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Siderurgia e metalurgia

Rock in Rio: como o Palco Mundo é a cara da nova Gerdau, que quer voltar a crescer

CEO afirma que após fase de desalavancagem, companhia entrará em novo ciclo de expansão

Palco Mundo, da 22ª edição do Rock in Rio: reciclado e reciclável (Gerdau/Divulgação)
Palco Mundo, da 22ª edição do Rock in Rio: reciclado e reciclável (Gerdau/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

3 de setembro de 2022 às 17:22

O palco dessa 22ª segunda edição do Rock in Rio, que foi construída pela Gerdau e é composta por 200 toneladas de aço, é o símbolo da reinvenção da companhia. E de um novo momento. Ao fim de junho, com um Ebitda recorde de R$ 6,7 bilhões obtido no segundo trimestre, a companhia alcançou seu menor nível de alavancagem na história. A dívida líquida equivale hoje a 0,18 vez o Ebitda acumulado em 12 meses.

“Nos últimos cinco anos, a Gerdau fez um esforço de desalavancar a empresa. Agora, nossa pauta volta a ser de crescimento”, afirma Gustavo Werneck, CEO do grupo, que tem 120 anos de história, em entrevista ao EXAME IN. E o executivo afirma que as próximas expansões de capacidade que forem realizadas serão a partir da sucata metálica.

De janeiro a junho, a Gerdau acumulou uma receita líquida de R$ 43,3 bilhões, 22% maior do que em 2021, apesar de o volume das vendas no período ter ficado praticamente estável. Ao fim do período, a companhia tinha R$ 12,4 bilhões de dívida bruta, para R$ 7,75 bilhões em caixa.

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Atualmente, a reciclagem representa a fonte de 73% da produção da companhia, que vende ao ano, em média, 15 milhões de toneladas de aço. Hoje, na governança da empresa, quem discute expansão é um comitê chamado “de estratégia e sustentabilidade”, que se reporta ao conselho de administração. “Ele [crescimento] vai vir da rota de sucata, a tendência é que esse número se amplie”, diz o executivo. O número em questão é o percentual de participação da reciclagem na produção.

Gerdau Rock in Rio

Aço Gerdau em detalhe do palco: produto da brasileira é 47% menos poluente que a média do setor (Gerdau)

Ao longo dos últimos anos, sempre que possível, a Gerdau deu preferência à produção a partir da sucata e não dos alto-fornos, que funcionam na base do carvão e são grandes emissores de carbono na atmosfera.

A indústria siderúrgica é responsável por 7% das emissões globais dos gases com efeito estufa. Mas, na Gerdau, o índice de emissão por tonelada de aço está muito abaixo da média do setor: 0,90 tonelada de CO² ante a 1,90 tonelada de CO².  A meta da empresa para 2031 é reduzir esse volume para 0,83 tonelada de CO² a cada tonelada do seu produto.

“O aço é absolutamente relevante na humanidade. Se não fosse ele, não teríamos chegado até aqui. E só vamos evoluir como sociedade, e nos temas de ESG, se o aço não estiver presente.  Ele está por trás de toda transição energética, toda a nova economia. Mas é um aço diferente, com baixíssima emissão de gás de efeito estufa”, ressalta Werneck

Atualmente, as 11 milhões de toneladas produzidas todos os anos com origem na reciclagem equivalem a 1.500 Torres Eiffel, de Paris, e o reuso da sucata metálica gera renda para aproximadamente 1 milhão de pessoas. Apesar de a Gerdau ter contratos B2B para comprar o resíduo de indústrias, a maior parte vem do trabalho de catadores, de acordo com o executivo. “Onde tem oportunidade comprar sucata, nós estamos. Até em desmonte de plataformas da Petrobras. Mas a maior parte vem da catação.”

Outras iniciativas da Gerdau para reduzir seus índices de emissão estão ligadas às fontes de energia. “Somos uma indústria muito eletrointensiva”, destaca o CEO. Então, entre os esforços está o de tornar o abastecimento cada vez mais limpo e renovável, especialmente com fonte solar e eólica. “Apesar de o Brasil ter uma matriz bastante limpa, como muitas vezes nos abastecemos no mercado spot, acabamos comprando também energia térmica, de carvão.”

Werneck lembrou que a companhia anunciou, no começo deste ano, a criação de uma joint-venture com a Shell, em Minas Gerais, para abastecimento da sua operação. Juntas, eles devem construir, no ano quem, uma fazenda solar com capacidade de 260 MWp e 50% da produção vai para a siderúrgica e a outra metade será vendida no mercado livre. Também na unidade nos Estados Unidos, Texas, houve a construção de um parque solar.

Recentemente, a unidade de Pindamonhangaba (SP) tornou-se uma B Corp, um selo atribuído para empresas que têm em seu negócio um modelo de desenvolvimento social e ambiental. A meta é que todas as controladas obtenham essa certificação até o 2025.

O Palco Mundo, portanto, como é feito 100% de aço é totalmente reciclável. Mas, antes de virar sucata, ele poderá ser reutilizado, diferentemente dos demais já construídos para as edições anteriores do festival. “Até o dia em que acharmos que não serve mais e ele será reciclado. E vai virar outras coisas importantes para a sociedade”, destaca Werneck. A mensagem da nova Gerdau é que, onde há aço, há oportunidade de renovação.

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