Startups Méliuz e Enjoei surprendem no resultado e sobem mais de 10%
Companhias mostram avanço significativo em dados operacionais de janeiro a março
Publicado em 6 de abril de 2021 às 09:58.
Última atualização em 28 de abril de 2021 às 14:35.
As duas novatas da vida digital na B3, Méliuz e Enjoei, fizeram bonito no pregão de segunda-feira, dia 5. O motivo não poderia ser melhor. Ambas divulgaram dados fortes nas prévias operacionais a respeito do primeiro trimestre de 2021. As ações da Méliuz subiram quase 10% e da Enjoei, praticamente 12%.
Como a restrição à circulação ficou mais forte apenas no último mês, a mensagem é a que os investidores mais queriam ouvir: que os negócios digitais dessas duas empresas não dependem da pandemia e do lockdown para crescer. Pode parecer óbvio para muitos, dado o tamanho do mercado para explorar, mas os investidores ficaram satisfeitos em ver para crer.
As duas foram as primeiras startups a listar ações na bolsa no fim de 2020, inaugurando um momento e status do mercado de capitais brasileiro. Primeiro veio a Méliuz, companhia agregadora de audiência para comércio eletrônico por meio de estímulos e serviços como cashback. Poucos dias depois, chegou o Enjoei, um market-place direcionado para moda e estilo de vida formado por pessoas físicas.
Ambas também passariam no teste número 1 do Softbank, a gigante investidora de tecnologia: crescimento de 100% ou mais nos principais indicadores para decidir se o negócio vale o investimento.
No Enjoei, o total movimentado dentro da plataforma (GMV) cresceu 102% na comparação anual, para R$ 172 milhões no primeiro trimestre deste ano. A conquista de novos vendedores dentro da plataforma teve alta de 118%, com incremento de 225 mil usuários. A adição de compradores avançou 107% e 202 mil novos CPFs foram vistos comprando na plataforma criada pelo casal Ana Luiza McLaren e Tiê Lima.
A companhia também mostrou que vem buscando novas frentes de crescimento, colocando seu market-place dentro de outros market-places, por exemplo. No pregão de ontem, o valor de mercado da empresa saiu de R$ 2,08 bilhões para R$ 2,35 bilhões.
A Méliuz mostrou forte expansão de novos adeptos de sua plataforma e serviços. Audiência é questão vital no comércio eletrônico. Os clientes da companhia, grandes redes de varejo e até mesmo os próprios fabricantes de produtos que querem experimentar a venda direta, vêm os bolsões de clientes como ouro. Não por outra razão que o fundador e presidente da empresa Israel Salmen costuma traduzir a Méliuz de um jeito divertido: “nós vendemos a picareta para a corrida do ouro”. Uma vez na plataforma, o varejo precisa fazer sua parte de ser interessante em suas ofertas para converter em vendas.
O total de usuários ativos na plataforma deu um salto de 238% na comparação anual, para 7,1 milhões durante o primeiro trimestre. A reserva de ouro cresceu, portanto. O GMV teve alta de 59% e somou R$ 2,9 bilhões nos três primeiros meses do ano.
Em termos absolutos, a velocidade de crescimento dobrou em comparação com a variação entre os trimestres do ano passado. Em 2020, a cada três meses, a movimentação subia R$ 200 milhões ante o trimestre anterior e, neste começo de ano, esse aumento foi de R$ 400 milhões.
A base do cartão Méliuz, em parceria com o Banco PAN totalizou 4,5 milhões, com 1,4 milhão de solicitações - total 19 vezes maior do que no primeiro trimestre de 2020.
Investidor feliz, ação em alta. Durante o pregão de ontem, o valor da Méliuz na bolsa passou de R$ 3,2 bilhões para R$ 3,5 bilhões.
Nenhuma das duas empresas divulgou ainda o balanço financeiro, aquele que traz, receita, Ebitda e lucro ou prejuízo. Não é que esses dados não são importantes — eles são e virão dentro do prazo regulamentar. Mas, na vida de uma startup, a corrida é por crescimento e aumento de eficiência. Você precisa expandir, criar novas frentes para expandir, anunciar planos e ideias para expandir. É o mantra dos investidores.
Ana Luiza MacLaren, do Enjoei, tem uma das melhores explicações sobre o assunto. Com seu jeito ao mesmo tempo despojado e direto, ela diz com a propriedade de quem teve uma vasta e badalada lista de investidores de venture capital antes de sua oferta pública inicial (IPO): “Acho engraçado como dão foco para prejuízo quando a gente divulga resultado, como se a gente fosse empresa madura. Aquele número lá, na verdade, é investimento - é esforço em crescimento, é compra de tempo e de usuário. Se a gente quisesse ser rentável agora, parava de crescer e daria lucro. Mas não tem o menor sentido isso com o espaço para crescimento existente ainda”.
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