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Google aposta no agronegócio com novo programa de aceleração de startups

Empresa acaba de selecionar dez agtechs para participar do seu novo programa; ao todo, serão três meses com suporte de 75 mentores

Google for Startups
Google for Startups
CI

1 de outubro de 2021 às 10:28

Há cinco anos o Google investe no ecossistema de startups brasileiro — em seus programas de curta duração, a empresa já ajudou mais de 250 startups a se desenvolver, entre elas os unicórnios Creditas, Loft, Loggi, Nubank e QuintoAndar. Agora, para iniciar o próximo ciclo no Brasil, a empresa vai além dos programas “agnósticos” para investir em acelerações específicas para diferentes setores da economia. Na primeira edição temática, o Google escolheu um setor que em 2020 teve participação de 26,6% no PIB brasileiro: o agronegócio.

"Identificamos uma revolução acontecendo no agronegócio, que é um setor importantíssimo da matriz econômica brasileira, e, ao tentar entender a viabilidade de uma turma específica, encontramos uma boa densidade de startups", diz ao EXAME IN André Barrence, diretor do Google for Startups para América Latina. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, hoje são mais de 300 startups atuando no agronegócio no país.

No programa, que tem duração de três meses, o Google for Startups irá conectar as startups selecionadas com mais de 75 mentores e dará suporte tecnológico, especialmente com produtos que possam usar suas tecnologias de nuvem, machine learning e publicidade. O objetivo é que cada empresa desenvolva ao longo do programa um projeto com acompanhamento dos especialistas. As dez empresas escolhidas são Aegro, Agrointeli, Bart Digital, Cromai, DigiFarmz, Go Flux, Grão Direto, Perfect Flight, Scicrop e Treevia (veja mais no quadro abaixo).

Potencial acumulado

Quando o Google começou a olhar o ecossistema de inovação em 2016, o agronegócio já era uma promessa para as startups brasileiras. Mas, segundo a companhia, a tecnologia ainda estava muito concentrada da “porteira para dentro”, com soluções voltadas para o maquinário, os insumos e técnicas agrícolas.

Nos últimos anos, startups como Agrosmart (gestão de performance), Grão Direto (comércio online) e Terra Magna (crédito) ganharam espaço ajudando o agronegócio a financiar, escoar e comercializar a produção. Espaço para crescer não falta: só nos últimos 12 meses, por exemplo, o volume de crédito para o setor cresceu 26,4%, contra 17,3% dos serviços e 5,1% da indústria.

"O agro já deveria ou já poderia ter unicórnios no Brasil. Apesar de ser um setor que usa bastante tecnologia, acredito que ele ainda precisava passar por uma aceleração como a que aconteceu na pandemia. Hoje, as lideranças do setor estão mais abertas", diz Barrence.

Na visão do executivo, o momento é de inflexão e, nos próximos anos, o país deve ter grandes agtechs, como são chamadas as startups do setor. Por isso, a preocupação da empresa em se posicionar com o novo programa de aceleração. “O Google já tem grandes clientes do setor agro, mas acreditamos que podemos ter um papel importante como aliados da transformação”, diz o diretor.

Para Barrence, a tendência é que as agtechs atraiam mais investimentos nos próximos anos. No Brasil, há fundos como o SP Ventures e a Barn com teses específicas para o agro — mas o caminho a ser percorrido é longo. Segundo um relatório feito pelo Distrito, as agtechs brasileiras receberam desde 2009 US$ 160 milhões em investimentos, com mais da metade desse valor sendo aportado nos últimos três anos. Apesar da recente aceleração, o setor ainda representa pouco: até junho de 2021, as rodadas de empresas do agronegócio somaram US$ 4,7 milhões, enquanto o total investido em venture capital no Brasil já passava de US$ 5,2 bilhões.

O agro não é a única aposta do Google. Barrence garantiu que a empresa está analisando outras áreas para lançar iniciativas parecidas em 2022, mas não informou quais outros programas de aceleração serão lançados. No relatório publicado para comemorar os cinco anos do Google for Startups no Brasil, a empresa fez avaliações sobre empresas que atuam no agronegócio, segurança digital, finanças, saúde, RH e educação, o que dá pistas de para onde a gigante internacional está olhando no Brasil.

“Nossa vontade é usar nossa experiência com inovação para apoiar setores específicos que serão importantes para a retomada econômica e recuperação do país”, diz o diretor. De acordo com dados da empresa, as startups que passaram por seus programas conseguiram mesmo em 2020 manter um crescimento médio de receita de 17% em relação ao ano anterior. Além disso, 82% delas ampliaram suas equipes em 2020 e, em média, cada startup da nossa rede contratou 15 novos funcionários. Ao todo, elas já geraram mais de 15 mil empregos nos últimos 5 anos.

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