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Estados Unidos (EUA)

Aos 100 anos, morre Henry Kissinger, Nobel da Paz e responsável por aproximar EUA e China

Ex-secretário de Estado moldou a política externa americana e ganhou um Nobel pelas negociações para o fim da Guerra do Vietnã; mas não viajou para receber o prêmio

Morre Henry Kissinger: ex-secretário de Estado americano moldou política externa global  (Kirsty Wigglesworth/Pool/Exame)
Morre Henry Kissinger: ex-secretário de Estado americano moldou política externa global (Kirsty Wigglesworth/Pool/Exame)
Lucas Amorim

Lucas Amorim

29 de novembro de 2023 às 23:14

O ex-secretário de Estado americano e Nobel da Paz, Henry Kissinger, morreu nesta quarta-feira aos 100 anos, segundo um comunicado de sua empresa de consultoria, que não especificou a causa.

Kissinger foi responsável pela política externa dos Estados Unidos durante os governos de Richard Nixon e Gerald Ford e pelas últimas seis décadas foi protagonista das relações internacionais, aconselhando um total de 12 presidentes americanos -- até mesmo Donald Trump o visitou em sua campanha rumo à Casa Branca, em 2016. Foi responsável pela reaproximação dos Estados Unidos com a China de Mao Zedong, e nos últimos 40 anos visitou por mais de 100 vezes o país asiático.

Imigrante judeu, Kissinger chegou aos Estados Unidos fugindo da Alemanha nazista ainda adolescente, em 1938. Aprendeu rapidamente o inglês, formou-se em Harvard e construiu uma sólida carreira acadêmica, como diplomata e escritor. Seus livros sobre estratégia e relações internacionais viraram sucesso de venda em reedições nos últimos anos.

Foi indicado ao Nobel da Paz em 1973 junto com o vietnamita Le Duc Tho, por negociações que levaram ao fim da Guerra do Vietnã. Teve também papel ativo na Guerra Fria, sendo considerado um dos responsáveis pela "détente" que evitou ataques nucleares entre as potências. Também foi ativo nas negociações que reduziram a influrência russa no Oriente Médio, mas não conseguiu levar adiante acordos de paz entre árabes e israelenses.

Ao longo de sua trajetória, foi alvo de constantes críticas por sua visão tida como excessivamente objetiva e "amoral" dos eventos. "Maquiavélico" e "egocêntrico" estão entre os adjetivos mais usados por seus críticos. Kissinger não viajou a Oslo para receber o Nobel, por exemplo, preocupado em ser alvo de protestos. Sua escolha bastou para que dois integrantes do comitê norueguês entregassem o cargo. Ele também foi negociador ativo em episódios controversos como a deposição de Salvador Allende, no Chile, em 1973.

Kissinger é estudado em cursos de liderança mundo afora. Uma de suas principais lições é que um bom líder deve balancear o que sabe sobre o passado com o que intui sobre o futuro.

"Com seu sotaque alemão, sua vontade incisiva, seu jeitão de coruja e uma queda por socializar em Hollywood e namorar estrelas de cinema, ele era instantaneamente reconhecido em todo o mundo, num grande contraste com a maioria de seus predecessores", destacou nesta quarta-feira reportagem do The Washington Post.

O diário americano ainda afirma que Kissinger alcançou "poder, fama e riqueza para além dos sonhos da maioria das pessoas na vida pública", mas que passou os últimos anos de vida "defendendo por que fez o que fez".

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Lucas Amorim

Lucas Amorim

Diretor de redação da Exame

Jornalista formado pela Universidade Federal de Santa Catarina, começou a carreira no Diário Catarinense. Está na Exame desde 2008, onde começou como repórter de negócios. Já foi editor de negócios e coordenador do aplicativo da Exame.