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'Voltamos ao Brasil do passado': Ibiúna não vê país beneficiado por Fed e estímulo chinês

Gestora vê política monetária pressionada por fiscal "excessivamente expansionista" -- e adiciona posição em ouro para se proteger da escalada dos conflitos no Oriente Médio

André Lion, CIO da Ibiúna Investimentos (Germano Lüders/Exame)
André Lion, CIO da Ibiúna Investimentos (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 3 de outubro de 2024 às 17:49.

Última atualização em 3 de outubro de 2024 às 17:52.

O mercado passou o ano todo na expectativa de que os cortes de juros nos Estados Unidos pudesse levar à entrada de recursos estrangeiros no Brasil. No entanto, nem a queda de juros já iniciada pelo Fed, nem os estímulos robustos da China anunciados na última semana devem ter grande impacto sobre os ativos brasileiros.

Essa é a avaliação da gestora Ibiuna, que administra R$ 18 bilhões em investimentos, em sua última carta aos investidores. O principal motivo, segundo a gestora, são, é claro, as fragilidades fiscais.

"Voltamos ao Brasil de um passado não tão distante, onde uma postura fiscal excessivamente expansionista demandava uma política monetária mais rígida, gerando pressão sobre a dívida pública e custos maiores para alcançar o equilíbrio entre crescimento e inflação", afirma a gestora.

O questionamento sobre o déficit fiscal e a sustentabilidade da dívida pública, segundo a Ibiuna, continua sendo o principal fator por trás da desancoragem das expectativas de inflação e dos juros reais elevados.

Além da decisão do governo brasileiro de reduzir os valores contingenciados no orçamento de 2024, a gestora também atribui o aumento do prêmio de risco nas curvas de juros e a piora do câmbio à "relutância" das autoridades fiscais em reconhecer esse cenário, possivelmente devido a "motivações eleitorais".

Sem perspectivas de melhora no cenário local, a Ibiuna segue apostando na desvalorização do real e na abertura das curvas de juros. Na bolsa, tem reduzido posições em empresas alavancadas e aumentado a exposição a companhias de commodities.

No exterior, avalia que as tendências de curto prazo dependerão especialmente das eleições americanas. "Isso será relevante para vários ativos, não só nos EUA, especialmente em caso de resultado eleitoral que aponte alinhamento partidário total entre presidência, Senado e Câmara".

Outra preocupação são as tensões no Oriente Médio. Dependendo da escalada do conflito, a gestora vê risco de uma aversão global ao risco, impulsionada pela alta do petróleo. Diante das turbulências geopolíticas, adicionou uma posição tática em ouro.

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Guilherme Guilherme

Formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Cobre mercado financeiro na Exame desde 2019. Também trabalhou na revista Investidor Institucional e participou do 9º Focas de Jornalismo Econômico do Estadão.

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