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GRSA derruba margem EBITDA do GPS; sinergias devem vir no próximo ano

Integração de sistemas deve ser feita até o fim do ano; há espaço para levar margem EBITDA do negócio de 5,6% para algo mais próximo dos 10%, diz executiva

IPO do Grupo GPS: Desde a listagem, em abril de 2021, ações avançam 43% (Foto: Divulgação) (GPS/Divulgação)
IPO do Grupo GPS: Desde a listagem, em abril de 2021, ações avançam 43% (Foto: Divulgação) (GPS/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 09:30.

O primeiro balanço do Grupo GPS que consolida a maior aquisição da sua história, da GRSA, de restaurantes corporativos e catering, deixou claro que o novo negócio tem margens bem menores que o segmento de facilities, segurança e mão de obra temporária que era o core do grupo — mas há espaço amplo espaço para fechar esse gap, aponta Marita Bernhoeft, diretora de relação com investidores.

A margem EBITDA do GRSA foi de 5,6%, considerando apenas os dados de junho, mês em que a aquisição foi incorporada, levando o indicador consolidado do GPS a uma queda de 1,5 ponto percentual no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2023, para 10%.

“Esse é o EBITDA estrutural do negócio e que devemos carregar até o fim do ano, para quando está prevista a conclusão da integração de todos os sistemas”, diz a executiva.

O plano, contudo, é que a extração de sinergias seja capaz de levar o indicador para a faixa de 9,5% a 10% até o fim do próximo ano, mais próximo da média do grupo.

O GPS vem consolidando o setor de segurança, facilities e mão de obra temporária, e se transformou numa máquina de geração de valor por meio da integração dos negócios.

A maior parte dos seus 53 M&As foi de empresas de menor porte, em que a integração de sistemas é mais simples e costuma levar de três a quatro meses.

No caso da GRSA, de longe a sua maior aquisição, com R$ 3,3 bilhões de receita bruta no ano passado frente aos pouco mais de R$ 10 bi do GPS, o desafio — e a oportunidade — é a maior.

Além do porte da empresa, o setor de alimentação tem suas particularidades. Ainda que seja intensivo em mão de obra, como a maior parte dos negócios da GRSA, há o componente de custos com matérias-primas e perecíveis.

“Existe um mito de que o setor de facilities e serviços tem margem estruturalmente menor, mas se subestimam os custos indiretos de ser uma empresa monoproduto, monoserviço”, diz Marita.

“Dentro da GPS, além da integração de sistemas, tem ainda a oportunidade de contar com apoio das nossas 29 regionais no Brasil todo, recrutamento, treinamento, seleção. Isso faz muita diferença num setor intensivo em mão de obra.”

Segundo ela, os processos de produção e de relação com a cadeia de suprimentos de alimentos são “estado da arte” na GRSA e devem ser replicados para operações menores de catering que já estavam dentro da carteira do GPS. “Antes, a gente compra arroz de um distribuidor da Camil, por exemplo. Hoje, com a escala da GRSA, compra direto do fabricante.”

Crescimento orgânico

No segundo trimestre, a receita líquida do Grupo GPS avançou 34% frente ao mesmo período de 2023, para R$ 3,5 bilhões — refletindo apenas um mês de faturamento da GRSA.

O crescimento orgânico, excluindo as aquisições do período, foi de 6%

Repetindo uma dinâmica já verificada no começo do ano, o dado está abaixo da média de 9% a 11% de crescimento de faturamento em mesmas bases que o grupo tem como objetivo entregar, reflexo em grande parte de um ambiente de competição mais acirrada.

“Temos visto alguns clientes mais sensíveis a preço, pressionados por custos. E nosso foco em consistência de margem é muito grande, até pelo tamanho que temos. Se entregamos um desconto de 3% a 5% num contrato de três anos, cortamos nossa margem em 50%”, diz Marita.

De acordo com ela, a expectativa é de melhora no segundo semestre, em virtude também do expurgo de uma safra de contratos firmados durante a pandemia, quando a demanda por mão de obra temporária em hospitais e ecommerce disparou, o que tem afetado as bases de comparação.

O EBITDA do GPS ficou em R$ 350 milhões, alta de 16%, com lucro de R$ 166 milhões, 11% maior que no segundo tri do ano passado.

Um hiato nos M&As

Em junho, a GRSA teve receita líquida deR$ 290 milhões, número que, se anualizado, totaliza R$ 3,4 bilhões, bastante acima dos R$ 3,3 bilhões de receita bruta (sob a qual ainda incidem impostos) anunciados na época da transação.

Se a empresa de catering já tivesse sido incorporada desde o começo do ano, a participação no faturamento do GPS ficaria na casa dos 26,5%.

Com a transação feita integralmente em dinheiro, a alavancagem do grupo GPS chegou a 2,2 vezes o EBITDA. Se considerado o EBITDA da GRSA anualizado, o indicador passa para 1,9 vez.

Uma máquina de alocação de capital, o Grupo gosta de trabalhar com um endividamento na casa de 1,5 vez — o que permite fazer as aquisições, integrá-las e aliviar a alavancagem via a geração de caixa dos negócios.

A expectativa de Marita é que o indicador deva voltar para esse patamar mais para o segundo semestre do próximo ano, o que deve reduzir o ritmo de aquisições do grupo nos próximos trimestres. “Podemos fazer coisas mais pontuais”, afirma.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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