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O banco que você não vê: R$ 50 bi vão passar pela plataforma da Celcoin neste ano

Após aquisições, empresa se prepara para buscar licença de SCD no Banco Central

Marcelo França, fundador da Celcoin: receita de R$ 120 milhões projetada para este ano (Celcoin/Divulgação)
Marcelo França, fundador da Celcoin: receita de R$ 120 milhões projetada para este ano (Celcoin/Divulgação)
GV

Graziella Valenti

9 de setembro de 2022 às 10:34

Dois termos viraram moda para descrever o que está ocorrendo na economia: financeirização e fintechzação. O primeiro é o resgate de uma expressão que surgiu na década de 80 para explicar como serviços financeiros ganharam relevância na geração de riqueza, só que agora vem na versão renovada em que esses serviços extrapolam as instituições financeiras. O segundo é um neologismo que descreve a conquista de um espaço relevante pelas fintechs, as empresas que atuam como se fossem bancos digitais, mas sem serem bancos de fato. Por trás de ambos os movimentos, uma companhia cresce: a Celcoin, que vende a infraestrutura tecnológica para que essas modas se materializem.

Para explicar o abstrato: 250 fintechs estão ‘penduradas’ na companhia e 2.700 empresas não financeiras usam a tecnologia, para soluções de pagamento oferecidas aos clientes ou mesmo para gestão de fluxos financeiros e concessão de crédito a fornecedores, tirando dos bancos esse papel.

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Neste ano, um volume entre R$ 45 bilhões e R$ 50 bilhões deve passar pela plataforma da Celcoin, conta o fundador Marcelo França, em entrevista exclusiva ao EXAME IN — já são R$ 4 bilhões por mês. Em 2021, foram R$ 25 bilhões. O impulso de digitalização da economia, que ganhou enorme tração durante a pandemia, está entre os principais motivos dessa expansão. Quando a covid trancou as pessoas dentro de casa no Brasil, em março de 2020, a companhia tinha 50 funcionários e hoje já são 250. Quanto pode crescer? Difícil dizer, mas França recorrentemente fala que a ideia é sempre deixar a companhia pronta para “jogar o jogo do infinito”.

Com esse crescimento e as aquisições que realizou após duas rodadas de capitalização, num total de R$ 140 milhões, (uma em julho de 2021 e outra em abril deste ano), a companhia teve uma receita de R$ 27 milhões no segundo trimestre deste ano, uma expansão de 80% na comparação anual e de 17% em relação aos três primeiros meses de 2022. De acordo com França, a expectativa é que, no ano completo, a receita alcance entre R$ 120 milhões e R$ 125 milhões.

Com o dinheiro captado, a Celcoin fez dois movimentos estratégicos: a compra da Galaxy Pay, de serviços de cobrança, e da Flow Finance, de infraestrutura para crédito. O objetivo da empresa é seguir fazendo novas aquisições para ampliar o leque de serviços atrelados as suas APIs. “Olhamos para o Itaú e o Bradesco e queremos ter o que eles têm, mas em um formato completamente aberto”, enfatiza França.

Esse formato aberto significa vender a solução para fintechs colocarem suas marcas — “tem vários desses unicórnios [fintechs] que estão com a gente desde a primeira transação” — ou para as empresas não financeiras fazerem desde a gestão de caixa até a execução de pagamentos por clientes finais. O grande motor de crescimento da companhia é a desconcentração dos serviços bancários em todas as esferas que se possa imaginar. A receita da Celcoin aumenta não apenas pela conquista de novos clientes, como também pela expansão dos atuais.

Além das aquisições, a Celcoin vem conquistando novas licenças junto ao Banco Central (BC) para poder prover as soluções todas o máximo possível dentro de casa. No fim de 2021, veio a de instituição de pagamento e agora a empresa se prepara para buscar a de sociedade de crédito direto (SCD). Os planos não passam, explica França, por conceder crédito, mas a ideia é tornar ainda mais robusta a infraestrutura para quem quer oferecer. Com essa autorização, a Celcoin pode ser uma espécie de barriga para quem fornecer os recursos.

Quando o fundador da Celcoin fala do “jogo do infinito” não é falta de modéstia, ao contrário. É apenas a consciência de que muitas novas soluções vão surgir a partir da implementação prática do Open Banking (quando as pessoas aceitam compartilhar suas informações bancárias com todo o mercado).

“Muito em breve, as pessoas vão poder fazer seus pagamentos dentro de qualquer aplicativo sem precisar abrir o app do banco.” O caminho para muitas dessas facilidades já está montado, só não ganhou escala ainda. A própria Celcoin já tem essa facilidade na lista de soluções. Mas há um sem número de novidades que ainda sequer foram criadas. “O Open Banking aqui está apenas começando”, frisa.

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