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Nunca antes se viu tanta recompra – e, desta vez, sem blefe, aponta o BTG

Há mais de R$ 46 bi em programas abertos pelas companhias para adquirir suas próprias ações, diz banco; tamanho e percentual de execução também crescem

Ibovespa: para analista do BTG Pactual, programas de recompras de ações ajudaram a bolsa em 2024 (Germano Lüders/Exame)
Ibovespa: para analista do BTG Pactual, programas de recompras de ações ajudaram a bolsa em 2024 (Germano Lüders/Exame)
Rebecca Crepaldi

Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 16 de janeiro de 2025 às 15:19.

Última atualização em 16 de janeiro de 2025 às 15:22.

Em meio a fuga de capitais da bolsa brasileira, os programas de recompras de ações evitaram uma sangria ainda maior no mercado acionário em 2024.

Enquanto investidores estrangeiros e institucionais tiraram R$ 32 bilhões e R$ 39 bilhões, respectivamente, no ano passado, “investidores não financeiros” foram compradores líquidos em R$ 26 bilhões.

Por “investidores não financeiros” leiam-se as próprias empresas, que diante das cotações amassadas, decidiram que o melhor uso para seus recursos era via recompras.

“Vai faltar ação”: Número de empresas listadas – e investíveis – encolhe na B3

Considerando nesses dados também uma categoria chamada de “outros” apontada pela B3, que envolve recompras feitas por instituições financeiras listadas, o volume de recompras pode ter chegado R$ 30 bilhões, aponta o BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) em relatório.

O volume só não ficou acima das pessoas físicas, que, no líquido, colocaram R$ 31 bilhões na bolsa.

A tendência é que o movimento continue neste ano, aponta o analista Carlos Sequeira.

Hoje, 62 companhias estão com programas de recompra abertos, que se forem totalmente implementados, movimentarão R$ 64,5 bilhões. Desse valor, cerca de R$ 18 bilhões já foram executados. Ou seja, ainda há R$ 46,3 bilhões em aberto – o equivalente a 5,1 dias de negociação das empresas envolvidas.

Outro ponto de destaque nos programas de recompra recentes é o tamanho.

Há sete companhias que abriram programas para recomprar até 10% das suas ações em circulação. É o caso de Vulcabras, Yduqs, Eletrobras, JBS, Copel, Eletrobras e Prio. Outras 21 companhias que querem adquirir mais de 5% do free float.

Usando outra métrica que dá o tamanho do apetite das empresas: se totalmente executados, 20 programas são equivalentes a mais de 10 dias de negociação das empresas em questão. Esse é o caso de grandes companhias como Eletrobras (23 dias), Copel (22 dias), Vivo (18), Santander (15) e BB Seguridade (14).

Pra valer

No passado, era comum que as empresas anunciassem programas de recompra, passando um sinal de confiança no mercado, mas sem executá-los na prática – para a fúria dos investidores.

(Normalmente, as empresas anunciam programas de recompra para um período de 12 a 18 meses, durante os quais podem ir adquirindo as ações até um limite de free-float que foi anunciado. Não há obrigação de executá-lo.)

A diferença agora é que, diante dos valuations descontados, as empresas estão levando os planos a cabo.

Levantamento feito pelo banco mostra que dos 89 programas abertos no ano passado, 10 foram totalmente executados e outros seis já superam 90% de execução.

Praticamente metade das 73 empresas restantes já recompraram mais da metade do volume anunciado. Ao todo, 38% dos programas iniciados no ano passado já foram ao menos 50% executados.

Para se beneficiar de potenciais valorização pela força compradora da própria empresa, os investidores deveriam olhar para tamanho (como porcentagem do free-float), mas principalmente o histórico de execução.

“A Marfrig, por exemplo, começou dois programas de recompra em 2024, executando totalmente um deles e chegando a 63% de execução de outro. Combinados, esses programas são equivalentes a 14% de suas ações em circulação”, aponta Sequeira.

Em novembro, a companhia também lançou um novo programa de recompra para recomprar 9,7% do free-float. O analista pondera, contudo, que ele pode ou não ser executado dada a alavancagem relativamente alta, de 4,6 vezes dívida líquida/EBITDA.

A São Martinho também executou um programa de recompra de 10% no ano passado e lançou um novo, de até 8% do restante, em setembro, diz o banco.

A Log, de galpões logísticos, a Allos, de shoppings, e a Locaweb, de computação em nuvem, também estão entre as empresas que fizeram programas de recompra grandes – e entregaram mais de 80% deles.

Empresas que anunciaram recompra em 2024 e executaram mais de 80%

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Rebecca Crepaldi

Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Jornalista formada pela Unesp, mestranda em Jornalismo Científico na Unicamp e especializada em Jornalismo Econômico pela FGV. Tem mais de 5 anos de experiência em redação com passagens pelo G1 e Estadão.

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