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Ânima cresce no 1º trimestre, mas lucro cai com despesa financeira

Companhia antecipou dívidas mais caras no trimestre e reorganizou passivo

Ânima: companhia teve crescimento de receita e de margens (Banco de imagens/Getty Images)
Ânima: companhia teve crescimento de receita e de margens (Banco de imagens/Getty Images)
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Karina Souza

16 de maio de 2022 às 07:42

A Ânima Educação seguiu a toada dos últimos balanços desde a aquisição da Laureate, do ponto de vista operacional. Receita, lucro bruto, Ebitda e margem cresceram na comparação anual, mas, ao contrário dos últimos trimestres, neste, a última linha do balanço ficou menor do que há um ano. O lucro líquido ajustado foi de R$ 51 milhões, 16,4% menor do que o registrado no primeiro trimestre de 2021. O principal vilão é o serviço da dívida, que, com o aumento da Selic, fechou os três primeiros meses em R$ 275 milhões, alta de mais de 700% sobre o ano anterior.

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Vamos aos detalhes, linha por linha do resultado financeiro. A receita financeira da companhia está, no balanço, em R$ 23,5 milhões, aumento de 79% em relação ao ano anterior. O indicador vai ficar maior no segundo trimestre, quando a injeção de R$ 1 bilhão da DNA Capital passará a ser consolidada dentro desse indicador. E por que isso importa? Porque além do dinheiro que vem para dentro de casa, a Ânima conseguiu renegociar parte importante da própria dívida graças ao acordo. 

Para entender esse cenário é necessário lembrar que, no ano passado, a companhia captou R$ 2,5 bilhões para financiar a aquisição da Laureate. Desse total, R$ 2 bilhões, referentes à 2ª e 3ª rodadas de captação, entraram no caixa a um custo de CDI+4,75% – e, quando a Selic passa de 2% para 12%, o comportamento dessa dívida muda completamente. A partir do acordo estabelecido com a DNA, a companhia pôde, neste trimestre, “quitar” os pagamentos dessas debêntures, previstos para os próximos seis anos, de uma vez só. O dinheiro veio da emissão de novas debêntures por meio de uma subsidiária da DNA Capital, cuja taxa será de CDI+2,60%. 

Ao quitar as debêntures mais caras, a companhia foi penalizada em R$ 12,4 milhões (o chamado penalty fee, no balanço, que corresponde a 10,6% da dívida para pré-liquidar) e teve, também, de registrar a baixa no custo de captação da debênture pré-paga, no valor de R$ 84,4 milhões. Neste último ponto, novamente, trata-se de ajuste apenas contábil, já que o dinheiro saiu do caixa no ato da captação – mas que traz impacto maior do que o recorrente dentro do resultado financeiro. 

De todo modo, a companhia conseguiu reduzir sua alavancagem ao longo do tempo. O indicador, que estava em 4,5x no último trimestre, fechou o primeiro deste ano em 3,4x. “A gente avalia uma série de opções para reduzi-la ainda mais. Em primeiro lugar, temos uma geração de caixa operacional que vem acontecendo de forma muito forte na companhia e ajuda a abater a dívida. Outro ponto que avaliamos são oportunidades de desinvestimento e de sale leaseback, como fizemos em unidades do sul do país no ano passado”, diz Eduardo Garcia, gerente de relações com investidores na Ânima Educação, ao EXAME IN. Não há, ainda, segundo o executivo, nenhum movimento concreto a ser anunciado por enquanto.

A operação da Ânima no 1º trimestre

Os indicadores operacionais de receita líquida, lucro bruto, margem e Ebitda tiveram avanço tanto na comparação com o primeiro trimestre do ano passado quanto ante o último trimestre de 2021 – o que reforça a tese de crescimento contínuo da companhia com ganho de eficiência ao incorporar as unidades da Laureate.

O faturamento do grupo cresceu 120,8% ano a ano, para R$ 902,4 milhões. Em relação ao quarto trimestre, o crescimento foi de cerca de 6%. A companhia fechou o trimestre com 332,8 mil alunos no Ensino Acadêmico (graduação, mestrado e doutorado mais EAD), mais do que dobrando a quantidade do ano anterior. O resultado é influenciado principalmente pelas aquisições realizadas em 2021, já que, considerando a base orgânica na comparação, houve redução do volume de alunos. Coincidência ou não, o reajuste aplicado na base orgânica foi maior do que o nas unidades que vieram da Laureate.

O tíquete médio desse grupo, sem considerar o EAD, teve evolução positiva de 12% – acima da inflação para o período. Olhando somente para as unidades orgânicas (sem Laureate), o reajuste foi de 17,3%. Considerando o ensino à distância na conta toda do Ensino Acadêmico, houve redução de 9,9% no tíquete médio. Para o futuro, a companhia afirma no documento que está integrando sistemas e ferramentas para levar a todas as unidades patamares similares de reajuste aos praticados nas unidades que já eram da Ânima. 

“A estratégia é sustentada por um tripé que envolve uma forte governança no acompanhamento do tíquete, a utilização de tecnologia para realizar a gestão de mensalidades e bolsas e a evolução do nosso portfólio de olho em tíquetes mais saudáveis”, afirma o documento. No caminho para mostrar os resultados dessa estratégia, a companhia mostra que, apesar de uma captação menor nas unidades orgânicas, o aumento de preços mais do que compensou, financeiramente, a ausência destes novos alunos. 

Mais do que crescer, a companhia conseguiu aumentar a rentabilidade no período. O Ebitda ajustado cresceu 143,6% na comparação anual e mais do que dobrou também na comparação com o quarto trimestre. A principal causa para o resultado está na estratégia de aquisições dos últimos anos: aquisição de ativos de margem bruta alta dentro de Medicina e o EAD, que ainda está amadurecendo dentro da companhia combinada. 

Nos últimos dez meses de integração, a companhia conseguiu capturar R$ 125,3 milhões em Ebitda com as sinergias, valor que deve subir para R$ 350 milhões (deflacionado) cinco anos após a aquisição. Para chegar até o guidance futuro, a companhia ressalta os ganhos de escala e redução de despesas gerais e administrativas.

A margem bruta teve avanço de 8,2 pontos percentuais na comparação com o primeiro trimestre do ano passado e de 6 p.p. na comparação com o último, fechando os primeiros três meses do ano em 63,9%. Além dos efeitos sazonais de férias e sem contar os reajustes na folha de pagamento, a companhia também se beneficiou e sinergias pelo ganho de escala com a aquisição e do novo modelo de ensino E2A, que prioriza competências em vez de matérias e garante maior aproveitamento de professores.

“Continuaremos investindo em Capex para reforçar nosso crescimento futuro. E continuamos avaliando oportunidades de M&A. Não há nada em vias de fechar, mas continuamos atentos a isso. Especialmente com a injeção de R$ 1 bilhão da DNA Capital, vamos fortalecer principalmente ativos de medicina”, diz Garcia. 

 

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