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Havaianas dobra aposta nos EUA: Alpargatas tem novo distribuidor para ir além de 2 milhões de pares

Depois de ver as vendas recuarem no mercado americano nos últimos anos, companhia muda rota para chegar a mais pontos de vendas

EUA: país representou 9% do volume estimado e 19% da receita das operações internacionais da Alpargatas em 2025 (Leandro Fonseca/Exame)
EUA: país representou 9% do volume estimado e 19% da receita das operações internacionais da Alpargatas em 2025 (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de junho de 2025 às 19:46.

A Alpargatas mudou o caminho nos Estados Unidos. A dona da Havaianas anunciou nesta sexta-feira, 13, um contrato com a Eastman, que vai ser a distribuidora exclusiva dos seus produtos nos EUA e no Canadá — mercados em que a companhia vinha patinando nos últimos anos.

O contrato, que começa a valer em 2026 e, inicialmente, tem quatro anos de duração, é uma resposta da companhia a esses desafios e à ambição de Liel Miranda, CEO desde fevereiro de 2024, de recuperar os negócios da Alpargatas, especialmente no exterior.

E não é pouca coisa: os EUA representam 9% do volume estimado e 19% da receita das operações internacionais da Alpargatas em 2025.

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“O mercado dos EUA permanece uma prioridade para a Alpargatas e para a marca Havaianas, com 2 milhões de pares vendidos anualmente e potencial de crescimento”, diz a empresa em nota enviada ao INSIGHT.

“A companhia estudou detalhadamente o mercado e operação nos EUA no último ano para entender se o modelo de escala justificava uma operação completa nesta geografia. Trata-se de um mercado grande, complexo e competitivo em preço, no qual a maior parte do consumo é por impulso, então estar bem distribuído é muito relevante e a Eastman nos ajudará nesta execução”, afirma o texto.

Em março, em entrevista ao Na sua cesta, podcast do INSIGHT, Miranda afirmou que 2025 seria de recuperar a participação de mercado perdida nos últimos anos, especialmente nos Estados Unidos e Europa.

A companhia enfrentava dificuldades em atingir os canais ideais, contas-chave e escala necessária para alcançar o ponto de equilíbrio no Ebitda nos EUA — o país respondeu pela maior parte do Ebitda negativo das operações internacionais em 2024 ( cerca de R$ 140 milhões negativos).

Antes disso, ainda em 2022, a empresa enfrentou dificuldades após mudanças no acordo com a Amazon. Em uma teleconferência de resultados naquele ano, o então CEO, Roberto Funari, reclamou, por exemplo, que a loja oficial da Havaianas estava tendo de disputar com vendedores não-autorizados, numa briga que fica muito mais concentrada em preço do que em posicionamento de marca.

Agora, a parceria com uma distribuidora totalmente dedicada deve melhorar os resultados da operação americana, afirma João Soares, analista do Citi em relatório sobre o acordo. A operação atualmente é deficitária, mas representa um potencial de alta no resultado de 2026: “um EBITDA adicional de R$50 milhões representa um aumento potencial de 7% no lucro líquido projetado”, escreveu.

A Eastman opera nos Estados Unidos desde 1939, com forte presença em diversas categorias como calçados, vestuário e lifestyle. A empresa distribui ou licencia cerca de 30 marcas.

A Alpargatas estará exclusivamente focada em construção de marca, enquanto a Eastman assumirá responsabilidades por logística (incluindo trade marketing), vendas, área comercial e back office. Hoje, a Havaianas já é vendida em lojas de departamento como Macy’s e Nordstrom. Agora, deve chegar a mais lojas especializadas.

“Acreditamos que esse custo será mínimo em relação ao anterior na região. Reforçamos nossa recomendação de compra e confirmamos nossa visão otimista de curto prazo com o anúncio”, diz o relatório. Além da recomendação de compra, o banco mantém preço-alvo de R$ 11, considerando uma valorização da ordem de 20%.

Neste ano, a ação da Alpargatas ganhou fôlego, depois de grandes perdas. Em 2025, a valorização é de 45%, com fechamento de R$ 9,15 nesta sexta-feira – bem abaixo do pico de R$ 61,17 alcançado pela empresa em 6 de agosto de 2021.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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