Black Friday mais forte do que em 2022, quando a concorrência com a Copa do Mundo frustrou o varejo.

Grande parte da aposta passa também pelo Magalu Ads. Hoje, 5 mil sellers já são anunciantes ativos. A companhia não abre a receita dessa unidade, mas diz que o crescimento no trimestre foi de 45%.
“Essa vai ser uma das principais vias de rentabilidade”, argumenta o vice-presidente, Eduardo Galanternick, vice-presidente de negócios do Magazine Luiza

Do lado financeiro, a despesa financeira totalizou R$ 532 milhões no segundo trimestre, crescendo 7,7% contra o ano passado, mas já foi R$ 100 milhões menor do que o primeiro trimestre, indicando tendência de melhora nessa linha do balanço.

“As despesas financeiras tendem a se diluir bastante, não só com queda de juros, mas também com a gestão do capital de giro”, afirma Bellissimo. A expectativa é também de queda nos atrasos de pagamentos na Magalu Pagamentos.

O Goldman Sachs classificou os resultados como "mistos". De acordo com a equipe do banco, a receita ficou abaixo do consenso, mas é preciso reconhecer que as margens do varejo e do online ficaram maiores com o foco da administração em rentabilidade.

A companhia continuou crescendo sua fatia de mercado. Enquanto as vendas do e-commerce brasileiro caíram 15%, de acordo com a Neotrust, as do Magalu subiram 7%, para um GMV (vendas totais) de R$ 11 bilhões.

"Embora reconheçamos que o crescimento do GMV do Magazine Luiza superou a Via, sua principal concorrente, também observamos que o Mercado Livre continua a se afastar dos concorrentes", ponderam os analistas do Goldman Sachs.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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