Exclusivo: Ânima avalia venda da São Judas
XP sonda mercado em busca de comprador para a universidade paulista; tratativas ainda são preliminares
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 9 de outubro de 2023 às 11:58.
Última atualização em 9 de outubro de 2023 às 14:02.
A Ânima está considerando a venda a Universidade São Judas, uma das instituições de ensino mais tradicionais da região metropolitana de São Paulo e uma das primeiras faculdades a entrar no seu portfólio. A XP vem consultando o mercado em busca de comprador para o ativo, que já foi apresentado a alguns fundos e investidores estratégicos do setor, fontes com conhecimento do assunto disseram ao EXAME In. O processo ainda está em estágio inicial e não há nenhuma proposta firme na mesa.
A venda acontece em meio a uma tentativa de reduzir a alavancagem da companhia, que estava em 3,9 vezes o seu Ebitda no fim do segundo trimestre.
A Ânima tem R$ 3 bilhões em dívidas e vem com o balanço pressionado desde a aquisição dos ativos da Laureate no Brasil em 2021, por R$ 4,4 bilhões, que se seguiu à disparada dos juros.
Fundada em 1971, a São Judas foi uma das primeiras empresas a serem adquiridas pela Ânima, em 2014. Ao todo, são dez campi: dois que já existiam na época da aquisição (Mooca e Butantã) e outros oito inaugurados entre 2018 e 2019.
A Ânima vem buscando encontrar liquidez no seu balanço, com vendas de carteiras de financiamento estudantil e operações de sale and leaseback, em que os imóveis das universidades são vendidos mediante o fechamento de contratos de aluguel. Desde o começo do ano, a companhia está explorando diversas opções estratégicas, da busca de investidores ao desinvestimento de ativos pontuais, mas até agora não tinha contratado nenhum banco com mandato formal para perseguir uma venda.
A São Judas é um ativo já maduro e considerado mais líquido no setor, por sua força especialmente em cursos tradicionais, como o de direito. A companhia não abre números específicos da São Judas, mas no setor, estima-se que ela tenha um Ebitda na casa dos R$ 100 milhões a R$ 150 milhões por ano.
Num momento em que o setor de educação ainda é negociado a múltiplos historicamente baixos, achar um comprador mais disposto a atender as expectativas da Ânima não deve ser tarefa trivial — especialmente no setor de ensino presencial, que sofreu bastante no pós-pandemia. A companhia é conhecida por ser dura nas negociações. Segundo uma fonte, o processo começou a manifestação de interesse espontânea de um comprador pelo ativo -- a condições que não agradaram a Ânima. A partir de então, a XP vem sondando outros interessados.
“Nos ativos da Ânima, o difícil sempre é conseguir fechar um preço”, afirma uma fonte com conhecimento das tratativas. A Ânima já afirmou ao mercado que vem buscando alternativas de liquidez, mas sempre “preservando valor para os acionistas”.
O processo acontece três meses após a chegada de Átila Simões da Cunha, que faz parte do time fundador da Ânima e voltou como CFO em julho, depois da saída de André Tavares, que ficou cinco anos à frente da companhia.
As ações da Ânima acumulam baixa de 29% neste ano, negociadas a R$ 2,70, próximas da mínima histórica.
Procurada, a Ânima disse em nota que “não comenta especulações de mercado”.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.