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Saldão: Na pandemia, valor das empresas brasileiras em dólar cai 50%

Alta da bolsa em abril não compensou queda do real, e capitalização da bolsa em dólar segue caindo

Pregão na B3: alta da bolsa em abril não compensou desvalorização do real (Germano Lüders/Exame)
Pregão na B3: alta da bolsa em abril não compensou desvalorização do real (Germano Lüders/Exame)
GV

Graziella Valenti

12 de maio de 2020 às 11:40

A valorização contínua e acentuada do dólar está deixando as companhias brasileiras cada vez mais baratas aos olhos do mundo. A soma do valor de mercado de todas as companhias listadas na B3 está hoje em 588 bilhões de dólares. O montante representa uma queda de quase 50% ante o nível pré-pandemia no Brasil, no fim de fevereiro — embora o coronavírus já estivesse se espalhando pela Europa e aterrissando silenciosamente por aqui também.

No pós-carnaval, a capitalização das empresas da B3 estava em 1,15 trilhão de dólares. Desde então, a queda não teve interrupções. O ganho que o mercado registrou em abril, em moeda local, não foi suficiente para compensar a desvalorização do real. Portanto, os descontos das empresas brasileiras continuaram aumentando em dólar.

Essa perda de valor deixa as empresas nacionais mais expostas ao ativismo de grandes fundos internacionais e aquisições por companhias estrangeiras. No ano, o Índice Bovespa acumula perda da ordem de 30% no ano, combinada a uma alta superior a 45% do dólar frente ao real.

Para efeito de comparação, a queda no valor das empresas em reais é de 23% desde fevereiro — metade do que é em dólar. Nessa mesma comparação, a capitalização bursátil brasileira saiu de 4,36 trilhões de reais para os atuais 3,39 trilhões de reais — após uma recuperação superior a 250 bilhões de reais em abril. Na prática, o tombo para o investidor estrangeiro foi muito maior e não para de aumentar.

Especialistas apontam que, neste momento, as economias estão focadas em resolver os problemas locais. São poucos os agentes que estão conseguindo tempo e condições para análise global dos movimentos. Contudo, quanto mais visibilidade de cenário houver, mais atrativas — ou vulneráveis —estarão as companhias brasileiras, considerando seus preços. Tanto fundos estrangeiros terão condições melhores para ter grandes participações e atuar mais ativamente nos negócios, quanto as empresas estarão mais baratas para serem alvos de compras por grandes competidores internacionais.

O Índice Bovespa, em dólares, está hoje em torno de 13 mil pontos, mesma marca de março de 2016, quando as companhias viviam um cenário de desequilíbrio na estrutura de capital. A fotografia combinava pesadas dívidas para carregar com a taxa Selic acima de 14% e forte desaceleração na atividade econômica.

No acumulado do ano, a saída de capital estrangeiro da B3, já descontadas as compras diretas em ofertas de ações, está em 61 bilhões de reais. Embora os investidores internacionais continuem sacando recursos, é cada vez menor o saldo que efetivamente levam para a casa, em função do dólar.

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