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BTG Pactual

BTG Pactual compra banco de gestão de fortunas em Luxemburgo para expandir presença na Europa

Adquirido por 21 milhões de euros, FIS Privatbank tem 500 milhões de euros sob gestão

BTG Pactual: R$ 550 bilhões em ativos no wealth management ao fim de dezembro (Leandro Fonseca/Exame)
BTG Pactual: R$ 550 bilhões em ativos no wealth management ao fim de dezembro (Leandro Fonseca/Exame)
Graziella Valenti

Graziella Valenti

23 de março de 2023 às 19:15

O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) acaba de anunciar um movimento estratégico para acelerar a expansão em wealth management. O banco assinou a aquisição integral do FIS Privatbank, de Luxemburgo, uma das principais praças financeiras da Europa, e que possui uma carteira com 500 milhões de euros (R$ 2,8 bilhões, aproximadamente) sob sua administração. O segmento de gestão de fortunas teve um crescimento explosivo dentro da instituição brasileira nos últimos anos.

A transação é relevante especialmente pelo momento e localização. O valor da compra ficou em 21,3 milhões de euros, ou cerca de R$ 120 milhões, com prêmio sobre os 11 milhões de euros de patrimônio do FIS. O negócio se encaixa como uma luva no atual ambiente de realocação global de recursos. Nos últimos trimestres, Estados Unidos e Europa já foram os mercados de maior expansão para o BTG Pactual em wealth management. O banco brasileiro está presente no Chile, Argentina, Colômbia, Peru, México, Estados Unidos, Portugal e Reino Unido – e aguarda aprovação regulatória para o escritório da Espanha.

O cenário de volatilidade nos mercados emergentes tem levado diversos investidores a querer diversificar sua alocação com posições em países desenvolvidos. Para completar o quadro, a indústria de wealth management e private banking está passando por um chacoalhão com derrocada do Credit Suisse, que se acelerou no segundo semestre do ano passado até culminar na recente aquisição pelo também suíço UBS, em um negócio relâmpago estimulado pelo governo da Suíça. É como se boa parte da fortuna do mundo estivesse flutuando em busca dos melhores serviços e da melhor alocação – com uma disposição de mudança nada trivial para esse mercado.

Com o FIS, uma operação que conta já com 30 anos de história e mais de 300 clientes, em sua maioria de famílias de alta renda, family offices e investidores institucionais, o BTG Pactual vai conseguir ter controle da experiência do cliente de ponta a ponta. Mesmo com presença na região, até então, a atuação em alguns serviços dependia de parcerias. "Esta aquisição faz parte de uma decisão estratégica de negócios e é mais um marco importante da nossa presença na Europa. Ao operar um banco em Luxemburgo poderemos atender, de forma ainda mais personalizada e exclusiva, todas as necessidades de nossos clientes latino-americanos e europeus", afirma Roberto Sallouti, CEO do BTG em nota à imprensa.

Ao fim de dezembro, o BTG tinha R$ 1,25 trilhão em ativos sob gestão. Disso, quase R$ 550 bilhões estavam em wealth management. Em cinco anos, o total em ativos, na forma de gestão de patrimônio, foi multiplicado em mais de 6 vezes. Somente no ano passado, mesmo em um cenário global desafiador, o banco captou R$ 120 bilhões líquidos para essa frente.

Após esse movimento, o BTG deve fazer uma reflexão sobre se vale replicar o mesmo passo nos Estados Unidos. Antes disso, é preciso compreender todas as implicações de um movimento como esse. Para a instituição, é uma oportunidade de, a partir desses serviços, avançar com outras ofertas para os clientes. A transação, como é praxe, aguarda aprovação do Banco Central do Brasil, da Comissão Financeira de Fiscalização e Segurança em Luxemburgo (CSSF)  e do Banco Central Europeu (BCE).

Ter relevância, nacional e internacional, no mercado de gestão de recursos aumenta a capacidade de distribuição de emissões de empresas, tanto de ações quanto de dívida. Além disso, fortalece o negócio: hoje mais de 30% do funding da instituição já vem do varejo.

Nos últimos anos, o BTG passou por uma forte expansão, junto com uma grande diversificação das fontes de receita. Em 2022, o banco teve uma receita líquida de R$ 17,3 bilhões, com alta de 24%, e o lucro líquido chegou a R$ 8,3 bilhões. Ambos os números são recordes anuais. Mesmo com uma expansão de 120% nos últimos cinco anos, a receita de sales & trading, uma das fortalezas do banco, passou de uma participação na receita total de quase 45% para cerca 30% nesse período.

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Graziella Valenti

Graziella Valenti

Editora Exame IN

Criadora do EXAME IN, espaço dedicado à cobertura de negócios, com foco em mercado de capitais. Na EXAME desde março de 2020, ficou 13 anos no Valor Econômico, oito como repórter especial, sete anos na Broadcast, do Grupo Estado.