Fleury: expectativa de sinergia com Hermes Pardini aumenta para até R$ 220 milhões
Estimativa representa ganho de 16% em relação à cifra inicialmente divulgada
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Fleury e Hermes Pardini: regiões e modelos de negócios complementares (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 17 de abril de 2023, 19h06.
Última atualização em 17 de abril de 2023, 20h56.
O Fleury tem uma nova estimativa de ganhos de rentabilidade a partir da aprovação fusão com Hermes Pardini pelo Cade: R$ 200 milhões a R$ 220 milhões por ano em Ebitda. A expectativa na ponta mais conservadora teve aumento de 25% e, na ponta mais otimista, de 16%, em relação ao que foi divulgado no momento da aquisição — julho de 2022. “Foram meses de trabalho intenso, mais de 60 iniciativas, com oito frentes de trabalho e mais de 70 pessoas dedicadas a esse mapeamento do processo de captura de sinergias", diz Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury, ao EXAME IN. De acordo com a companhia, 95% desse total será capturado nos próximos três anos posteriores à aprovação da combinação dos negócios.
O cálculo das sinergias é formado principalmente por redução de custos e despesas realizada a partir de agora, considerando também ganhos de produtividade e novas receitas que podem vir a partir da ampliação do portfólio de exames e serviços. Começando pelo que deve ser aproveitado desde já, duas áreas se destacam: eficiência de compras e logística. A escala da companhia combinada vai permitir melhores condições de negociação com fornecedores, além de unificar rotas logísticas entre as empresas. É nesses ganhos, chamados de ‘hard synergies’ pela empresa, que está a maior parte do que deve vir ao longo do tempo. Outros pontos, como aumento de produtividade e ganho de receita, também são observados, mas, por estarem mais suscetíveis aos momentos de mercado, entram com menor peso dentro da expectativa da empresa.
A companhia combinada nasce com R$ 7,1 bilhões em receita bruta anual — aumento de 48% em relação ao que foi apresentado pelo Fleury em 2022 — mais de 520 unidades de atendimento e uma nova unidade de negócios, o lab-to-lab (unidade de processamento de exames de outros laboratórios), que nasce com cerca de 7 mil clientes. É um negócio de R$ 1,1 bilhão de receita por ano, de acordo com os dados de 2022, com crescimento contínuo desde 2018 . A partir da aquisição, ganha escala para continuar crescendo.
“O mercado B2B vem crescendo e é cada vez mais importante. Fazer exames especializados de forma eficiente acontece em todo o mundo. Combinado a isso, está o alto investimento do Fleury em P&D anualmente e o lançamento de novas metodologias. Hermes Pardini traz o modelo comercial e produtivo que, agora, passa a ser estendido a uma base muito maior de alcance”, diz Roberto Santoro, presidente do Grupo Pardini e que agora assume como presidente da unidade de negócios Lab-to-Lab.
A mudança é apenas uma das que acontecem a partir do aval do órgão antitruste para a aquisição. Novos cargos foram criados dentro da estrutura corporativa do Fleury: a presidência de Unidades de atendimento, Edgar Rizzatti, presidente de Novos Elos. Outros cargos foram mantidos (Jeane Tsutsui como diretora-presidente, José Filippo como diretor financeiro e de RI, Eduardo Marques como diretor de Pessoas, Andrea Bocabello, diretora executiva de Estratégia, Inovação e ESG, e William Malfatti como diretor de Comunicação). Por fim, outros três passam a ser ocupados por executivos de Hermes Pardini: além de Santoro, Alessandro Ferreira assume como diretor executivo Comercial e Marketing e João Alvarenga assume como diretor executivo de TI e Digital.
A nova empresa nasce com uma estrutura de capital também bastante robusta. O Fleury concluiu em dezembro uma operação de aumento de capital privado de R$ 847,3 milhões, que trouxe a alavancagem da companhia para 1,2 vez dívida líquida/Ebitda, ante 1,7 vez no terceiro trimestre do ano passado. A companhia adquirida também vem com um endividamento baixo, na casa de 0,4 vez, de acordo com o relatório do ano de 2022. A combinação entre ambas deve ser de 1,1 vez, segundo José Felippo, CFO do Fleury.
Em relação à efetivação do negócio pós-Cade, o rito a ser seguido é o seguinte: 90% da combinação dos negócios foi realizada por troca de ações, com cada acionista de Hermes Pardini recebendo 1,21 ação do Fleury. A partir de maio deste ano, as ações da empresa comprada deixam de ser negociadas e, após esse período, há um desembolso de caixa do Fleury de R$ 273 milhões (equivalente a 10% da operação). “Hermes Pardini já declarou dividendos que serão descontados da parcela em caixa. Portanto, teremos uma parcela em dividendos e a parcela que é o valor de resgate pela consumação da operação, depois da troca da base, em maio”, afirma a CEO.
Depois de um ano de aquisições -- sendo esta a maior de todas as conduzidas ao longo de 2022 -- o Fleury começa a mostrar como vai organizar a casa a partir de agora. Aumento da presença nacional e do 'poder de fogo' para desenvolver e processar exames estão no centro da estratégia da empresa para enfrentar a nova fase. É só o começo.
Créditos

Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.Mais lidas em Exame IN
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