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Natura volta a animar – mas o mercado fica de olho na ‘Onda 2’  

No segundo trimestre, a empresa reduziu prejuízo e melhorou a margem Ebitda de todas as operações

Natura &Co: recuperação de rentabilidade veio melhor do que o esperado (Leandro Fonseca/Exame)
Natura &Co: recuperação de rentabilidade veio melhor do que o esperado (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 15:50.

Última atualização em 15 de agosto de 2023 às 16:04.

Após um 2022 para esquecer, a Natura &Co voltou a entregar melhora de margens no segundo trimestre, mesmo em negócios mais encrencados, como Avon International e The Body Shop, dando uma sinalização de que o movimento de turnaround começa a tomar forma.

As ações da companhia estão entre as maiores altas do Ibovespa, com alta de cerca de 5%.

Mas, ainda um tanto quanto cético em relação à retomada em um ambiente macro desafiador e inúmeros desafios operacionais, analistas e investidores seguem de olho nas novidades na integração da força de vendas de Avon e Natura no Brasil, a chamada Onda 2, cujos detalhes vão ser apresentados pela empresa em teleconferência amanhã.

A companhia também desenha um plano para dar mais clareza sobre seus planos no longo prazo. “No segundo semestre, vamos dar mais visão sobre nossa estratégia corporativa”, disse o CFO Guilherme Castellan, em teleconferência com jornalistas.

No segundo trimestre, o prejuízo líquido da Natura &Co ficou 4,6% menor, a R$ 732 milhões. Grande parte do impacto na linha final veio das despesas financeiras – o que deve ganhar algum alívio na segunda metade do ano, quando entrarem os recursos referentes à aguardada venda da Aesop para a L’Oréal.

No terceiro trimestre vão entrar no caixa cerca de US$ 2,5 bilhões. "O impacto [da conclusão da venda] de liquidez e de alavancagem já começa a ser resolvido no terceiro trimestre. Já o impacto no resultado só devemos começar a ver no quarto trimestre e mais fortemente no primeiro", afirma Castellan. A alavancagem do grupo era de 4,17 vezes ao fim de junho.

A receita líquida somou R$ 7,8 bilhões, queda de 4%. Se considerada os critérios de moeda constante, a receita ficou 1,9% maior, com a marca Natura sendo a menina dos olhos: as vendas cresceram 19% no Brasil.

Na outra ponta, The Body Shop ainda é um ponto nevrálgico. As vendas continuam em queda. Em abril, a empresa trocou de CEO, com a chegada de Ian Bickley, cujo trabalho vai ser de revisitar a estratégia, segundo o CEO Fabio Barbosa.

"Vamos revigorar a marca. Ver em quais países teremos de concentrar investimentos", diz, acrescentando que o grupo, como um todo, tem como prioridade a "disciplina na alocação dos recursos".

Já a margem Ebitda da Avon Internacional ficou em 4,4%, uma alta de 1,1 ponto percentual, enquanto a The Body Shop chegou a 5,4%, um aumento de 2,1 pontos percentuais. No consolidado, o Ebitda da Natura &Co somou R$ 753 milhões, com margem de 9,7%, 2,3 pontos percentuais mais do que um ano antes.

"No geral, os resultados mantiveram a tendência positiva observada no primeiro trimestre de expansão da margem bruta, apesar de alguns investimentos [esperados] em despesas operacionais", escreveram os analistas do Itaú BBA em relatório.

Segundo eles, no entanto, é importante lembrar quanto a empresa tem sido enfática sobre a possibilidade de volatilidade nas margens ao longo do ano. "Aspecto que continuaremos monitorando de perto", acrescentam.

A equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) também prefere manter a cautela, apesar de reconhecer as melhorias. "Embora aplaudamos os esforços para simplificar sua estrutura e melhorar as margens, o curto prazo deverá continuar desafiador em termos de fundamentos, o que nos mantêm neutros para o papel."

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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