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Alpargatas: 2tri forte com plano de repetir Ambev e Natura fora do Brasil

Havaianas tem segundo trimestre com aumento de volume, receita e margens

Havaianas: venda de produtos para além do flip flop já representam 20% nas lojas com portfólio integral de produtos (Leandro Fonseca/Divulgação)
Havaianas: venda de produtos para além do flip flop já representam 20% nas lojas com portfólio integral de produtos (Leandro Fonseca/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

30 de julho de 2021 às 18:10

“Nós nos vemos como uma plataforma de marcas globais de consumo, como Ambev e Natura.” A frase é de Roberto Funari, presidente da Alpargatas, dona das marcas Havainas e Osklen. Foi uma resposta sobre se a companhia pensa em aquisições. A pista: pensa e não precisa ser no Brasil. Mas, o executivo não foi além disso, sobre quando, quem e quanto — ou onde.

Essa resposta é também o retrato e a explicação central para o balanço do segundo trimestre. A receita líquida da companhia cresceu 71,4%, na comparação anual, para R$ 1,095 bilhão — número semelhante ao do primeiro trimestre, período forte da empresa em razão do verão.

O Ebitda recorrente teve expansão de 163%, para R$ 196,7 milhões, o equivalente a uma margem de 18%. O lucro líquido atribuído aos acionistas controladores avançou 239% e somou R$ 107 milhões — o que equivale a uma margem líquida de aproximadamente 10%.

“Quando observamos a média dos últimos 10 anos da companhia, a receita dobrou e o ebitda foi multiplicado por 2,5 vezes”, comenta Funari, em entrevista ao EXAME IN.

A execução de duas estratégias está por trás da coleção de números: aumento da internacionalização da marca Havaianas (com foco em Estados Unidos, Europa e China) e da expansão e diversificação de portfólio de produtos, ou seja, a vida além do flip flop. Ambos os movimentos parecem óbvios, mas passaram anos estacionados dentro do negócio, até o desenho e a execução de um plano pelos novos controladores e gestores.

De abril a junho deste ano, mesmo com a piora da pandemia, a Havainas seguiu avançando tanto na digitalização quanto na abertura de lojas físicas – foram 43 novas unidades monomarcas no período. Em volume, a companhia vendeu 54% mais no Brasil e 74% mais no mercado externo. As vendas online que eram 9% do total, em 2019, superaram 20% no consolidado da marca e, no mercado externo, ultrapassaram 40% do total.

“Estamos avançando mais rápido que a média da indústria nessa frente”, reforça ele. A Havaianas demorou para “tomar posse” de seu projeto digital. Foi só em outubro do ano passado que a companhia internalizou e centralizou os cuidados de seu e-commerce, o que terminou inclusive por gerar alguns percalços nas entregas para o Natal. Mas isso já ficou para trás.

Nesse intervalo do segundo trimestre, a receita internacional da Havaianas subiu 63% e o Ebitda, 132% — câmbio e canais de venda explicam o avanço das margens. Enquanto no Brasil, o avanço foi de 72% na receita e de 20% no Ebitda. Com esse desempenho, as exportações representaram metade da receita da marca no segundo trimestre e 47,5% no semestre.

Para se ter uma ideia do que a diversificação de portfólio significa, o presidente da Alpargatas explica que há um ano havia 3 estilos diferentes além dos flip flops e hoje são 23, com 79 cores. A marca acaba de se lançar no mercado de sneakers, o que abre a perspectiva de acelerar ainda mais esse movimento.

Funari conta que nos canais onde a Havaianas já consegue colocar seu portfólio completo de produtos, as vendas de produtos que vão além do core business já representam 20% do total. “Nossos movimentos recentes triplicam o mercado endereçável da marca.”

Tamanho é documento

Para quem pensa em ser para o Brasil o que é Ambev, nas cervejas, e Natura&Co, em higiene e beleza, no mercado global de consumo, ter um caixa forte e um valor de mercado significativo importam. A empresa terminou junho com R$ 637 milhões de caixa líquido, ou seja, para além dos compromissos financeiros — 38% mais do que ao fim de 2020.

A companhia é negociada próxima de suas máximas histórias, avaliada em mais de R$ 27,5 bilhões na B3. Para efeito de comparação, esse total era de R$ 20 bilhões em dezembro do ano passado. Acessar o mercado em busca de recursos não está nos planos de Funari, mas o executivo acompanha o mercado de perto, pois sabe que ele será essencial quando ocorrer algum movimento inorgânico.

Entre os investidores, há grande expectativa de que a empresa entre na composição do Índice Bovespa em breve. Funari não comenta o assunto, mas destaca que a companhia tem atraído cada vez mais investidores estrangeiros e destaca que o giro diário com o papel que era da ordem de R$ 15 milhões em 2019 está em aproximadamente R$ 75 milhões.

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