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Bancos

Agibank cresce 55% em 2022 e planeja manter o ritmo com estratégia "anti-crise"

Companhia foca folhas de pagamento de um público mal atendido por bancos e fintechs, e chegou a 5 milhões de clientes

Fundador e CEO do Agibank, Marciano Testa (à esquerda) e Glauber Correa: expansão de 55% em 2022 e meta de mais 40% para este ano (Agibank/Divulgação)
Fundador e CEO do Agibank, Marciano Testa (à esquerda) e Glauber Correa: expansão de 55% em 2022 e meta de mais 40% para este ano (Agibank/Divulgação)

Publicado em 12 de fevereiro de 2023 às 15:00.

Num momento em que dezenas de startups reduzem o ritmo de crescimento e demitem, o Agibank planeja um 2023 tal qual foi seu 2022: de crescimento. Ano passado a companhia cresceu 55%, e sua carteira de crédito chegou a R$ 10 bilhões. Para 2023, a meta é crescer cerca de 40%, mesmo com um cenário macro desafiador.

A fintech, fundada em Porto Alegre e com sede atualmente em Campinas (SP), colhe os frutos de uma estratégia adotada nos últimos anos: atuar com folhas de pagamento, focando clientes que ganham até R$ 4 mil reais. É um público potencial de 114 milhões de brasileiros, dos quais a companhia já atende 5 milhões. Ou seja: há muito espaço para crescer, numa franja da população que não é prioridade para os maiores neobanks e fintechs do país.

"Nossa tese já se provou. Temos uma proposta de valor muito melhor que dos bancos tradicionais", diz o fundador Marciano Testa. "Oferecemos preço justo e temos um negócio rentável. É uma equação complexa de se conseguir". O CEO do Agibank, Glauber Correa, completa em coro: "Os bancos tradicionais não se comunicam bem com esses clientes, muitos com mais de 50 anos. Oferecemos uma experiência inclusiva e assistida".

Testa é um estudioso do mercado de pagamentos. O Agibank foi pioneiro, seis anos atrás, em pagamentos via QR Code no Brasil. De lá para cá, o empresário mantém uma rotina de viagens para colher as novidades que podem se adequar à sua estratégia — em uma pesquisa que inclui até redes de cafeterias chinesas. Esta entrevista ao EXAME IN foi feita por vídeo, uma vez que ele está em Boston, para uma nova temporada de estudos e pesquisas.

Ao estudar as potencialidades do mercado, Testa definiu, cerca de dois anos atrás, que mirar em folhas de pagamento para um público desatendido pela revolução digital dos bancos traria diferenciais competitivos. Ao focar nas folhas de pagamento, busca ser a principal solução financeira de seus clientes, um diferencial importante num momento em que cada brasileiro tem, em média, 5 contas diferentes.

O foco em clientes de renda menor, que não são nativos digitais, traz outras vantagens, segundo o empreendedor. Num momento em que a Selic subiu, e que a inadimplência passou de 4,8% para 7,9%, o Agibank conseguiu os melhores números de sua história. "Os concorrentes estão preocupados agora, mas nós fizemos a lição de casa dois anos atrás", diz Testa.

O Agibank montou uma operação que une físico e digital. A companhia tem 900 unidades físicas pelo país, que servem como primeiro ponto de contato com clientes pouco habituados ao digital. "Nossos hubs funcionam como portões de acesso para o mundo digital", diz Testa. A companhia atua em cidades com mais de 100 mil habitantes, e vai testar abrir 20 unidades em cidades menores nos próximos meses. A meta é chegar a 1.400 lojas no Brasil, todas sem portas giratórias e outras barreiras que possam afastar o público.

Num momento de cortes para as fintechs, o Agibank não prevê demissões. Segundo o fundador, a empresa está habituada a trabalhar na escassez, e sempre foi cuidadosa nos momentos de euforia. Não contratava em demasia, e consegue evitar demissões em massa. Como gera caixa, a empresa, que tem a Vinci Partners como sócia desde 2020, até estuda uma abertura de capital no futuro, mas não vê pressão para ir à bolsa no curto prazo. “Sempre fomos disciplinados”, diz Testa.

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