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Contra a maré: Ânima cria fundo de R$ 150 milhões para aportes em startups

Em meio ao mau humor do mercado para ativos de tecnologia, grupo de educação procura ativos em realidade virtual, metaverso e mais

Aquisição da MedRoom, empresa de realidade virtual para ensino de medicina, e da Gama Academy foi o passo inicial para investir em startups (MedRoom/Divulgação)
Aquisição da MedRoom, empresa de realidade virtual para ensino de medicina, e da Gama Academy foi o passo inicial para investir em startups (MedRoom/Divulgação)

Publicado em 23 de maio de 2022 às 19:51.

Última atualização em 23 de maio de 2022 às 20:05.

O mau humor do mercado em relação aos ativos de tecnologia já não é mais a novidade da semana. Para ficar em apenas um exemplo, segundo a Y Combinator, a ordem do dia para as startups investidas é “se prepararem para o pior”. Em meio ao clima de poucos amigos, a Ânima Educação vai na contramão do mercado e anuncia, nesta segunda-feira, a criação do primeiro fundo de corporate venture capital da companhia, o Ânima Ventures, para investir justamente em startups — não somente em edtechs. “É uma grande oportunidade, porque são empresas que estavam overvaluated. Agora, nossa meta é entrar em contato com startups com um valor mais justo e empreendedores mais cautelosos. Não há momento melhor para fazer isso, na nossa visão”, diz Reynaldo Gama, CEO da HSM, ao EXAME IN.

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O montante será dividido entre corporate venture capital (investimento nos mesmos moldes de fundos de investimento tradicionais) e venture building (apoiar empreendedores para que construam seus negócios do zero). O foco será investir em startups em early stage e Série A, com cheques que vão de R$ 1 milhão a R$ 6 milhões, nos próximos dez anos. Os recursos para o fundo vêm e virão 100% do caixa do próprio grupo, sem participação de bancos ou outras companhias — para ficar claro, os recursos injetados pela DNA Capital no grupo não estão contemplados aqui. “Já temos conversas com startups e está nos nossos planos fazer o primeiro anúncio de aporte em breve”, diz Gama. 

É o passo seguinte da estratégia de investimentos em startups que a companhia já trilhava, pelo menos desde 2019, ano em que a HSM estabeleceu a parceria com a Singularity University para trazer a capacitação para executivos referência no Vale do Silício ao Brasil. De lá para cá, a HSM já montou o Learning Village, hub de inovação para startups, e, no ano passado, o grupo Ânima fez duas aquisições de empresas desse tipo: a MedRoom, startup de realidade virtual e realidade aumentada para a educação médica, e a Gama Academy, de ensino de tecnologia. 

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Em relação aos ativos que podem receber investimentos a partir do fundo daqui para a frente, o executivo afirma que a companhia agora está de olho “em tudo” que possa impactar o setor de educação de alguma forma. Realidade virtual, inteligência artificial e healthtechs são alguns dos segmentos citados por ele como exemplos. Para entrar em contato com as empresas, a companhia vai usar tanto o Learning Village quanto o próprio relacionamento das 27 instituições de ensino que compõem o grupo com o ecossistema de inovação. 

No momento em que a aversão ao risco por parte do mercado está em alta, questionar a empresa sobre possíveis coinvestimentos parece inevitável. A resposta é afirmativa, a Ânima pretende fazer aportes junto com outras companhias nas empresas em que tiver interesse. Na média, o grupo quer uma participação de mercado de 10% a 30% das empresas investidas.

Em relação ao retorno esperado com os investimentos, Gama não entrega números, mas afirma apenas que “o foco é olhar para companhias que tragam retorno estratégico e financeiro”. No momento em que tudo que os investidores mais querem é “show me the money”, mais uma vez a companhia caminha na contramão. 

De olho em ativos como esse, a Ânima vai estender o olhar além das fronteiras do país: regiões como os Estados Unidos e Europa também estão na mira para recursos do fundo. É uma estratégia que faz sentido, de certa forma. Hoje, os Estados Unidos têm metade das startups avaliadas em US$ 1 bilhão (488), seguidos pela China (170), Índia (55) e Reino Unido (37), de acordo com dados da CB Insights. O Brasil, nesse levantamento, tem cerca de 20 empresas nesse padrão, ainda segundo o mesmo levantamento. 

Estender o olhar também faz sentido do ponto de vista de avaliação de mercado. Hoje, não são só empresas brasileiras as únicas a sofrerem com aumento de juros — que impacta diretamente o valuation das companhias. Em meio ao caos mesmo para as startups já estabelecidas no setor, o que a Ânima quer é diferenciar o joio do trigo para colher os melhores resultados. Só o tempo é capaz de dizer quanto o momento e os aportes conseguirão cumprir essa tarefa. 

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