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Com dívida renegociada, Casas Bahia volta ao lucro e antecipa metas

No segundo trimestre, última linha do balanço trouxe surpresa positiva, revertendo prejuízo de R$ 482 milhões em ganho de R$ 37 milhões; margens também melhoraram

Casas Bahia: companhia reportou melhor fluxo de caixa para primeiro semestre dos últimos cinco anos (Casas Bahia/Divulgação)
Casas Bahia: companhia reportou melhor fluxo de caixa para primeiro semestre dos últimos cinco anos (Casas Bahia/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 7 de agosto de 2024 às 20:22.

Última atualização em 8 de agosto de 2024 às 10:56.

O reperfilamento da dívida trouxe alívio para as Casas Bahia e acelerou algumas metas. Uma delas foi voltar ao campo positivo na última linha, algo esperado só para 2025.

No segundo trimestre, a companhia reportou lucro líquido de R$ 37 milhões, depois de amargar trimestres seguidos no vermelho. Há um ano, a perda líquida era de R$ 492 milhões.

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No consolidado do semestre, o prejuízo líquido passou de R$ 789 milhões para R$ 224 milhões ao fim de junho de 2024.

“Estamos cientes de que ainda tem muita coisa para fazermos. Mas os números mostram que temos antecipação de algumas entregas. Ganhamos tempo para trabalhar”, diz Renato Franklin, CEO da varejista que lanço o plano de reestruturação em agosto passado.

Em abril, a companhia entrou com o pedido de recuperação extrajudicial, que permitiu estender o prazo de vencimentos para os próximos seis anos e preservou R$ 4 bilhões em caixa.

A medida foi bem-recebida pelo mercado, mas insuficiente para analistas sell side revisarem suas teses de investimento, ainda preocupados com a queima de caixa.

O segundo trimestre, porém, mostra como a decisão foi acertada. O fluxo de caixa livre ficou positivo, em R$ 92 milhões. No semestre, reduziu a perda de R$ 307 milhões para R$ 82 milhões.

“Foram entregas consistentes, que nos levaram ao melhor fluxo de caixa livre semestral dos últimos cinco anos”, destaca o CFO, Elcio Ito. “Nosso foco sempre foi fluxo de caixa.”

A companhia registrou R$ 3,9 bilhões de endividamento bruto no segundo trimestre, sendo 89% de vencimentos de longo prazo.

Além do fôlego da negociação financeira, a empresa colheu frutos de outras melhorias. A disponibilidade de monetização de ativos tributários, por exemplo, foi de R$ 357 milhões, acima do que era esperado ao traçar o plano de transformação.

A companhia também fez um forte esforço de ganho de eficiência. Reduziu o estoque em 15 dias, quando comparado ao mesmo trimestre de 2023, numa economia de R$ 1,4 bilhão. “Agora estamos com um estoque mais saudável, inclusive para a estratégia do segundo semestre, que é sazonalmente mais relevante”, diz o CEO.

Também cortou despesas. O SG&A caiu 9,1%, com as despesas de vendas ficando 12,7% menor. O desempenho, conta Franklin, tem a ver com o nível elevado de engajamento dos times, em especial nas lojas físicas, canal priorizado pela empresa no processo de turnaround.

Em meio ao processo para ficar mais enxuta e certeira, a Casas Bahia viu sua receita cair 13,5%, R$ 6,48 bilhões. O lucro bruto ficou 8,8% menor, a R$ 1,99 bilhão, no entanto, conseguiu melhorar em 1,5 ponto percentual a margem, que chegou a 30,7%.

O Ebitda ajustado do trimestre é de R$ 452 milhões, 3,5% menor do que um ano antes. A margem Ebitda cresceu 0,7 ponto percentual, a 7%.

Para Franklin, a decisão de ser mais conservador e cortar na carne (incluindo aí o fechamento de 33 lojas do segundo trimestre de 2023 para o mesmo período de 2024) foi acertada para lidar com o ambiente macroeconômico ainda duro para o setor de bens de consumo duráveis, como itens de linha branca.

“Tirando a maluquice do cenário macro, deveríamos ser percebidos de uma maneira muito diferente a partir de agora”, diz Franklin. “Estamos muito mais fortes do que há seis meses ou um ano atrás.”

A varejista tem valor de mercado de R$ 406 milhões, numa queda de quase 62% no acumulado do ano.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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