V.tal fecha contrato com Axxel e já tem 30 operadoras regionais na carteira
Rede totalmente neutra muda modelo de negócios do setor, com nascimento de companhias de serviços digitais
Publicado em 1 de junho de 2022 às 11:44.
Última atualização em 1 de junho de 2022 às 11:46.
A V.tal, empresa de infraestrutura de rede de fibra que nasceu na Oi, já tem 30 contratos com operadoras regionais de serviços de banda larga. A informação é do diretor comercial da empresa, Pedro Arakawa, em entrevista exclusiva ao EXAME IN. O mais recente foi assinado com a Axxel, que inicia agora sua atividade com oferta para 12 cidades do Paraná.
A companhia de infraestrutura é a primeira de rede neutra do Brasil, ou seja, que vive exclusivamente de vender sua capacidade para operadoras do setor. "Estamos reforçando muito essa postura de neutralidade", enfatiza o executivo. O maior e principal contrato é com a própria Oi, que é minoritária da empresa com uma participação da ordem de 40%. O controle é detido por um fundo de investimento gerido pelo BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame).
Pelo plano de investimento em andamento, a V.tal vai dobrar a quantidade de domicílios com rede passada, dos atuais 16 milhões, para 32 milhões ao fim de 2025. Somente na região onde a Axxel vai prestar serviço, são 1,4 milhão de casas com acesso à fibra.
Arakawa estima que o Brasil tem perto de 90 milhões de domicílios, entre residências e pequenos negócios. De acordo com o site Teleco, o país conta com 24,5 milhões de acessos de banda larga por fibra. As companhias chamadas de "competitivas", que são os provedores regionais, já respondem por 61% desse total. Dos 5.500 municípios brasileiros, cerca de 4.600 possuem acesso a essa infraestrutura. O maior backhaul individual é da Oi, com ainda com a V.tal, com cerca de 2.400.
Christian Alberti, diretor de Operações da Axxel, conta que o plano da companhia é ampliar a oferta para 29 cidades até dezembro e, para 2023, alcançar um total de 80, incluindo então os estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. “O crescimento nesses mercados é muito semelhante. No Paraná, a adição ocorre em um ritmo de 45 mil conexões por mês. Em 12 meses, houve um crescimento de 30%”, destaca Alberti.
O modelo de rede neutra adotado pela Oi — a separação e venda da V.tal faz parte do plano de recuperação judicial da companhia — está fazendo com que o setor avance de uma forma nova. Diferentemente do passado, quando a oferta de banda larga era exclusividade de companhias de telecomunicações, nascem agora modelos de negócios bastante diversos.
No caso da Axxel, por exemplo, Alberti explica que o projeto é ser um hub de soluções, com atendimento personalizado e de alta qualidade. O plano é oferecer um pacote de serviços que inclua, por exemplo, monitoramento das residências por câmeras e alarmes de segurança — além, é claro, de produtos mais tradicionais desse segmento, como conteúdo de streaming e games.
O valor do investimento é estimado em R$ 50 milhões. O negócio é uma sociedade entre a RCI Telecomunicações, que atua no segmento de rádio e televisão, e a Interenge Engenharia, que presta serviços relacionados à instalação de redes. O objetivo é alcançar 100 mil clientes até o fim de 2023, de acordo com o executivo da Axxel. Pelo modelo de contrato com a V.tal, o pagamento pelo uso da rede ocorre conforme os clientes são conquistados e as residências conectadas.
O processo de venda da V.tal está em fase final, próximo da assinatura definitiva dos contratos. O negócio já recebeu aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Questionado sobre qual receita da V.tal virá dos contratos comerciais além da Oi, Arakawa explica que a companhia ainda não organizou os novos guidances, no aguardo do fechamento do contrato. O plano, para o futuro, é fazer a oferta pública inicial (IPO) dessa empresa. Na operação, a Oi terá a oportunidade de monetizar mais uma parcela do negócio, gerando capital para redução do endividamento.
Além do fortalecimento das operadoras regionais de banda larga, o modelo de rede neutra da V.tal vai transformar por completo a própria Oi, que passará a ser exclusivamente uma companhia de serviços digitais — para consumidor final e também clientes corporativos. Em 2021, o serviço de fibra trouxe uma receita de quase R$ 3 bilhões à Oi, comparado a R$ 1,3 bilhão em 2020 — 29% do faturamento de operações continuadas. A companhia tinha 3,4 milhões de conexões nessa modalidade ao fim de dezembro. A maior empresa do setor, em acessos, é a Telefônica Vivo, com quase 5 milhões de casas conectadas, e uma receita trimestral de R$1,4 bilhão, conforme dados do primeiro trimestre de 2022.
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