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Natura&Co: repasse de preços e integração devem ganhar mais força ao longo do ano

Holding deve ser cada vez mais enxuta e empresas devem tomar cada vez mais decisões por conta própria; possibilidade de IPOs de marcas, por enquanto, está descartada

Natura&Co: desburocratizar e repassar preços são estratégias para companhia avançar no futuro (Avon/Divulgação)
Natura&Co: desburocratizar e repassar preços são estratégias para companhia avançar no futuro (Avon/Divulgação)

Publicado em 12 de agosto de 2022 às 16:30.

Última atualização em 12 de agosto de 2022 às 18:54.

A Natura&Co manteve, em conversa com jornalistas realizada nesta manhã, o tom do discurso de Fábio Barbosa, CEO da holding, aos investidores no release de resultados: a firma deve ter uma atuação ‘mais leve’ no dia a dia, com mais autonomia às unidades de negócio. O executivo voltou a mencionar que as mudanças teriam um impacto anualizado de 40% nas despesas corporativas recorrentes, caso a empresa as tivesse realizado mais cedo. Em relação ao futuro, Barbosa mencionou que o terceiro trimestre não deve trazer o resultado da redução de custos de forma significativa, mas a diferença poderá ser percebida com maior intensidade no balanço a partir dos últimos três meses do ano. 

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A mensagem que os executivos querem passar, de um modo geral, é: foco em geração de caixa e em preservar margens no restante do ano. A holding terá seu papel ao ficar mais enxuta, mas estratégias individuais de cada marca devem contribuir para resultados melhores daqui para frente.

Olhando para todas as marcas, isso significa foco total na busca por geração de caixa e reavaliação de mercados em que a companhia está presente de forma deficitária com relação à continuidade desses negócios ao longo do tempo. Decisões estratégicas serão comunicadas ao mercado oportunamente, afirmaram os executivos.

Em um olhar individual, a receita da holding como um todo na América Latina  foi 0,4% maior ante o segundo semestre do ano passado (aumento de 5,6% em moeda constante), principalmente por causa do desempenho de Natura, que cresceu dois dígitos na região, compensando a queda de Avon (Latam e Internacional) e The Body Shop. 

Para aumentar a receita de The Body Shop ao longo do próximo trimestre, Guilherme Castellan, CFO da Natura&Co, afirmou durante a conversa que um repasse “mais agressivo” de repasse de preços deve acontecer a partir de agora, uma vez que a companhia focou em promoções neste trimestre principalmente pelo elevado nível de estoque”, disse. O repasse na categoria de Casa e Estilo deve ser o destaque dessa estratégia, de olho em maximizar rentabilidade (o segmento foi um dos que mais prejudicou o resultado da TBS no período).

A estratégia foi adotada, ao longo do segundo trimestre, principalmente em Avon Internacional e em Aesop. Em relação à primeira, prejudicada principalmente pelos conflitos entre Rússia e Ucrânia (responsáveis por metade das perdas em vendas da companhia na comparação anual), Castellan afirmou que a empresa deve manter a operação na Ucrânia e que não há planos para sair da região. "O impairment reconhecido até aqui é mais de estoque e de operações impactadas pelo conflito", disse. 

Com relação à operação de Natura e Avon no Brasil e América Latina, é possível perceber que, enquanto a primeira teve um resultado forte de vendas por causa do aumento da produtividade das consultoras, a segunda ainda não chegou a esse ponto. Há a influência da mudança na metodologia de remuneração desses profissionais nesse contexto, uma vez que passou a seguir o padrão da Natura a partir do ano passado – e ainda não chegou ao potencial máximo de ganhos que pode trazer. Quando a mudança foi implementada na Natura, levou cerca de um ano para que se estabilizasse e crescesse de forma contínua. Agora, a expectativa é que o mesmo aconteça na Avon. 

“Esperamos que no segundo semestre a gente estabilize essa curva. Essa  mudança também foi feita em outros países Latam mas de forma mais ajustada, porque aprendemos com o Brasil como calibrar isso melhor. Equador e Colômbia mostraram estabilidade nos resultados, o que reforça o ajuste desse modelo”, afirmou João Paulo Ferreira, CEO da Natura&Co América Latina.

O executivo também ressaltou a integração das marcas Avon e Natura daqui para frente, como parte desse esforço de melhora de margens e de busca por caixa, uma vez que dois terços do plano de incorporação da companhia já foram cumpridos. Não há, entretanto, detalhes em números de como isso será feito e de que forma.

Há uma reação mista do mercado, ao menos por enquanto, em relação ao futuro da companhia. No relatório do BTG Pactual divulgado nesta manhã, os analistas Luiz Guanais, Gabriel Disselli e Victor Rogatis destacaram justamente esse ponto – em adição à digitalização contínua de revendedores – como pontos positivos para a recomendação de compra do papel, mesmo em um ambiente de inflação mais desafiadora. Para o Goldman Sachs, entretanto, a incerteza da demanda e do efeito do aumento de preços em ganho de margens somado a um ambiente macroeconômico desafiador fizeram o banco ter uma recomendação “neutra” para os papéis.

 

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