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Multiplan: As opções na mesa para a compra da fatia da Ontario

Aposta do mercado é que a Isaac Peres vai exercer seu direito de preferência – o que pode, inclusive, disparar uma distribuição extraordinária de dividendos, na visão de analistas

Multiplan:  Clausulas do acordo de acionistas protegem contra risco de pulverização (Multiplan/Divulgação)
Multiplan: Clausulas do acordo de acionistas protegem contra risco de pulverização (Multiplan/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

25 de junho de 2024 às 11:53

Na noite de ontem, o Ontario Teachers Pension Plan (OTPP) surpreendeu o mercado ao anunciar sua intenção de vender a fatia de 18,5% na Multiplan.

Mas, diferentemente de outros movimentos do tipo, o temor de uma inundação de ações no mercado é pequeno – e pode, inclusive, disparar um aumento no retorno aos acionistas da companhia seja via recompra de ações ou distribuição extraordinária de dividendos, na avaliação de analistas.

As ações abriram o pregão de hoje em queda de pouco mais de 1% e por volta das 11h30, negociavam próximas à estabilidade, com recuo de 0,65%.

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A fatia do OTPP está amarrada num acordo de acionistas com a família Peres, fundadora, que tem direito de preferência. Num contrato bem amarrado, caso ele não seja exercido, a venda precisa ser feita para um único investidor, que não pode ser um competidor e vai se submeter às mesmas cláusulas da OTPP, o que elimina o risco de pulverização da base acionária.

No mercado, a expectativa é que a família Peres exerça seu direito de preferência, especialmente dado o valor descontado da Multiplan na bolsa, o que levaria a fatia dos maiores acionistas de uma participação atual dos atuais 25,2% para 43,7%.

A baixa liquidez da fatia do fundo de pensão canadense, inclusive, dá ainda mais poder de barganha para os fundadores.

Seria um cenário de menor risco em relação à venda para uma terceira parte, que traz temores sobre o que pode acontecer com a companhia quando o acordo de acionistas vencer, em 2037.

O Santander pondera ainda que tanto a Multiplan quanto a família Peres tem um histórico de exercer direitos de preferências para seus melhores ativos, mesmo quando isso demanda uma dose de alavancagem. Em relatório, a analista Fanny Oreng lembra que a aquisição de 50% da Renasce Malls da Bozano em 2006 levou o endividamento a 4,5 vezes.

Caso a família Peres decida comprar a participação, há ainda possibilidade de distribuição de dividendos extraordinários para aliviar o endividamento da holding MPAR, aponta o Itaú BBA.  Forte geradora de caixa, a companhia tem R$ 3,44 bilhões em lucros retidos.

Num exercício hipotético, se houver uma distribuição de R$ 2,5 bilhões (equivalente ao que vale a fatia OTPP a preços de hoje) a dívida líquida subiria das atuais 1,3 vez para 2,5 vezes em 2024, mas cairia rapidamente para 2 vezes em 2025, dada a forte geração de caixa da empresa, aponta o banco.

Na prática, isso aumentaria em 7% a 11% o múltiplo de preço por fluxo de caixa das operações em relação aos múltiplos atuais.

Há, no entanto, outra opção na mesa: a possibilidade de a própria Multiplan comprar a fatia do OTPP via um programa de recompra de ações, ainda de acordo com o BBA.

A compra seria feita via Multiplan, com o cancelamento das ações. Nesse cenário, a fatia da família Peres sairia de 25,2% para 30,1%, enquanto o free-float passaria de 56,3% para 69,1%.

Parece uma opção mais improvável, dado que mantém o risco de se tornar uma corporation e aumentar o espaço para ofertas hostis.

Além disso, em tese, a geração de valor para os acionistas seria semelhante nos dois cenários – seja via recompra ou dividendos. Mas o Itaú aponta que a opção de compra via a família Peres ainda é a melhor hipótese, dado que pode levar a uma distribuição ainda mais de dividendos.

Se distribuir 100% dos R$ 3,44 bilhões hoje retidos, o múltiplo para 2026 e 2027 poderia aumentar 14% e 19%, respectivamente.

A OTPP informou na sexta-feira a MPAR sobre sua intenção de vender o controle e a holding tem agora 90 dias para dizer se exercerá seu direito de preferência.

Caso opte por não exercer, o fundo de pensão canadense pode ir a mercado. Após receber ofertas, precisa levá-la a aprovação da família Peres, que pode optar por comprar a participação nos mesmos valores oferecidos por terceiros e indicador um novo comprador para a fatia.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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