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‘Nova BRF’: Balanço volta a bater consenso — e consolida tese de ponto de inflexão

Margem Ebitda chegou ao maior patamar histórico e motivou upgrade do BofA

BRF: empresa reportou lucro líquido de R$ 594 milhões e geração de caixa livre de R$ 844 milhões (Leandro Fonseca/Exame)
BRF: empresa reportou lucro líquido de R$ 594 milhões e geração de caixa livre de R$ 844 milhões (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de maio de 2024 às 12:52.

Última atualização em 8 de maio de 2024 às 17:24.

Dos números do primeiro trimestre da BRF, o que se esperava bom veio melhor. A companhia conseguiu superar as expectativas  já altas do mercado e reportou a melhor margem da sua história. Puxadas pelo resultado forte, as ações saltavam 13,3%, para R$ 18,85, às 12h desta quarta-feira, 08, levando consigo as ações da Marfrig, sua controladora, que subiam 10%.

No primeiro trimestre, a BRF reportou lucro líquido de R$ 594 milhões e geração de caixa livre de R$ 844 milhões. O consenso de mercado era de algo na casa de R$ 374 milhões na última linha do balanço. A empresa apresentou Ebitda de R$ 2,1 bilhões, quase quatro vezes superior ao valor apresentado no primeiro trimestre de 2023, e atingiu uma margem de 15,8%.

Investidores e analistas ainda se perguntavam se os ganhos reportados no último trimestre de 2023, quando voltou ao azul, refletiam apenas o efeito cíclico ou já refletiam os ganhos de eficiência do plano BRF+ criado a partir da entrada da Marfrig como controladora. O resultado dos primeiros meses do ano deu, agora, uma sinalização mais clara: as melhorias vêm dos dois pontos.

Depois de upgrades do Goldman e do JP Morgan em abril (o Goldman elevou de venda para neutro, enquanto o JP passou a recomendar compra), o resultado motivou a equipe do Bank of America a revisar sua tese de investimentos.

O banco elevou a recomendação de venda para neutro, “considerando um ímpeto de lucros mais construtivo, principalmente impulsionado pelos preços mais altos do frango internacional e pelos contínuos custos mais baixos de ração”, escreveu a equipe.

No período, a empresa conseguiu economias de R$ 438 milhões, o que ajudou em 3,7 pontos percentuais a margem, com melhorias no índice de mortalidade, conversão alimentar de frangos e em suínos. Os níveis de serviço logístico também evoluíram de forma expressiva com crescimento no atendimento às grandes redes varejistas e no pequeno varejo, chegando a 292 mil pontos de venda.

Os custos de grãos mais baixos e o programa ajudaram a impulsionar as margens, destaca a equipe do Safra, que mantém recomendação neutra para o papel, mas já vê espaço para revisão das projeções de desempenho da companhia neste ano.

“Este trimestre foi marcado positivamente por ventos favoráveis relacionados a preços mais baixos de grãos, bem como o programa BRF+, que continuou a contribuir para os resultados gerais e ganhos de participação de mercado Internacional”, escreveram os analistas do banco.

Em entrevista a jornalistas na terça-feira, a direção da companhia reforçou que a maior parte da safra de grãos já havia sido colhida no Rio Grande do Sul, mitigando o impacto negativo pela catástrofe climática no Estado. Por lá, 90% da safra de soja já tinha sido colhida, o que restava estava mais no sul do Estado, ainda menos afetado pelas chuvas.

Das cinco unidades de proteína no Estado, todas estavam em operação e três das quatro unidades de ração também operavam, todas com absenteísmo baixo. “A diversidade geográfica da BRF diminui o risco, com a produção vindo de outras unidades”, explicou o CEO, Miguel Gularte.

E embora os custos de grãos possam sofrer alguma alteração de rota, os analistas de investimento já dizem se tratar de uma “nova BRF”.

“Números tão fortes em um trimestre historicamente fraco sugerem que a empresa é menos cíclica do que se esperava anteriormente, especialmente conforme as vendas do segundo trimestre seguem sustentando boas margens”, escreve a equipe da XP Investimentos, que reiterou recomendação de compra.

Com recomendação neutra, a equipe do Citi pondera que a BRF pode liderar os ganhos no setor de proteínas, mas esse avanço já estaria precificado.

“Gostaríamos de ter uma melhor visibilidade do nível de margens sustentáveis e da geração de FCF (Fluxo de Caixa Livre) numa perspectiva de mais longo prazo, incluindo o nível esperado de investimentos, após um longo período de queima de caixa”, acrescentam os analistas do banco americano.

A desalavancagem veio na esteira da capitalização, mas reflete o esforço das melhoras operacionais. A relação de dívida líquida sobre Ebitda da companhia chegou ao menor patamar em oito anos, a 1,45x. Mas para o CFO, Fabio Mariano, ainda há espaço “evoluir em ganhos de eficiência e aumento de portfólio.”

No ano, a valorização da ação da BRF é de 42%.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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