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Oi deve sair da recuperação judicial com dívida 75% menor, em R$ 19 bi

Dívida da época do pedido de recuperação judicial seria equilavente a R$ 85 bilhões hoje

Nova Oi: receita de fibra da companhia cresceu quase 55% na comparação anual, para R$ 913 milhões (SOPA Images/Getty Images)
Nova Oi: receita de fibra da companhia cresceu quase 55% na comparação anual, para R$ 913 milhões (SOPA Images/Getty Images)
GV

Graziella Valenti

29 de junho de 2022 às 15:38

A Oi tem agora R$ 19 bilhões em dívida bruta. Essa é o endividamento da companhia, que está prestes a finalizar o processo de recuperação judicial. Quando a empresa decidiu ir à Justiça para renegociar suas dívidas, há exatos seis anos, listou o equivalente a R$ 65,4 bilhões. Só que, considerando os compromissos em moeda estrangeira da época e o câmbio de hoje, é como se a empresa tivesse registrado cerca de R$ 85 bilhões em compromissos, de acordo com cálculos aproximados da própria empresa fornecidos ao EXAME IN.

Portanto, é como se o processo como um todo tivesse levado a uma redução entre 75% e 80% dos vencimentos — parte com uma conversão de dívida em capital, detida pelos bondholders, e parte pela venda de ativos. A companhia divulgou nessa madrugada os números relacionados ao primeiro trimestre de 2022 e, como era esperando, durante a teleconferência realizada no fim da manhã, o tema central foi a dívida e a liquidez do negócio daqui para frente.

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Considerando o que será a nova Oi de agora em diante, a receita líquida foi de R$ 2,5 bilhões e o Ebitda, de R$ 614 milhões, entre janeiro e março. Portanto, a companhia é agora um negócio de receita líquida anual de R$ 10 bilhões.

A posição de caixa caiu de R$ 3,3 bilhões para quase R$ 2 bilhões, entre dezembro e março. Cristiane Barreto, CFO da Oi, afirmou durante a teleconferência realizada hoje que a empresa ainda não fechou os cálculos para divulgar ao mercado a respeito de qual a posição financeira que precisa ter neste ano para dar conta do novo perfil de passivos. Esse é um dos temas que mais preocupa os investidores para o futuro.

Ao longo dos três primeiros meses, o caixa sofreu principalmente devido ao pagamento de juros relacionados à dívida com o BNDES — que foi quitada em abril — e também a outros compromissos. No total, a empresa pagou R$ 14,4 bilhões em compromissos ao longo do segundo trimestre, cujo balanço ainda não foi divulgado. É a eliminação desses vencimentos que leva a companhia a um endividamento bruto total de R$ 19 bilhões, quando comparado aos R$ 33 bilhões registrados ao fim de março.

Com a venda da operação móvel e da rede de fibra, contudo, a necessidade de investimento da empresa foi sensivelmente reduzida. Os investimentos relacionados à nova Oi no primeiro trimestre, por exemplo, somaram R$ 345 milhões. Trata-se de 18,5% do total investido em igual período de 2021.

Além do esforço de redução de dívida e da natural diminuição da necessidade de investimento, a Oi também realizou movimentos para reaquedar seu perfil de custos e despesas. A digitalização de processos, a redução de pessoal (houve um corte da ordem de 2.000 mil funcionários neste ano) já permitiram que a Oi reduzisse as despesas de rotina em 7,2%, na comparação entre o primeiro trimestre de 2022 e igual período do ano passado, de forma a compensar a inflação.

Durante a apresentação aos investidores, a Oi se empenhou em demonstrar aos investidores como os negócios relacionados ao que é seu novo core business cresceram. A receita de fibra aumentou 54,3% ano contra ano e somou R$913 milhões de janeiro a março de 2022, com uma expansão de 44% no total de casas conectadas. O faturamento com negócios "não telecom" tiveram expansão de 66%. O desafio do futuro é como o desempenho da nova Oi vai dar conta do que sobrou de legado da velha Oi, especialmente nos passivos.

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