Logo Exame.com
Marfrig

R$ 20 bi para dentro: empresas brasileiras captam fora a menos de 4%

Seis companhias brasileiras aproveitam janela de forte liquidez e fazem emissões no mercado externo, todas com componentes ESG

Dinheiro verde: companhias brasileiras captam US$ 3,67 bilhões em 15 dias (Estrela/Divulgação)
Dinheiro verde: companhias brasileiras captam US$ 3,67 bilhões em 15 dias (Estrela/Divulgação)

Publicado em 17 de janeiro de 2021 às 16:24.

Última atualização em 22 de janeiro de 2021 às 00:02.

É meio de janeiro e as empresas brasileiras já captaram quase 3,67 bilhões de dólares —  ou 19,5 bilhões de reais — em títulos de dívida com prazos que variam de cinco a dez anos. Muitas delas alcançaram o menor custo registrado em sua história nessas recentes emissões. Taxas jamais pensadas para companhias brasileiras.

Já foram ao mercado, beber na caudalosa fonte da liquidez internacional, a fabricante de embalagens de papel Klabin — inaugurando as operações brasileiras, logo na primeira semana do ano —, os bancos BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o Itaú Unibanco, a holding Simpar, cujos negócios nasceram em torno da empresa de logística JSL,  a empresa de proteína animal Marfrig e usina de etanol de milho FS, na reabertura de uma operação do fim de 2020 (afinal, o que custa captar mais um pouquinho?).

Entre os emissores, bancos e companhias com parte relevante da receita em moeda internacional. A única que tem faturamento predominantemente no Brasil — e sem correlação com commodities internacionais — é a Simpar.

Todos os grandes grupos emitiram com taxas inferiores a 4% ao ano. Mais uma vez, a única exceção foi a Simpar, que pegou dinheiro a 5,20% para refinanciar uma “parede” de vencimentos em 2024. A transação também pode ser considerada a primeira dessa holding, uma vez que houve uma grande reestruturação societária e reorganização do grupo no ano passado.

Já a Klabin, por exemplo, antes mesmo de ser considerada uma empresa com grau de investimento, captou 500 milhões de dólares a 3,20%, apenas 10 bps a mais do que a Suzano no fim de 2020 — essa sim, investment grade. Sempre lembrando, claro, que a Suzano obteve a menor taxa de uma companhia brasileira não financeira. A menor em termos absolutos foi a do BTG Pactual (2,95%), para papéis de cinco anos. Itaú e Marfrig levantaram recursos, com vencimento em 10 anos, ao custo de 3,95%.

O componente comum das operações? Compromissos sócio-ambientais. Teve green bond, sustainability linked-bond e sustainability bond — em breve deve ter até “gender bond’. Os coordenadores das operações afirmam que a lista de papéis possíveis é grande e a atividade deve continuar forte, tanto com títulos conhecidos como com inovadores.

A sigla para ambiental, social e governança (ESG) deu as caras nem bem 2021 começou. A temática esteve presente em absolutamente todas as operações do ano, até agora.

Para justificar a redução das taxas veio logo o neologismo: “greenium”, mistura de green com premium. Mas, verdade seja dita, ninguém ainda consegue separar o que é prêmio, de fato, pelas boas práticas e o que é simplesmente reflexo de um excesso de recursos à disposição no mundo, quando as taxas dos governos está no piso histórico — basta olharmos para o Brasil, sua situação econômica e a Selic no piso histórico de 2% ao ano.

Na dúvida, enquanto for possível, todo mundo vai querer ser verde, social e engajado. A previsão em 2020, afinal, é que exceção seria “não ser”. Só não se sabia que isso seria tão já.

O próprio Tesouro Nacional bebeu na mesma fonte. Em junho, captou 3,5 bilhões de dólares e os papéis com vencimento em 2030 saíram a 4%. Em dezembro, o Brasil voltou aos investidores internacionais para obter outros 2,5 bilhões de dólares: os títulos para 2030 oferecem remuneração de 3,45% e, para 2050, 4,5%.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Continua após a publicidade
Com nova planta, Suzano projeta queda de 'um dígito alto' em custo em 2025

Com nova planta, Suzano projeta queda de 'um dígito alto' em custo em 2025

Uma estreia na Bolsa? Simpar propõe cisão da Vamos e fusão com a Automob, de concessionárias

Uma estreia na Bolsa? Simpar propõe cisão da Vamos e fusão com a Automob, de concessionárias