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Fintechs: Geru e Rebel querem 5% do mercado de crédito pessoal

Juntas, as plataformas já concederam R$ 2,5 bilhões em crédito e geraram R$ 3,5 bilhões em economia com juros

Talk show do EXAME IN: Sandro Reiss e Rafael Pereira, fundores da Geru e da Rebel, que juntas deram origem à Open Co (Exame/Divulgação)
Talk show do EXAME IN: Sandro Reiss e Rafael Pereira, fundores da Geru e da Rebel, que juntas deram origem à Open Co (Exame/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

9 de agosto de 2021 às 14:20

Ainda há muitos que duvidam, mas é fato que o mercado de crédito no Brasil — o país cujo custo do dinheiro para os indivíduos perde apenas para o de Madagascar — está no início de uma revolução. A história da Open Co, a união das principais fintechs de crédito pessoal sem garantia (uma revolução no objeto social per si no Brasil) Geru e Rebel, é a prova viva desse movimento. Quando as duas companhias anunciaram a fusão, em fevereiro deste ano, o negócio foi apresentado como a união da maior (Geru) com a que cresce mais rapidamente (Rebel).

A originação de crédito pela Open Co em 2021 deve terminar o ano em aproximadamente R$ 1 bilhão, conforme o ritmo em que os negócios estão caminhando, segundo Rafael Pereira, fundador da Rebel e presidente da empresa. O volume é quase o triplo dos pouco menos de R$ 390 milhões gerados pela soma das duas plataformas em 2020.

Ao longo de ambas as existências, as duas já forneceram juntas R$ 2,5 bilhões em crédito, até junho deste ano, e economizaram R$ 3,5 bilhões em juros, para os clientes que contrataram suas linhas. O fato de a economia gerada ser maior que o valor nominal concedido dá uma pista do ambiente no qual elas operam — e do espaço para mudança.

O tamanho do mercado brasileiro de crédito para pessoa física é superior a R$ 1 trilhão (soma de tudo que atende a pessoas físicas, como consignado, cheque especial, cartão e até mesmo crediários de consumo), de acordo com o que o executivo contou em entrevista exclusiva ao EXAME IN. Mas, se o custo fosse mais adequado, o mercado poderia ser o dobro desse total. “Hoje, 85% do crédito está nas mãos dos maiores bancos. Nós vamos trabalhar para ter, pelo menos 5% do mercado”, enfatizou, satisfeito. Atualmente, essa fatia é de 1%.

“O que acontece no Brasil é que foi montada uma máquina perfeita em que o custo é alto porque a inadimplência é alta e vice-versa. Mas se fizéssemos um experimento social e levássemos o custo do Brasil para a França, haveria a mesma taxa de defaults que existe aqui”, diz Pereira, com a consciência de quem experimenta uma outra realidade. “Não podemos ter 70 milhões de pessoas no Serasa, ou seja, endividadas e inadimplentes. É metade da população economicamente ativa do país. Isso só pode ser o sinal de uma coisa: que algo está muito errado.”

O executivo destaca que, quanto mais a Open Co crescer, mais conseguirá reduzir suas taxas. Esse é e foi o motivo principal da fusão. Ainda que o mercado represado fosse imenso e ambas pudessem crescer separadas, a velocidade de expansão juntas seria — como está sendo — maior. “Quanto mais cliente eu tenho, mais dados eu tenho, mais assertivo eu fico, mais o custo cai e assim mais crédito eu dou. E a sequência segue sempre se repetindo.” Por isso, segundo ele, fazia muito sentido buscar o benefício da escala.

Agora as duas empresas compartilham a mesma tecnologia de análise de dados, para concessão de crédito, o que acelerou a operação. Mas as marcas foram mantidas separadas. Enquanto a Geru, é mais forte na classe B, a Rebel está presente nas classes mais baixas.

“O brasileiro está acostumado a parcelar as coisas no cartão de crédito como se não tivesse juros. É claro que tem, só que isso está embutido no preço do produto. O cartão se tornou uma armadilha para o brasileiro. Ele não pode ser meio de financiamento”, enfatiza Pereira, afiado.

A taxa praticada pelas bandeiras Geru e Rebel varia conforme o risco de cada cliente, mas o executivo assegura que é aproximadamente a metade do que se encontra no mercado bancário. E mais: que esse custo está pelo menos 30% mais barato do que estava em igual período do ano passado, mesmo com o aumento da taxa de juros.

“A oportunidade desse mercado é enorme. E ele é muito maior do que parece. A penetração do crédito pessoal no Brasil em relação ao PIB é equivalente a 1/3 do que é nos Estados Unidos, e a metade da média da América Latina e outros mercados europeus”, comenta Pereira. Embora as mudanças já estivessem em processo no Brasil, o Open Banking — sistema de compartilhamento de dados dos clientes – deve acelerar a transformação do mercado.

Atualmente, o tíquete médio da Open Co é de R$ 10 mil. “Mas esse número não traduz o que tem dentro. Dentro dessa média, está a pessoa que quer R$ 1,5 mil para ampliar o negócio de confecção, até a figura que financia R$ 50 mil para pagar uma viagem em família”, destaca o executivo.

As próximas frentes que a Open Co pretende explorar de forma mais direta são os segmentos de viagens, turismo, e também de estética.

O caminho para o crescimento passa necessariamente por ampliar a distribuição do crédito por meio de parceiros, que colocam o crédito no exato lugar em que o usuário precisa e na hora em que precisa. Atualmente, segundo Pereira, 25% da originação já está nas mãos de parceiros, como a AME Digital, por exemplo, a empresa de pagamentos que nasceu dentro da Lojas Americanas, suas bandeiras e parceiros.

“O volume originado por parceiros dobra a cada trimestre. Não levará muito para que esse canal represente 50% da originação total. Já temos dezenas de parceiros e uma área interna dedicada a cuidar desse canal”, destaca o executivo e empreendedor.

“Está na hora de reconfigurar o crédito no Brasil. Não é possível aceitar que o spread bancário no Brasil seja maior que o do Paraguai, que o de Uganda, e que ainda existam mais de 40 milhões de brasileiros desbancarizados ou sub-bancarizados.”

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