Vamos faz a 6ª aquisição desde o IPO e já representa 25% da oferta de caminhões VW
Divisão de concessionárias deve chegar a 70 lojas até o fim do ano ⏤ em 2019, eram 24
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Vamos: empresa é caso raro de crescimento em meio à desaceleração da economia (Grupo Vamos/Divulgação)

Publicado em 6 de abril de 2023, 18h52.
Última atualização em 6 de abril de 2023, 19h09.
O Grupo Vamos (VAMO3) deu mais um passo em sua estratégia de crescimento inorgânico pós-IPO. A compra da Tietê Veículos, rede de concessionárias Volkswagen/MAN, por R$ 331 milhões, é a sexta aquisição desde a estreia na B3, e tem como objetivo reforçar a atuação da Transrio — maior grupo de concessionárias da montadora de caminhões no Brasil. “Somando Tietê e Transrio, algo com 25% da produção brasileira da Volkswagen [caminhões] passa a estar nas nossas mãos”, diz Gustavo Couto, CEO do Grupo Vamos, ao EXAME In.
Com a nova empresa, a companhia ganha presença em praças importantes em fluxo, como São Paulo e Campinas, onde ainda não estava presente, bem como adiciona um faturamento (ainda não auditado) de R$ 542 milhões à divisão, bem como Ebitda de R$ 64 milhões. No último ano, para referência, a receita bruta total do grupo foi de R$ 5,5 bilhões.
A transação será paga em três partes. A primeira, à vista, de R$ 174,7 milhões, seguida por uma parcela no primeiro aniversário da transação, corrigida por 100% do CDI, de R$ 87,4 milhões, e por uma última parcela no segundo aniversário da transação, também corrigida por 100% do CDI, de R$ 69,4 milhões.
Hoje, a companhia tem caixa e aplicações financeiras de R$ 1,7 bilhão, suficiente para cobrir a dívida (de R$ 5,9 bilhões) até 2025. O custo médio da dívida da companhia, pós-impostos, é de 11,8% ao ano.
Assim como boa parte das empresas do Ibovespa, o Grupo Vamos também foi afetado pelo aumento dos juros. O resultado financeiro totalizou uma despesa de R$ 830,2 milhões, aumento de quase 400% em relação ao ano anterior. Não é só reflexo dos juros, é verdade. A empresa realizou, no início do ano, uma captação de R$ 650 milhões por meio de um CRA, entre outros investimentos.
Mas, ao contrário de boa parte do Ibovespa (ou do que as notícias mais recentes têm mostrado), o Grupo Vamos é uma das empresas que está investindo em expansão ao longo deste ano. Hoje, a divisão de concessionárias tem 63 lojas — eram 24 em 2019 — e a companhia pretende chegar a 70 até o fim do ano, considerando só a expansão orgânica.
Ainda nesse efeito de exceção, a companhia tem crescido e preservado rentabilidade ao longo do tempo. A receita líquida aumentou 74% em 2022 e o Ebitda foi de R$ 1,9 bilhão, aumento de 84% em relação a 2021. Mesmo com o crescimento da dívida citado há pouco, os ganhos operacionais chegaram à última linha do balanço: o lucro líquido subiu 66,2%, totalizando R$ 668,6 milhões.
Voltando ainda mais no tempo, é possível ter uma ideia ainda mais completa do crescimento da companhia. Em 2016 (último registro disponível) o lucro líquido foi cerca de oito vezes menor, de R$ 78 milhões. Há sete anos, a receita líquida foi de R$ 628 milhões e, o Ebitda, de R$ 156 milhões.
A trajetória de expansão tem agradado os investidores. Do IPO, realizado em 2021, para cá, as ações do Grupo Vamos subiram 58,45% e, hoje, 6, a empresa vale R$ 12,6 bilhões na bolsa.
Como todo CEO antenado, Couto reforça que o diferencial da companhia, que se transformou em resultado e valorização na bolsa, é ter o cliente no centro de tudo. Esse é o motivo da estratégia de uma oferta completa, com compra, venda, troca e aluguel no mesmo negócio. “Concessionárias são um pilar fundamental para fazer isso, não só pela oportunidade de vender e de fazer manutenção, mas porque também têm um retorno muito interessante. Tem pouco capital empregado nelas e conseguimos operar com bastante eficiência e com giro de estoque bom. Além disso, não somos concessionária só de caminhões, mas também de empilhadeiras e máquinas de construção. Nosso ecossistema envolve toda a linha de pesados”, diz o CEO.
Aquisições nessas outras frentes de pesados estão entre as sete realizadas do IPO para cá. Mas, olhando para a compra anunciada nesta semana — e para o nicho dentro da companhia — a mensagem é de que há muito espaço a ser explorado. Hoje, a Vamos está presente em apenas cinco estados com suas concessionárias de caminhões, já contando com essa aquisição.
Um dos ‘trunfos’ para avançar nesse cenário diante da concorrência, e explicitado pelo CEO, tem a ver com a experiência adquirida pela companhia. O Grupo Vamos pode ser jovem na bolsa, mas é ‘um senhor de meia idade’ em experiência, com mais de 60 anos de trabalho dentro da Simpar.
“A gente preparou a companhia para ser muito maior do que a que encontrei em fevereiro de 2019. A gente faturava menos de R$ 1 bilhão e fechamos o ano passado com R$ 6 bilhões. E ainda vamos crescer mais um tanto. Não tenho dúvida nenhuma que a combinação das pessoas, conhecimento que vem no DNA da companhia nos últimos 67 anos, associado a processos e tecnologia nos trouxeram essa capacidade de escalar”, diz o CEO.
Créditos

Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.Mais lidas em Exame IN
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