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Agronegócio

Rei do Ovo volta às compras e ganha presença no Nordeste

Granja Faria compra Vitagema, no Rio Grande do Norte, e vai desembolsar R$ 100 milhões entre aquisição e investimentos para avançar na região

Líder de um setor em franca consolidação, Granja Faria tem 10% do mercado brasileiro e vê espaço para um grande player com share de 25% no médio prazo (Foto: Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA) (Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Divulgação)
Líder de um setor em franca consolidação, Granja Faria tem 10% do mercado brasileiro e vê espaço para um grande player com share de 25% no médio prazo (Foto: Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA) (Wenderson Araujo/Trilux/Sistema Senar-CNA/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

13 de março de 2024 às 11:59

Pouco menos de um ano depois de comprar a Katayama, numa transação transformacional que o tornou líder de mercado no país, o 'rei dos ovos' voltou aos M&As.

A Granja Faria, do empresário Ricardo Faria, acaba de anunciar a compra de 90% da Vitagema, do Rio Grande do Norte, por R$ 36 milhões. A transação é relativamente pequena, mas geograficamente estratégica, ampliando sua presença da Granja no 'miolo' do Nordeste.

“A partir da Vitagema, vamos conseguir atender o Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Paraíba”, afirma o fundador e CEO da Granja Faria, Ricardo Faria.

Forte no Sul e na Região Sudeste, até hoje a Granja atendia a Bahia, por meio da BL Ovos, adquirida em 2022, e tinha presença no Maranhão e Piauí, a partir de uma granja no Bico do Papagaio, no sul do Tocantins.

A Granja Faria vai investir R$ 60 milhões para mais que dobrar a capacidade da Vitagema, hoje de 400 mil aves para cerca de 1 milhão de aves até o fim do ano. A companhia nordestina produziu 100 milhões de ovos e faturou R$ 51 milhões em 2023.

A título de comparação, a Granja Faria faturou R$ 1,3 bilhão no acumulado dos nove primeiros meses do ano (último dado disponível).

Faria aponta um bom potencial de ganhos de sinergia na operação. A Vitagema opera com margem bruta de 22,3%, contra média de 30% da Granja Faria em 2023 até setembro.

“Há muita oportunidade em ganho de poder de compra com fornecedores, melhora na receita e margem com canais [de distribuição] de qualidade e utilização de tecnologia”, diz.

O empresário vinha buscando aquisições na região há mais de dois anos, mas segundo ele, o mercado nordestino era desafiador. “A maior parte das empresas são muito bem administradas e sob o comando de segundas gerações que decidiram ficar à frente dos negócios”.

No caso da Vitagema, foi a sucessão da fundadora Silvia Simonetti que abriu a possibilidade para a transação.

Até pouco tempo considerado o primo pobre das proteínas, o segmento de ovos é altamente pulverizado, mas vem passando por uma onda de consolidação, encabeçado pela Granja Faria e pela concorrente Granja Mantiqueira.

De acordo com Faria, a empresa que leva seu sobrenome tem hoje 10% do mercado brasileiro, e há espaço para uma empresa líder com pelo menos 25% no médio prazo.

Além do crescimento orgânico ser mais complexo, com um tempo longo de maturação dos investimentos, as aquisições também são explicadas por uma questão logística. Numa espécie de regra de ouro, os ovos podem ser transportados por até 800 quilômetros, sob pena de começarem a perder qualidade. Abastecer o Brasil, portanto, passa por ter polos locais para atender as principais regiões.

Fundada há 12 anos em Santa Catarina, inicialmente com uma pequena operação de matrizes para a Perdigão, a Granja Faria vem em crescimento vertiginoso nos últimos anos. Hoje, há quatro granjas na Região Sul, que abastecem a região.

A aquisição da Katayama, uma das maiores produtoras de ovos do país, com 700 milhões de unidade ano, foi transformacional e deu acesso ao mercado de São Paulo, o maior do país.

Duas granjas no Sul de  Minas atendem também o mercado paulista e fluminense, além do mineiro. Há ainda uma unidade no Espírito Santo, cujos ovos chegam à Bahia e ao Rio de Janeiro, outra em Goiás, além da planta de Tocantins, que abastece também Pará, Piauí e Tocantins.

Depois das aquisições da Katayama e a da BL Ovos, Faria vem afirmando que não há mais grandes ativos e que os M&As devem se concentrar em operações de menor porte

Após um ano de margens elevadas por conta de uma redução da oferta de ovos no país, Faria prevê em 2024 mais ‘neutro’. “Vejo um ano de crescimento de volume, mas não de preços”, aponta.  “Não vai ser a bonança de 2023, mas também não vai ser a desgraça de 2021.”

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.