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Por que o UBS ainda acredita que os EUA vão entrar em recessão

Baixo nível de confiança deve pesar sobre atividade e levar o FED a cortes mais agressivos nos juros na segunda metade do ano, diz Alan Detmeister, economista sênior para investment banking

Gestora suíça UBS; logo do UBS (Matthew Lloyd/Bloomberg)
Gestora suíça UBS; logo do UBS (Matthew Lloyd/Bloomberg)
Karina Souza

Karina Souza

29 de janeiro de 2024 às 14:32

Em meio aos dados de atividade econômica dos Estados Unidos consistentemente acima das expectativas, o UBS é uma das poucas casas que ainda acreditam que os Estados Unidos vão entrar em recessão.

“O consumidor não vai ter tanta disposição para gastar como no fim do ano passado. Os níveis de disposição para consumo estão muito baixos, comparáveis somente aos de 1967”, afirma Alan Detmeister, economista sênior para Investment Banking do UBS BB.

Os níveis de crescimento de emprego estão abaixo dos níveis pré-pandemia corroboram a expectativa, diz o executivo. Soma-se a isso o fato de que consumidores têm arcado com juros mais altos para os empréstimos — que consumiram boa parte da poupança formada até aqui.

Detmeister afirma que não é possível determinar o timing de uma recessão. Mas enxerga pistas.

Sua previsão é de que o FED deve começar a cortar juros entre março e maio deste ano, no ritmo de 25 pontos base. Segundo o economista, uma análise dos dados atuais sugeriria um início de cortes já em março, mas, com a postura mais cautelosa do banco central americano em relação aos juros (na subida e, agora, na descida), esse prazo pode ser estendido por mais dois meses.

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Se até o meio do ano, a postura do FED deve ser mais cautelosa, no segundo semestre ele deve dar lugar à outra, mais agressiva, aposta o economista. “No verão, o FED deve ver que a economia está enfraquecendo e vai comecar a cortar juros em um ritmo mais acelerado”, diz.

Com isso, a expectativa é que o ciclo de cortes seja finalizado no primeiro trimestre de 2025, com um recuo total de 125 bps em relação ao patamar atual.

Em relação à inflação americanas, o banco estima 2,7% no fim de fevereiro e 2,4% no fim de março. O indicador fez o pico de 5,7% no pós-pandemia e hoje está em 2,9%.

A origem da inflação, na visão dele, tem a ver com a mudança abrupta do consumo de bens e de serviços. A demanda por bens veio muito acima do esperado, enquanto, para serviços, não atingiu seu potencial completo.

Em meio ao atual cenário, Detmeister aponta que são exatamente os setores ligados a servicos que estão mais vulneráveis.

“Algumas vezes, quando a recessão chega, as pessoas desistem de viagens longas, mas compram uma TV nova”, diz.

É um cenário diferente de outras regiões. Na Europa, por exemplo, o aumento da inflação veio principalmente por conta de energia e, na Ásia, do preço de alimentos.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.