De olho em IPO, Sapore avança em facilities
Uma das líderes em refeições coletivas, companhia compra a Branco Branco e dobra presença em serviços como limpeza e manutenção
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 14 de agosto de 2023 às 10:27.
Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 11:05.
Desde que fez uma oferta que acabou não se concretizando pela IMC, em 2018, a Sapore busca um caminho para a Bolsa.
Agora, a empresa, uma das líderes no segmento de restaurantes corporativos no Brasil, começou a colocar em marcha seu plano em direção ao IPO, avançando sobre o segmento de facilities, que inclui serviços como limpeza, manutenção e segurança.
A companhia fechou a compra do controle da Branco Branco, uma empresa com sede em Alphaville (SP) fundada há 40 anos e que tem presença em 20 Estados brasileiros, com cerca de 2,5 mil funcionários.
A transação, de valor não revelado, foi a primeira feita pela Sapore desde a entrada do fundo de private equity Acon, que tem 19% do capital desde o ano passado, e estruturou uma área de fusões e aquisições, mirando uma listagem na B3.
O foco em M&A é justamente nas empresas de facilities, um setor muito mais pulverizado que o de refeições corporativas, e que soma um mercado endereçável de R$ 250 bilhões no país, de acordo com dados da AT Kearney.
“As oportunidades de consolidação neste segmento são muito grandes e há muita sinergia com o nosso negócio”, diz o fundador e hoje presidente do conselho da Sapore, Daniel Mendez, um self-made man que migrou do Uruguai para o Brasil com 11 anos e começou sua carreira como garçom.
A principal aposta é na venda cruzada de serviços. “Se o cliente gosta da operação de restaurante, que é uma operação tão sensível, é uma porta de entrada grande para o setor de facilities.”
Além das sinergias comerciais, a entrada nesse segmento traz uma redução de risco para o portfólio, diz Mendez.
Apesar de também ser intensivo em mão de obra, o principal custo no segmento de restaurantes e catering é o de alimentos. A Sapore foi construída sobre uma obsessão por métricas e padronizações que atravessam todo o processo, mas ainda assim acaba sentindo o peso do vai e vem das commodities.
Já em facilities, cerca de 80% do custo é de pessoas, o que reduz a volatilidade das margens.
A Sapore vem fazendo uma entrada gradual no segmento facilities desde 2018, quando comprou o controle de uma empresa pequena, a Unifacilities, integralmente adquirida em 2021.
De lá para cá, a receita cresceu e chegou a R$ 100 milhões – ainda pouco perto do faturamento de R$ 2,6 bilhões registrado pela Sapore no ano passado.
A Branco Branco dobra o tamanho do negócio dentro da companhia, com potencial para levá-lo a atingir R$ 300 milhões nos próximos 12 meses, afirma Mendez.
Segundo ele, um dos principais atrativos na Branco Branco foi o estilo de gestão, com a implantação uma série de métodos para controle de resultados que garantem a capacidade dos serviços. Os sócios da empresa adquirida seguem no comando.
“A Branco Branco está com uma geração nova, em que os filhos têm uma visão nova e clara, com muita inovação e que tem muita sinergia com o que a gente acredita”, diz.
Na busca por alvos de aquisição, a Sapore compete com outros concorrentes, como o Grupo GPS, listado em Bolsa, e que é o líder de mercado de facilities no país, com cerca de 5% de participação.
“É um setor muito pulverizado, em que tem espaço para mais de um player”, afirma Mendez.
Ele diz que por muito tempo foi resistente a avançar no segmento, por conta da especialização no setor de alimentação, mas hoje aposta que a expertise da Sapore em alimentação é uma vantagem para consolidar este novo mercado.
“Estamos indo de um setor mais complexo – que envolve lidar com perecíveis, cadeia de refrigerados, logística, atendimento de excelência ao cliente – para um menos complexo e estamos gostando de trabalhar com essa área.”
Apesar de mirar o IPO, a Sapore afirma que não deve aproveitar a janela que está se abrindo este ano. "Temos como foco 2024 e 2025. Queremos estar preparados para o dia depois [do IPO], não só para a venda."
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.