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“A sociedade é uma só” — as lições de Paulo Chapchap contra a covid-19 

O presidente do hospital Sírio-Libanês coordenou iniciativa que investiu mais de 1 bilhão de reais contra a pandemia  

Paulo Chapchap: definir onde não atuar foi tão importante quanto definir onde atuar (Ricardo Matsukawa/Divulgação)
Paulo Chapchap: definir onde não atuar foi tão importante quanto definir onde atuar (Ricardo Matsukawa/Divulgação)
LA

9 de setembro de 2020 às 13:59

Não foram poucos os desafios do médico paulistano Paulo Chapchap nos últimos meses. Ele é presidente de um dos mais tradicionais hospitais brasileiros, o Sírio-Libanês. Participou de inúmeras lives e eventos virtuais para informar a população sobre os riscos da covid-19. E, desde abril, coordena o movimento Todos pela Saúde, uma iniciativa lançada pelo Itaú Unibanco para enfrentar a pandemia e seus efeitos. Além de coordenar o investimento de 1 bilhão de reais doados pelo Itaú Unibanco, o Todos pela Saúde já recebeu mais 238 milhões de reais de pessoas e empresas.

Em entrevista ao EXAME In, Chapchap afirma que escolher onde não atuar foi tão importante quanto escolher onde atuar. “Desde o começo definimos com clareza quatro pilares de atuação: informar, proteger, cuidar e retomar”, diz. “Definimos, juntos, quem eram as pessoas com as competências necessárias para fazer a diferença nessas frentes”.

Além de Chapchap, integram o grupo o médico, cientista e escritor Drauzio Varella; o consultor do Conselho dos Secretários de Saúde Eugênio Vilaça Mendes; o ex-presidente da Anvisa Gonzalo Vecina Neto; o ex-diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Maurício Ceschin; o presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná, instituição ligada à Fundação Oswaldo Cruz, Pedro Barbosa: e o presidente do Hospital Albert Einstein, Sidney Klajner.

“Definimos também desde o começo que faríamos coisas com mais potencial de salvar vidas e que permaneceriam depois. Um exemplo são laboratórios que inauguramos no Rio e em Fortaleza. Eles atendem a covid, mas depois que acabar a pandemia poderão responder a outras pandemias e endemias”, afirma.

O roteiro de disseminação da doença, que já contaminou mais de 4 milhões de brasileiros, foi outra prioridade do grupo na definição de estratégia. “A doença começou pelas grandes cidades, chegando de avião com pessoas que vieram de fora. Mas começou a interiorizar pelas rodovias. Os caminhoneiros tinham um potencial muito grande de carregar o vírus de um lugar para o outro. E por isso entraram no nosso foco”, diz.

Até agosto a iniciativa já havia realizado 44.000 testes em caminhoneiros em São Paulo, Mato Grosso, Bahia e Minas Gerais. Entre outros grandes números do Todos pela Saúde estão, no balanço de agosto: 14 milhões de máscaras distribuídas, 90 milhões de equipamentos de proteção adquiridos, 6.000 consultas mensais com psicólogos, 1.000 leitos de alojamento, 105.000 oxímetros doados, 100 milhões de reais investidos em vacinas.

“Nunca paramos de informar, embora estejam todos um pouco saturados. Mas ainda precisamos convencer as pessoas a não se agrupar e a usar máscaras”, afirma Chapchap. “Mas em algumas frentes nossa atuação já mudou. Pagamos adiantado, por exemplo, para ter equipamentos de proteção. Mas agora as cadeias já se desenvolveram, e os governos adquiriram capacidade de compra”.

Outro valor essencial da iniciativa, na visão de Chapchap, está no exemplo. “Chamamos a atenção para a sociedade como um todo da importância da saúde pública até para as classes privilegiadas. É um processo de transferência de valor fundamental para o equilíbrio da sociedade. Trouxemos a consciência que somos uma sociedade só”, diz. “Se conseguirmos ter isso como legado, de que estamos juntos, e que quem tem mais capacidade de influência tem de pensar no benefício de toda a sociedade, teremos tido algum sucesso”.

A ideia é que mesmo com o término da pandemia esse grupo continue se reunindo e pensando na saúde, como uma espécie de think tank de especialistas para propor soluções. “Mostramos que somos um povo solidário”, afirma Chapchap.

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