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Fusões e Aquisições

Dia vende operação brasileira a veículo ligado ao Banco Master

Com valor simbólico de 100 euros, venda prevê aporte de 39 milhões de euros pelo grupo espanhol, enquanto comprador assume o negócio, que está em recuperação judicial; banco diz que não há capital proprietário na operação

 (Gabriel Correa/Exame)
(Gabriel Correa/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 31 de maio de 2024 às 09:59.

Última atualização em 31 de maio de 2024 às 12:19.

Atualizada às 10h37* – Dois meses depois de entrar em recuperação judicial no Brasil, a operação brasileira da rede de supermercados espanhola Dia tem um novo dono.

O Grupo Dia anunciou hoje que fechou um acordo para vender a operação nacional para um veículo administrado pela MAM Asset Management, do Master. Segundo o banco, não há dinheiro proprietário na operação. A gestora apenas estruturou um fundo para um comprador, que ainda não teve a identidade revelada.

O grupo espanhol fará um  aporte de 39 milhões de euros na operação, que vinha apresentando números deficitários há anos. Pelo teor do comunicado, o comprador deve assumir boa parte das dívidas. Segundo o Grupo Dia, a operação representará “uma saída limpa frente ao comprador, dada a responsabilidade limitada assumida pela sociedade no contrato”.

No total, o Dia Brasil deve representar uma baixa contábil para o grupo Dia de 101 milhões de euros. Além do aporte para a venda, ainda há 30 milhões de euros de pagamentos de dívidas financeiras garantidas, 27 milhões de euros para reclassificação das diferenças de conversão para o real e 5 milhões de euros por despesas associadas à operação.

Ao entrar com pedido de recuperação judicial, em 21 de março, o Dia tinha dívida total de R$ 1,1 bilhão, da qual a maior parte era com fornecedores e R$ 268 milhões eram com bancos.

A venda vem na sequência de anúncios de reestruturação e recuperação judicial da operação brasileira, que vinha reportando perdas relevantes e sequenciais ao grupo que opera na Espanha e também na Argentina.

Uma semana antes do pedido de RJ, a companhia anunciou um grande plano de reestruturação com o fechamento de 343 lojas, no interior de São Paulo e em Belo Horizonte, e três centros de distribuição. A companhia tinha 587 lojas. "O plano é sacrificar metade da empresa para deixar a metade que está saudável. A grande meta é parar de queimar caixa", explicou à época uma pessoa próxima à operação ao INSIGHT apenas um CD e as lojas da Grande São Paulo foram mantidas.

Em 2023, o resultado negativo do Brasil fez a companhia dar uma baixa contábil de 60 milhões de euros. A receita líquida foi de aproximadamente R$ 3,9 bilhões.

Ao longo dos anos, o negócio acumulou queima de caixa. Em 2023, o prejuízo foi de 154 milhões de euros, com um fluxo de caixa livre negativo em 37 milhões de euros. A margem Ebitda foi negativa em 8,1%.

Criada em 1993, a varejista alimentar espanhola chegou ao Brasil em 2001. Os problemas começaram em 2021, quando começou a reportar resultados negativos. No ano passado, em meio a rumores de venda da operação brasileira, o Dia anunciou a chegada de Sébastien Durchon como CFO no país. O francês foi CFO do Carrefour Brasil. Neste ano, Durchon assumiu como CEO.

*A matéria foi atualizada às 10h37 para incluir posicionamento do banco Master dizendo que não há capital proprietário na operação e que a instituição apenas estruturou um fundo em nome de um cliente. 

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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