Petrobras, Chevron e Total abastecem mercado com US$ 25 bi em dividendos e recompras
Chevron e Total anunciaram recompras bilionárias com lucros recordes
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Petróleo: no mundo todo, companhias alcançam lucros recordes e ampliam rentabilidade para os acionistas (Anton Petrus/Getty Images)
Publicado em 28 de julho de 2022, 17h59.
Última atualização em 29 de julho de 2022, 16h05.
Ninguém acertou! A Petrobras conseguiu surpreender até os mais otimistas. O ultra dividendo anunciado nesta tarde, dia 28, coloca a estatal brasileira com uma rentabilidade muito acima — para os acionistas — do que suas pares internacionais. Os R$ 87,8 bilhões em dividendos, equivalem a R$ 6,732 por ação, um ‘dividend yield de 20% somente no terceiro trimestre. Se for considerado o semestre, esse percentual sobe para incríveis 30%.
Na média, as petroleiras estrangeiras estão apresentando um retorno caixa de 10% ao ano, para seus lucros astronômicos, mas na soma entre yield e recompra de papéis. Durante a manhã, o mercado já havia se surpreendido com a Shell. Na esteira de um lucro recorde de US$ 11,5 bilhões, a companhia anunciou um novo programa de recompra de US$ 6 bilhões — após investir US$ 8,5 bilhões no primeiro semestre nessa estratégia. A empresa tem preferido retornar o período de bonança nos preços internacionais por meio de recompras, pois manteve o pagamento de dividendo em US$ 0,25 por ação.
Na soma entre Petrobras, Shell e Total, só hoje os mercados receberam o anúncio de que serão inundados em US$ 25 bilhões em remuneração para acionistas. Só falta voltar à moda o antigo apelido de petróleo: ouro negro.
Para Petrobras, recompra de ações não funciona — o dinheiro não chega ao caixa da União controladora. Lá fora, dividendo é tributado e a compra de papéis compensa mais. E, especialmente esse pagamento extraordinário da estatal, foi uma solicitação do governo para fazer frente aos gastos extras no Orçamento, com a PEC Eleitoral, que trará uma despesa adicional de R$ 41,5 bilhões. Aliás, o dividendo anunciado sequer poderia ser usado para recompra, pois ultrapassaria o limite de 10% das ações em circulação.
O Oráculo sabia
Ao que tudo indica: certo estava Warren Bufett, que depois de passar a pandemia com uma posição altíssima de caixa na Berkeshire Hathaway, elegeu o setor de petróleo como um de seus preferidos. Neste ano, o Oráculo de Omaha aumentou sua participação em Chevron, para mais de US$ 25 bilhões, e montou uma participação de 18,5% na Occidental Petroleum, equivalente a US$ 13 bilhões.
A decisão de fazer o investimento começou antes mesmo da guerra na Ucrânia estourar, em 24 de fevereiro. Mas, após o conflito estourar, a compra de posições se acelerou e há quem acredite que ele pode, inclusive, partir para adquirir toda a Occidental.
Uma bolsa rentável
A bolsa brasileira nunca foi tão rentável, quando se consideram os dividendos pagos pelas companhias. O boom dos preços internacionais de commodities, nas mais diferentes indústrias —petróleo, minério, alimentos, papel, etc — ampliou o lucro das companhias e, com isso, os proventos pagos. Antes mesmo desse anúncio da Petrobras, Henrique Bredda, gestor do Alaska, apontava nas redes sociais que o dividend yiel esperado para as empresas do IBX nunca esteve tão alto nos últimos dez anos, em 9,5%, na média.
O retorno está superior até mesmo ao de 2020, quando a bolsa despencou — na época, ficou em torno de 5%. Essa é uma fotografia que tem relação direta com as commodities, já que a bolsa brasileira tem diversas empresas com esse perfil. Mas também demonstra uma estratégia correta de alocação de capital por parte das companhias. No fim de maio, o analista do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle de Exame) Cadu Siqueira mostrava que a alavancagem das 125 principais empresas da B3 saiu de quase 3 vezes Ebitda para 1,2 ve (considerando Petrobras e Vale), entre 2015 e 2021. Sem Petrobras e Vale, esse indicador estava em 1,6 vez. A geração de caixa das empresas aumentou 44%, enquanto a dívida líquida subiu menos da metade, por US$ 19 bilhões.
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