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Mercado Livre

Mercado Pago recebe US$ 233 milhões do Goldman para ampliar crédito

Captações do Mercado Livre para funding de crédito junto a grandes bancos já ultrapassa US$ 1 bilhão

Mercado Pago: foco em população desbancarizada para continuar crescendo, mesmo com inadimplência desafiadora (Mercado Pago/Divulgação)
Mercado Pago: foco em população desbancarizada para continuar crescendo, mesmo com inadimplência desafiadora (Mercado Pago/Divulgação)

Publicado em 12 de julho de 2022 às 07:21.

O Mercado Livre anunciou que sua fintech Mercado Pago obteve uma nova linha de financiamento privado de US$ 233 milhões (R$ 1,2 bilhão) do Goldman Sachs. O objetivo, com o dinheiro, é aumentar a oferta de crédito no Brasil e no México (com US$ 106 milhões e US$ 127 milhões cada, respectivamente). A injeção de capital do Goldman Sachs atinge um total de US$ 485 milhões (R$ 2,6 bilhões) entre 2021 e 2022, o que representa um dos maiores investimentos feitos pelo banco na região. Mas a relação é ainda mais antiga.

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A primeira operação feita pelo banco com a empresa foi anunciada em setembro 2020, em um patamar significativamente menor (R$ 400 milhões). Além do Goldman, o Mercado Pago captou US$ 375 milhões (R$ 2 bi) com o Citi, em novembro do ano passado, também para expandir a vertical de crédito. Considerando todos os aportes feitos até aqui, somados, o Mercado Pago ultrapassa a marca de US$ 1 bilhão em captações para funding.

A iniciativa vem em meio ao aumento dos juros em todo o mundo, um dos principais vilões para a captação de recursos das fintechs. Queridinhas do "mundo novo da tecnologia", essas empresas enfrentam uma prova de fogo com o atual ambiente: alta no custo de capital combinada a um aumento da inadimplência.

"Não há muitos ativos no mercado com as condições de mercado que temos. Operamos com prazos curtos de empréstimos e pagamentos, o que ajuda a nos adaptarmos de forma rápida caso, por exemplo, a Selic suba", diz Facundo Cuppi, diretor de estratégia e operações de crédito do Mercado Crédito. Hoje, os empréstimos para pessoa física têm prazo médio de três meses de pagamento e os para pessoa jurídica, considerando PMEs, de 12 meses. 

Mesmo em condições para financiar a expansão da operação, a companhia não está totalmente imune ao avanço da inadimplência. Considerando a América Latina (a companhia não divulga dados por país), os empréstimos com atraso a partir de um dia da data de pagamento estão em 27,6%, 330 pontos base acima do que foi registrado no quarto trimestre de 2021. Mas que ainda apresenta vantagem em relação ao primeiro trimestre de 2021, quando o indicador estava em 35%.

Entrando mais a fundo nos dados para entender o percentual de atrasos superior a 90 dias dentro dos 27,6%, a companhia mostra que esse percentual está em 19,6% no primeiro trimestre deste ano, percentual similar ao do quarto trimestre do ano passado, de 18,4%. Na comparação anual, porém, houve uma piora significativa: era de 11,22% no primeiro trimestre de 2021.

Questionado a respeito do aumento da inadimplência (especialmente no Brasil, em que dados do SPC mostram o número recorde de 66,6 milhões de nomes negativados), Cuppi, afirma que os patamares estão dentro do que é esperado. "Trabalhamos em um segmento que, em geral, tem índices maiores de inadimplência quando comparados a instituições financeiras tradicionais. Hoje, 75% do nosso público não teria acesso a crédito nestas instituições, por exemplo. E conseguimos atendê-los de forma eficiente por causa de nossos modelos de machine learning, que consideram mais de 2,5 mil variáveis para analisar o crédito dessa população. A inclusão financeira está no centro da nossa estratégia", diz o executivo.

Parte dessa estratégia pode ser comprovada nos dados do primeiro trimestre. De acordo com as informações enviadas à SEC, o primeiro trimestre fechou com um portfólio de US$ 2,4 bilhões, sendo 53% empréstimos a consumidores e 19% cartão de crédito. A carteira de empréstimos era de US$ 1,7 bilhão no fim de 2021. Trata-se de um avanço superior a 40% em cenário para lá de desafiador.

Os avanços, segundo a companhia, se relacionam com o desenvolvimento de mais ofertas personalizadas e pelo próprio aumento da oferta de cartões — um meio de pagamento mais do que popular no Brasil. Além disso, a empresa começou a operação de cartões de crédito no Chile, aos vendedores do Mercado Livre.

Cuppi explica que apesar de promissora, a vertical de cartão de crédito é ainda bastante recente, como resposta ao fato de que o dinheiro captado até agora irá para as demais verticais da companhia. "O crédito ao consumidor e às empresas tem muito mais track record, o que deixou os bancos mais seguros para investirem nelas", diz o executivo.

Apesar das dificuldades no ambiente financeiro global (com destaque para o Brasil, que começou antes do restante do mundo a subir a taxa de juros), o Mercado Pago continua sendo a menina dos olhos dentro do Mercado Livre, e já responde por quase metade da geração de recursos do grupo. O total de pagamentos (TPV) que passou pela plataforma, seja via cartão ou pagamentos digitais, alcançou US$ 25,3 bilhões, superando o volume do quarto trimestre (sazonalmente, o mais forte do ano), que havia totalizado US$ 24,2 bilhões. Foram mais de 1,1 bilhão de transações registradas no período. Mesmo com o aperto maior causa do pelo cenário macroeconômico, os números do Mercado Livre continuam superlativos.

 

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