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Casas Bahia avalia venda de ativos e está confiante em alongamento de dívida  

CEO Renato Franklin tenta trazer tranquilidade ao mercado após ‘saldão’ em follow-on

"Quer pagar quanto?": De volta às origens, Casas Bahia convoca o garoto-propaganda Fabiano Augusto
"Quer pagar quanto?": De volta às origens, Casas Bahia convoca o garoto-propaganda Fabiano Augusto
Raquel Brandão

Raquel Brandão

20 de setembro de 2023 às 17:41

Além de fechar 100 das suas pouco mais de mil lojas, a Casas Bahia (antiga Via) pretende vender ativos, como seis lojas próprias, numa operação de sale and leaseback, e uma empresa com créditos fiscais de R$ 500 milhões, disse hoje o CEO da companhia, Renato Franklin.

Na primeira conversa com jornalistas após uma oferta de ações que ficou bastante abaixo do esperado, ele afirmou que a alienação de outros ativos estratégicos também está na mesa, num momento em que a empresa busca reestruturar as operações para estancar a sangria de caixa e ganhar fôlego financeiro.

A empresa tem R$ 3,6 bilhões em dívida, mas a maior parte vence no longo prazo. Dos R$ 1,8 bilhão que vencem a partir de 2024, e o executivo disse estar “confiante” de que conseguirá renovar a dívida com novos prazos.  

Desde a oferta, que precificou a ação em R$ 0,80, com um desconto de mais de 30% do preço de tela no dia anterior, os papéis acumulam novas quedas e são negociados hoje a R$ 0,76. Segundo Franklin, o investidor está com uma percepção de risco “muito maior do que é a realidade e equivocada”.

Os cerca de R$ 600 milhões conseguidos no follow-on, que podem chegar a R$ 1,1 bilhão com bônus de subscrição, são suficientes para o que chama de “plano de transformação”. Desde montante, metade vai para a operação de crediário e outra metade para o capital de giro, o que vai diminuir o risco de execução.

Essa percepção dura do mercado só deve mudar depois de alguns trimestres de entregas “consistentes”, admite Franklin, com o plano de reduzir a queima de caixa e recolocar a empresa nos trilhos para voltar a crescer, o que só deve começar a acontecer a partir do segundo semestre de 2024.  

Embora a queima de caixa – que somou R$ 600 milhões no primeiro semestre – não deva acabar no curto prazo, as medidas tomadas a partir do plano de transformação devem reduzir esse ritmo já em 2023, disse o CEO. No BanQi, o banco digital, havia um forte crescimento no crédito pessoal, mas novas concessões foram interrompidas, por exemplo.

Além disso, foi colocado um freio no crescimento de 40% do marketplace, que “custava caro”, com ações como subsídios de frete para os sellers, por exemplo. No total do capex, o corte foi de R$ 400 milhões anuais, mas esse valor ainda pode ser maior, segundo o CEO. 

Isso se soma a outras decisões na operação principal do varejo. Em setembro, por exemplo, a empresa intensificou o saldão de produtos como uísques e fraldas para deixar de vender produtos de giro rápido e se concentrar no seu core (geladeiras, celulares e televisores, por exemplo). Apesar de um impacto momentâneo na margem bruta, isso irá trazer R$ 1 bilhão de redução dos estoques, que estavam na casa de R$ 6 bilhões.

A empresa que estava com mais de 100 dias de inventário está mais próxima dos 90 dias, diz Franklin. “Vamos apresentar um número mais bonito e saudável no terceiro trimestre”.  

Marcando uma nova fase da companhia para os investidores, as ações da Casas Bahia começaram a ser negociadas com o ticker BHIA3. Para o consumidor, o retorno às origens será marcado por uma nova campanha, com o garoto-propaganda Fabiano Augusto, que ficou famoso pelo slogan “Quer pagar quanto?”.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado