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Telecomunicações

Nubank entra em telecom. ‘Cisne roxo’ ou tiro na água?

XP vê ameaça para TIM e Vivo, com o roxinho chegando a 7% de market share em telefonia móvel em três anos; para o Bradesco BBI, no entanto, desafios estruturais do setor jogam a favor das incumbentes

 (Qi Yang/Getty Images)
(Qi Yang/Getty Images)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de maio de 2024 às 14:14.

Última atualização em 21 de maio de 2024 às 18:23.

O Nubank entrou de maneira discreta no setor de telecom, com uma licença de mobile virtual network operator (MNVO) em parceria com a Claro. A XP chamou atenção para o movimento, que tinha passado despercebido, com um relatório divulgado ontem à tarde, em que classifica a estreia do roxinho como um “cisne roxo”, que pode ameaçar concorrentes como a Vivo e a TIM.

Em resposta à repercussão, no entanto, o Bradesco BBI divulgou hoje uma nota bem mais cética, destacando os desafios em telefonia móvel – em que, num resumo livre, avalia que o roxinho pode estar dando um tiro na água.

Em bom português, os MVNOs são empresas parceiras que oferecem planos de telefonia móvel sob suas marcas por meio de um aluguel da capacidade de rede da operadora. No caso do Nubank, a expectativa é que o serviço entre em operação no terceiro trimestre.

Nas contas da XP, o Nubank pode chegar a um market share de 7% em telefonia móvel nos próximos 3 anos, alavancado pelo baixo custo de aquisição e de servir os clientes, além de sua participação de 22% no mercado de recargas. O valor presente líquido da iniciativa pode chegar na casa dos US$ 650 milhões.

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“Numa escala de ‘remoto, possível e provável’, achamos que é provável que algum nível de impacto vá ocorrer nos negócios de hoje [de telecom]”, afirmou o analista Bernardo Guttmann. Segundo ele, diferentemente de outras MVNOs, que pagam apenas o aluguel, o Nubank fez uma parceria de revenue share com a Claro, que pode alinhar melhor os interesses e dar mais poder de preço ao roxinho.

Bradesco BBI, por sua vez, lembra da experiência da Porto Seguro, que tentou entrar sem sucesso neste mercado.  “A qualidade da rede será a mesma oferecida pelo operador que aluga a capacidade. Em termos de preço, também é difícil ser mais competitivo que o operador que está vendendo a capacidade”, argumenta a equipe do banco, dizendo que a entrada em novo setor pode, inclusive “machucar o NPS dos produtos core”.

Segundo o BBI, no caso da Porto, os clientes tinham expectativas elevadas pelo serviço com base na reputação da seguradora – que não foram atendidas dadas as limitações em relação à experiência do cliente que estão nas mãos dos MVNOs.

Outra dificuldade é que, no Brasil, a oferta de telefonia móvel vem crescendo nos combos com Internet e serviços fixos, um produto que o Nu não consegue oferecer.

“É possível ganhar algum market share por meio da distribuição mais efetiva e da boa reputação de marca, mas os principais fatores de sucesso continuam sendo a qualidade da rede e o preço competitivo, que são desafios grandes para as MVNOs atingirem comparado com os operadores já estabelecidos”, avalia o BBI.

A entrada do Nubank no segmento vem num momento em que o mercado telefonia móvel finalmente está mais racional em preços, com a saída da Oi. Se o banco conseguir fazer com o mercado de telecom uma fração do que fez em serviços bancários, deslocando incumbentes com preço mais baixo e melhor experiência do usuário, o jogo pode começar a mudar.

A mais vulnerável nesse cenário seria a TIM, na avaliação da XP, por conta da sua maior dependência de planos pré-pagos e Controle. Já a Vivo tem mais penetração em planos pós-pagos e combos com outros serviços, o que a deixa mais protegida, pondera a corretora.

Independentemente de quem está certo, num setor que está mais para mar vermelho que oceano azul, vale monitorar o impacto da onda roxa.

Para quem decide. Por quem decide.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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